
A CAÇADA de Richard Shepard
Este interessante filme de aventura, baseado em um artigo da revista americana Esquire, nos faz percorrer os países Bálcãs, no tempo de Radovan Karadzic, conhecido como o Carniceiro da Bósnia. De 1992 a 1995, era o chefe e mentor da guerra sérvia contra a independência da Bósnia mulçumana. Obcecado em criar a Grande Sérvia, foi responsável pela pior limpeza étnica desde Hitler. Executou mais de 8000 homens e meninos muçulmanos em 1995 e teve seus tempos de prestígio juntamente com Slobodan Milosevic, presidente da Iugoslávia. Durante a apresentação dos créditos, no início do filme, podemos ler “APENAS AS COISAS MAIS RIDÍCULAS SÃO REAIS”. O filme, narrado por Duck, mostra dois repórteres de guerra correndo pelas ruínas da Bósnia-Herzegovina. A visão é assustadora e o jornalista Simon Hunt (Richard Gere) e o cameraman afro-americano Duck (Terrence Howard) estão à beira de um colapso nervoso nesse clima de violência e morte, pois já faz muito tempo que cobrem a guerra juntos. Nova cena, e vemos o muro branco de um edifício baixo, com diversas mulheres mulçumanas, com seus cabelos cobertos com lenço, na posição de oração. No campo de batalha, Hunt, posicionando-se em frente à câmera para uma reportagem, surta e passa a contar todos os horrores que está vivenciando de um modo humano e descontrolado, não como um correspondente de guerra. Seu chefe, no canal aberto de televisão americana, despede-o na hora e, por incrível que possa parecer, como diz o narrador, Duck é promovido chefe dos cameraman da emissora, com um salário altíssimo. Enquanto isso, Hunt passa a trabalhar em canais fechados e, finalmente, só faz matérias como free-lance, custeado com o próprio dinheiro e acaba desaparecendo. Cinco anos depois, quando a guerra étnica já terminara, os dois homens encontram-se em Sarajevo, ocasionalmente. Duck acha-se no local com um jovem foca, Benjamim, filho do vice-presidente da emissora, para fazer uma breve matéria e sair de férias para a Grécia, onde está sua lindíssima namorada. Os velhos amigos abraçam-se e Hunt, informando ter uma fonte segura, quer entrevistar o ex-líder sérvio Boghdanovic (uma alusão a Karadzic), convencendo-os a seguir com ele às fronteiras montanhosas da Sérvia com Montenegro, onde ele estaria escondido todos esses anos. A missão envolve muita perspicácia, coragem e perigo, pois o homem procurado tem inúmeros simpatizantes, além do que a França, Inglaterra e Estados Unidos firmaram um pacto, para que ele não seja preso como criminoso de guerra. Durante as cenas mais tensas aparecem flashbacks relativos a certas decisões tomadas. Saindo a poucos quilômetros de Sarajevo nosso grupo ruma para pequenas cidades, e um Mercedes antigo amartelo, tentando entrevistar homens do povo, em bares caindo aos pedaços e delegacias de polícia suspeitíssimas, a fim de saber alguma coisa que os leve ao seu destino. As placas, nas estradas e nas ruas, são uma surpresa para o jovem foca, pois já são escritas em cirílico! Contudo essas pessoas rudes não querem informar nada, apesar de Hunt falar o idioma deles fluentemente. Sem dinheiro, Hunt passa a pedi-lo emprestado aos dois amigos, prometendo devolver, após o trabalho concluído. Boghdanovich e seu pequeno exército ficam sabendo das buscas feitas pelo grupo, através dos habitantes desses longínquos povoados. Quando tentam subir as belas e verdes montanhas que conduzem à fronteira com Montenegro, são implacavelmente perseguidos por homens e carros, que acreditam que eles façam parte da CIA. Durante uma dessas caçadas são barrados, numa estrada secundária, por homens que seriam os guarda-costas de Boghdanovic. Entretanto, quando os três estão abaixados no chão com as mãos na cabeça e armas apontadas contra elas, Hunt é reconhecido por um velho amigo dos tempos de cobertura jornalística e são, assim, poupados da morte. Na mesma cena, um personagem para lá de insólito, o ANÃO, ao descer do carro segue em direção a Hunt, para cumprimentá-lo, mas dá-lhe uma forte pecada de mão em seus testículos, deixando-o sem ar. O gesto fora feito porque Hunt devia-lhe uma grana, que foi paga imediatamente, dando o violão de Duck, que ele tanto gostava de tocar. O cinegrafista diz que “adora” o método que ele tem de saldar suas dívidas, tirando de outras pessoas! O grupo sabia desde o início da aventura que cinco milhões de dólares seriam pagos, para quem achasse o carniceiro, mas essa não é a meta deles. Porém Hunt, em um flashback, lembrando-se de como sua amada havia sido tratada há tempos atrás pela milícia sérvia, resolve contar a verdade: não quer entrevistá-lo, mas caçá-lo, pois Marda havia fugido da cidade onde os dois viviam, para refugiar-se numa vila com sua mãe. O vilarejo, porém, é atacado pelos revolucionários e ela é seis vezes baleada no ventre, sendo barbaramente assassinada. Boghdanovic encontra-se no local e ao ver Hunt e a jovem morta, dá-lhe um cínico sorriso. Isso faz com que ele queira matá-lo, mas é impedido por Duck. Voltando às cenas presentes, Hunt é informado por Boris que em um túnel abandonado havia uma moça sérvia, a qual poderia dar-lhes informações sobre o criminoso. Dirigem-se para lá, todavia ela quer dinheiro e o jovem foca consegue convencê-la que não podem pagar nada, pois pertencem a CIA e isso é contra as regras da firma. Abismados com o poder de persuasão de Benjamim (ótimo Jesse Eisenberg), tornam-se mais unidos. Certos de que acharão o assassino, resolvem vigiá-lo enquanto caçava raposas na floresta (seu apelido é FOX), pois não poderia ter seguranças, na opinião de Benjamim. Haveria barulho e isso inviabilizaria sua meta. FOX, ao ter uma pequena raposa sob a mira de sua espingarda, escuta um ruído ao longe, como bom caçador. Esse ruído se transforma em estrondos, tiros e fumaça abundante. Frente a frente com Boghdanovich, este lhes oferece os cinco mil dólares da recompensa, caso o deixem ir embora. Sem possibilidade de acordo, por fim é acuado por nossos heróis e seu rosto, num enorme close-up, congela-se na tela. Eles são enviados de volta a Sarajevo, pela CIA, pois é crime passar-se por policiais daquela agência. Em um hangar, à espera do vôo e sem dinheiro, os três amigos resolvem fugir para não serem detidos na América. Correm como loucos, conseguindo se livrar dos agentes que os esperam dentro de um enorme avião de guerra. Livres, Hunt promete acabar a matéria e enviá-la ao pai de Benjamim que, sem dúvida, pagará uma pequena fortuna por ela. Benjamim voltará à Nova York, enriquecido com a experiência, e acompanhado de Duck, que talvez tenha perdido a namorada que se encontrava em um maravilhoso iate na Grécia, muito bem acompanhada!
Realmente, quando o filme termina, vemos as imagens das coisas mais ridículas, dentre elas o anão. Os repórteres eram cinco e não três. Todo o resto é uma mistura de realidade com ficção e o tom do filme, apesar do tema tão dramático, vira uma comédia.
Sarajevo é a capital da Bósnia, onde o maior grupo étnico é bósnio, sendo o segundo sérvio e o terceiro, croata. O que nos “anima” a ver o filme é que o verdadeiro Carniceiro da Bósnia, segundo a revista Veja, “O ASSASSINO QUE VIROU GURU’, foi preso pela polícia sérvia em um ponto de ônibus, na última semana de julho de 2008, em Belgrado. Disfarçava-se com um longo cabelo branco, preso em um coque no alto da cabeça, e uma enorme barba branca. Era um bom vizinho, morando em um bairro popular e, como ex-médico psiquiatra, tinha um consultório alternativo, oferecendo homeopatia, acupuntura e meditação. O cerco a Sarajevo durou 43 meses e matou 12000 pessoas da etnia muçulmana. Ele será julgado por um tribunal em Haia, onde deverá pegar prisão perpétua. Quando o filme foi feito esse fato ainda não havia ocorrido, o que o torna ainda mais instigante.
Este interessante filme de aventura, baseado em um artigo da revista americana Esquire, nos faz percorrer os países Bálcãs, no tempo de Radovan Karadzic, conhecido como o Carniceiro da Bósnia. De 1992 a 1995, era o chefe e mentor da guerra sérvia contra a independência da Bósnia mulçumana. Obcecado em criar a Grande Sérvia, foi responsável pela pior limpeza étnica desde Hitler. Executou mais de 8000 homens e meninos muçulmanos em 1995 e teve seus tempos de prestígio juntamente com Slobodan Milosevic, presidente da Iugoslávia. Durante a apresentação dos créditos, no início do filme, podemos ler “APENAS AS COISAS MAIS RIDÍCULAS SÃO REAIS”. O filme, narrado por Duck, mostra dois repórteres de guerra correndo pelas ruínas da Bósnia-Herzegovina. A visão é assustadora e o jornalista Simon Hunt (Richard Gere) e o cameraman afro-americano Duck (Terrence Howard) estão à beira de um colapso nervoso nesse clima de violência e morte, pois já faz muito tempo que cobrem a guerra juntos. Nova cena, e vemos o muro branco de um edifício baixo, com diversas mulheres mulçumanas, com seus cabelos cobertos com lenço, na posição de oração. No campo de batalha, Hunt, posicionando-se em frente à câmera para uma reportagem, surta e passa a contar todos os horrores que está vivenciando de um modo humano e descontrolado, não como um correspondente de guerra. Seu chefe, no canal aberto de televisão americana, despede-o na hora e, por incrível que possa parecer, como diz o narrador, Duck é promovido chefe dos cameraman da emissora, com um salário altíssimo. Enquanto isso, Hunt passa a trabalhar em canais fechados e, finalmente, só faz matérias como free-lance, custeado com o próprio dinheiro e acaba desaparecendo. Cinco anos depois, quando a guerra étnica já terminara, os dois homens encontram-se em Sarajevo, ocasionalmente. Duck acha-se no local com um jovem foca, Benjamim, filho do vice-presidente da emissora, para fazer uma breve matéria e sair de férias para a Grécia, onde está sua lindíssima namorada. Os velhos amigos abraçam-se e Hunt, informando ter uma fonte segura, quer entrevistar o ex-líder sérvio Boghdanovic (uma alusão a Karadzic), convencendo-os a seguir com ele às fronteiras montanhosas da Sérvia com Montenegro, onde ele estaria escondido todos esses anos. A missão envolve muita perspicácia, coragem e perigo, pois o homem procurado tem inúmeros simpatizantes, além do que a França, Inglaterra e Estados Unidos firmaram um pacto, para que ele não seja preso como criminoso de guerra. Durante as cenas mais tensas aparecem flashbacks relativos a certas decisões tomadas. Saindo a poucos quilômetros de Sarajevo nosso grupo ruma para pequenas cidades, e um Mercedes antigo amartelo, tentando entrevistar homens do povo, em bares caindo aos pedaços e delegacias de polícia suspeitíssimas, a fim de saber alguma coisa que os leve ao seu destino. As placas, nas estradas e nas ruas, são uma surpresa para o jovem foca, pois já são escritas em cirílico! Contudo essas pessoas rudes não querem informar nada, apesar de Hunt falar o idioma deles fluentemente. Sem dinheiro, Hunt passa a pedi-lo emprestado aos dois amigos, prometendo devolver, após o trabalho concluído. Boghdanovich e seu pequeno exército ficam sabendo das buscas feitas pelo grupo, através dos habitantes desses longínquos povoados. Quando tentam subir as belas e verdes montanhas que conduzem à fronteira com Montenegro, são implacavelmente perseguidos por homens e carros, que acreditam que eles façam parte da CIA. Durante uma dessas caçadas são barrados, numa estrada secundária, por homens que seriam os guarda-costas de Boghdanovic. Entretanto, quando os três estão abaixados no chão com as mãos na cabeça e armas apontadas contra elas, Hunt é reconhecido por um velho amigo dos tempos de cobertura jornalística e são, assim, poupados da morte. Na mesma cena, um personagem para lá de insólito, o ANÃO, ao descer do carro segue em direção a Hunt, para cumprimentá-lo, mas dá-lhe uma forte pecada de mão em seus testículos, deixando-o sem ar. O gesto fora feito porque Hunt devia-lhe uma grana, que foi paga imediatamente, dando o violão de Duck, que ele tanto gostava de tocar. O cinegrafista diz que “adora” o método que ele tem de saldar suas dívidas, tirando de outras pessoas! O grupo sabia desde o início da aventura que cinco milhões de dólares seriam pagos, para quem achasse o carniceiro, mas essa não é a meta deles. Porém Hunt, em um flashback, lembrando-se de como sua amada havia sido tratada há tempos atrás pela milícia sérvia, resolve contar a verdade: não quer entrevistá-lo, mas caçá-lo, pois Marda havia fugido da cidade onde os dois viviam, para refugiar-se numa vila com sua mãe. O vilarejo, porém, é atacado pelos revolucionários e ela é seis vezes baleada no ventre, sendo barbaramente assassinada. Boghdanovic encontra-se no local e ao ver Hunt e a jovem morta, dá-lhe um cínico sorriso. Isso faz com que ele queira matá-lo, mas é impedido por Duck. Voltando às cenas presentes, Hunt é informado por Boris que em um túnel abandonado havia uma moça sérvia, a qual poderia dar-lhes informações sobre o criminoso. Dirigem-se para lá, todavia ela quer dinheiro e o jovem foca consegue convencê-la que não podem pagar nada, pois pertencem a CIA e isso é contra as regras da firma. Abismados com o poder de persuasão de Benjamim (ótimo Jesse Eisenberg), tornam-se mais unidos. Certos de que acharão o assassino, resolvem vigiá-lo enquanto caçava raposas na floresta (seu apelido é FOX), pois não poderia ter seguranças, na opinião de Benjamim. Haveria barulho e isso inviabilizaria sua meta. FOX, ao ter uma pequena raposa sob a mira de sua espingarda, escuta um ruído ao longe, como bom caçador. Esse ruído se transforma em estrondos, tiros e fumaça abundante. Frente a frente com Boghdanovich, este lhes oferece os cinco mil dólares da recompensa, caso o deixem ir embora. Sem possibilidade de acordo, por fim é acuado por nossos heróis e seu rosto, num enorme close-up, congela-se na tela. Eles são enviados de volta a Sarajevo, pela CIA, pois é crime passar-se por policiais daquela agência. Em um hangar, à espera do vôo e sem dinheiro, os três amigos resolvem fugir para não serem detidos na América. Correm como loucos, conseguindo se livrar dos agentes que os esperam dentro de um enorme avião de guerra. Livres, Hunt promete acabar a matéria e enviá-la ao pai de Benjamim que, sem dúvida, pagará uma pequena fortuna por ela. Benjamim voltará à Nova York, enriquecido com a experiência, e acompanhado de Duck, que talvez tenha perdido a namorada que se encontrava em um maravilhoso iate na Grécia, muito bem acompanhada!
Realmente, quando o filme termina, vemos as imagens das coisas mais ridículas, dentre elas o anão. Os repórteres eram cinco e não três. Todo o resto é uma mistura de realidade com ficção e o tom do filme, apesar do tema tão dramático, vira uma comédia.
Sarajevo é a capital da Bósnia, onde o maior grupo étnico é bósnio, sendo o segundo sérvio e o terceiro, croata. O que nos “anima” a ver o filme é que o verdadeiro Carniceiro da Bósnia, segundo a revista Veja, “O ASSASSINO QUE VIROU GURU’, foi preso pela polícia sérvia em um ponto de ônibus, na última semana de julho de 2008, em Belgrado. Disfarçava-se com um longo cabelo branco, preso em um coque no alto da cabeça, e uma enorme barba branca. Era um bom vizinho, morando em um bairro popular e, como ex-médico psiquiatra, tinha um consultório alternativo, oferecendo homeopatia, acupuntura e meditação. O cerco a Sarajevo durou 43 meses e matou 12000 pessoas da etnia muçulmana. Ele será julgado por um tribunal em Haia, onde deverá pegar prisão perpétua. Quando o filme foi feito esse fato ainda não havia ocorrido, o que o torna ainda mais instigante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário