terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

UMA FAMÍLIA EM TÓQUIO DE YOJI YAMADA




TOKYO KAZOKU, JAPÃO/2013, 146 MIN. DRAMA
ELENCO:
YU AOI
SATOSHI TSUMABUKI
Este é um remake do clássico dos anos 50 do diretor japonês Yasujiro Ozu, em uma versão para a Tóquio moderna. É um filme espetacular e imperdível sobre uma família, agora descrita por Yoji Yamada, com 80 anos. Os pais aposentados, nos fins dos sessenta anos e morando em uma ilha paradisíaca, têm os três filhos  em Tóquio, essa grande metrópole, pelas facilidades e bem estar que oferece, aparentemente. O mais velho é médico com uma grande clientela e sua mulher não sabe o que fazer para agradá-lo, bem ao estilo oriental. Eles têm dois filhos, um adolescente e um pequeno, mas ambos não são como as gerações anteriores, portanto mais atentos aos desejos consumistas do que aos estudos. A filha também é casada e cabeleireira. O caçula trabalha com cenários de teatro. Como há muito tempo não viam os pais, pois não voltaram mais à ilha, a mãe, agora com sessenta e oito anos, e o pai com mais de setenta resolvem fazer uma surpresa e visitar os filhos viajando em um trem bala. Aproveitaria a oportunidade para prestar pêsames a um colega de escola. Nesse instante começa a confusão na família tradicional japonesa, que representa à perfeição qualquer cultura.  É uma crítica contundente a falta de consideração que os pais da atualidade vêm recebendo dos filhos emancipados e a necessidade de carinho e afeto para todos. Continuam quase como mantenedores, sem receber qualquer gesto de gratidão. Pertencem a uma boa classe social e amam verdadeiramente seus filhotes. Mas os tempos mudaram e com eles terão de mudar também os “velhos”. São autossuficientes, mas seria inimaginável, no Japão, ficarem hospedados em um hotel, já que dois deles eram casados e bem estabelecidos. Essa imagem idílica será totalmente rompida, mas a mãe sempre compreenderá os desafios dos filhos muito ocupados para recebê-los. O caçula é parecido com ela, mas muito diferente do pai, para frustração de ambos. Com o decorrer do filme veremos como vão se resolver os conflitos de gerações, com diálogos espetaculares e posturas mais ainda. O casal central se ama e mostra uma enorme força de caráter e compreensão. A mãe, aparentemente a mais frágil nessa cadeia, é um monumento de acolhimento e compaixão. O pai se transformará com o decorrer da trama e o filho pródigo parece ser o mais sensato da família, apesar da preocupação que ainda estava dando. Uma história muito bem contada e amarrada com pontas firmes e preciosas. É sutil e ao mesmo tempo escancara as diferenças brutais de geração em tão pouco tempo. Uma ótima fotografia, direção espetacular e um roteiro perfeito. Imperdível para avós, filhos quase grisalhos e netos. Os atores, infelizmente desconhecidos neste lado, dão o melhor de si, principalmente a noiva do caçula, uma jovem atriz bonita e extremamente natural em sua interpretação e concepção de amor. Contar mais seria estragar a surpresa.

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