quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

PAIS E FILHOS DE HIROKAZU KOREEDA




SOSHITE CHICHI NI NARU, JAPÃO, 2013, 120 MIN., DRAMA
ELENCO:
MASAHARU FUKUYAMA
YOKO MAKI
JUN KUNIMURA
RIRI FURANKI
Sem dúvida esse é um dos filmes mais delicados e com várias mensagens psicológicas e filosóficas do ano. O excelente diretor Hirokazu Koreeda analisa uma situação familiar das mais delicadas que pode haver: a troca de bebês na maternidade. Aproveitando-se desse enredo tão difícil de lidar, vai apontando várias situações entres os jovens japoneses da atualidade. Sendo um país cheio de tradições e com uma cultura muito antiga, o Japão não lida com a mesma lógica dos ocidentais em várias situações familiares e profissionais. Um jovem casal sem filhos tem seu primeiro e único filho em uma maternidade suburbana, na qual nascera sua esposa, pela proximidade da casa da mãe. O parto é complicado e ela fica inconsciente e muito doente por vários dias, sem poder dar a atenção que o marido esperava. Ele é um jovem executivo, arquiteto, de uma grande e importante firma, vindo logo abaixo de seu diretor geral. Espelhado em sua trajetória de trabalho, sete vezes por semana, almeja ser como ele para também obter um alto cargo e ser respeitado e poderoso. O convívio no lar torna-se precário, pois nunca tem tempo para a família. Por outro lado, em uma cidade interiorana, outro homem, não tão jovem como ele, é comerciante simples e tem três filhos, mais o pai que mora com ele. Sua mulher é prática e doce, cumprindo seu dever com prazer, pois sempre poderia contar com a presença do marido, uma espécie de filósofo moderno, pois morava no local onde trabalhava para ter contato com sua família. Esse era seu grande desejo, além de um pouco mais de dinheiro, pois a situação não estava nada fácil. Um dia, ambos os pais recebem um telefonema do hospital, seis anos depois dos partos, para avisar que as criança haviam sido trocadas e quanto mais rápida a solução, melhor para os garotos. Ryota, o arquiteto, não tem muita paciência com seu pequeno, que não é agressivo e calculista como o pai, é generoso e bom como a mãe. Descoberto o erro Ryota desabava que “agora estava tudo explicado”, o que magoa a mãe. As famílias passam a conviver, apesar da diferença social e filosófica. Era o que mandava os juízes de menores, até que fosse feita a troca definitiva. Nesses momentos de estranhamento é que o diretor põe em cheque as personalidades tão diferentes dos pais: um ambicioso e o outro simplesmente feliz. A troca chega a se concretizar, mas o final da história é que tem a chave da sabedoria oriental. Imperdível, pelo roteiro, pela atuação dos personagens e um presente de direção bem conduzida com uma linda fotografia.

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