terça-feira, 29 de dezembro de 2009

HANAMI – CEREJEIRAS EM FLOR de DORIS DÖRRIE






Elenco
Trudi (Hannelore Elsner)
Rudi (Elmar Wepper)
Dançarina de butô ( Aya Irizuki)

Esse drama alemão e japonês realmente fechou o ano com muita beleza e sensibilidade. Foi um dos melhores. Trata-se da história de uma típica família alemã (que poderia ser universal). Pai, mãe e três filhos, sendo dois casados. A única filha é lésbica. O caçula mora em Tóquio e os outros em Berlim. O casal maduro e belo reside na Baviera. Temos uma realista discução sobre casamentos bem sucedidos, quando nossa heroína (a excelente Hannelore) descobre que seu marido está com uma doença gravíssima e deverá morrer em seis meses. Ela não saberia viver sem ele, pois ainda é uma mulher apaixonada. Aconselhada a não dizer a verdade, tenta resgatar o tempo perdido junto com seu amor. Sempre pensamos que a morte ainda nos aguarda lá adiante. Tristeza e saudades a acompanha em cada movimento que faz, na direção de Rudi quer seja no preparo de uma refeição ou numa noite insone, em que possam se envolver sensualmente. Ele é sistemático, rotineiro e pouco romântico. Apreciadora da cultura japonesa, Trudi sonha visitar o Japão na época das cerejeiras em flor, deslumbrar-se com a potência do Monte Fugi e rever seu filho. Rudi jamais aceitaria. Entretanto consegue convencê-lo a encontrar os dois filhos que moram em Berlim. Durante a narrativa há um fio condutor que é uma mosca que fica nas janelas, mas que nunca é morta, pois seria o aniquilamento de um ser vivo. O casal hospeda-se na casa do mais velho e, agora o que será discutido é o relacionamento entre pais e filhos. Eles não têm paciência ou tempo para os pais, que se transformaram em um grande empecilho e ademais reavivaram velhas diferenças infantis. Ambos se achavam preteridos pelo caçula. Determinados a partir, por constrangimento de estarem incomodando, ficam apenas mais um dia, pois o grande sonho de Trudi era assistir a um bailado japonês, o Butô. A única pessoa que se dispõe a acompanhá-la é a companheira de sua filha, uma mulher sensível e inteligente. Ambas ficam emocionadas com os movimentos precisos das mãos e do corpo do excelente bailarino. Trudi chega às lágrimas. Encabulados, apesar do carinho que dispensaram aos netos e aos filhos, rumam para o Báltico a fim de ver o mar que há tanto tempo não admiravam. O hotel é acolhedor e fica à beira mar, mas Rudi reclama que não pode dormir com o barulho das ondas. Sua mulher não deixa que ele se aborreça e inicia uma dança a dois, sensual, com alguns movimentos do bailado japonês que tanto admirava. Ele aquiesce e se acalma. Outra cena belíssima é quando vão ver o oceano e faz frio. Trudi abre seu casaquinho de malha azul claro e oferece-lhe uma das mangas para que fiquem bem juntos e aquecidos. Estão realmente felizes e parecem ter reencontrado alguma coisa dos primeiros anos de casamento, que talvez tivesse ficado definitivamente para trás. Ela usa sempre um belo quimono quando está na intimidade com seu marido. Ela o adora e ele a ama. Em uma dessas manhãs no hotel, Rudi não consegue acordar sua mulher. Uma tragédia ocorre. Apesar da efemeridade da vida, não desfrutamos o presente, o momento exato das pequenas coisas que importam verdadeiramente. Esse é o turning point do filme, quando esse homem mudará sua posição, aos moldes da sua mulher, pois ficara sabendo pela namorada de sua filha que levava uma vida totalmente diferente do que sonhara. Decidido a visitar seu filho caçula no Japão, leva Trudi dentro de si, por todos os momentos e em todos os lugares que ela admirava. Passeando por baixo das belíssimas cerejeiras em flor, depara-se com um adolescente que interpreta o Butô, isolada em um canto do parque. Fascinado aproxima-se dela que dançava graciosa, segurando um telefone rosa, que simbolizava sua mãe. Entre eles, nasce uma compaixão platônica, pois se completavam na solidão. Ela era uma garota muito pobre, com seu casaco roto nos ombros, mas amadurecida, educada e inteligente. Butô é a dança das sombras, explica-lhe, que se pode dançar sozinho, acompanhado ou com os mortos. Com delicadeza consegue que Rudi execute alguns passos e ele lhe confessa que sua mulher aprendera essa arte na Alemanha, mas havia parado por sua causa. Trudi era como um felino selvagem preso dentro de uma jaula! Gostaríamos de fazer tantas coisas em nossas curtas vidas, que abdicamos... Rudi usa diariamente, por baixo de seu sobretudo, a malha azul clara, a saia e o colar de pérolas cinzas de Trudi. Desse modo, fazendo parte dela mesma, mostra-lhe seu amado Japão. No terço final do filme, o casal de amigos excêntricos chega ao Monte Fugi, mas Mr. Mountain, tímido, está sempre coberto de névoa. Depois de algum tempo, Rudi acorda durante a noite e o vê em sua plenitude. Fascinado pela visão, veste cuidadosamente o quimono de sua mulher e com o rosto e mãos pintados de branco, relembra sua amada executando a dança, com grande sentimento, sob os pés da montanha amada. Ele já não é mais um só, está acompanhado de sua mulher. No Japão, seu corpo é cremado na presença do filho arrependido e da adolescente, num belo ritual xintoísta. Suas cinzas juntam-se com as de sua mulher, em um jardim da Baviera, com seus filhos em volta. A mosca, que havia sumido no oriente, volta a sobrevoar a casa. A família que nunca soubera aproveitar o quanto eram especiais, ficara órfã em menos de seis meses. Mesmo que você seja durão, vale à pena conferir.
As imagens são muito bonitas, a história comovente, a direção ótima e a trilha sonora de primeira. Esse filme, sua diretora e os principais atores ganharam diversos prêmios na Europa e Estados Unidos, inclusive como melhor filme e melhores atores. A diretora já foi premiada em outras películas.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

NOVA YORK, EU TE AMO de Natalie Portman e mais 10 diretores








Esse filme, como “Paris te Amo”, foi feito por vários diretores, dentre eles, Yvan Attalm Faith Akin, Brett Ratner e outros. É um costurado de histórias interessantes e sucintas sobre a famosa cidade. Todos os contos refletem os costumes e miscigenação que fazem com que Nova York seja uma cidade extremante interessante. As histórias de amor mostram os principais aspectos dessa ilha como a mistura de culturas e a impessoalidade, abrangendo personagens desde a idade adulta a pessoas mais velhas. Algumas são hilárias, como o farmacêutico esperto que oferece a um jovem, sem companhia para sua festa de formatura, sua belíssima filha (paraplégica?), que o constrange, mas termina com uma situação bem divertida e favorável a ambos. Ou um homem e uma mulher fumantes, que supostamente não se conhecem e, ao fumarem um cigarrinho na porta de um restaurante, acabam tendo um caso para lá de e peculiar. Um casal de velhinhos, casados há sessenta e três anos, brigam constantemente, mas ao se depararem com uma linda paisagem marítima, recostam suas cabeças com muito amor que ainda lhes invade os corações. São pequenas histórias, como nos contos de Chekhov, que apesar do tamanho diminuto, encerram muito bem momentos das vidas desses protagonistas. Esse trabalho é um tributo à ilha de Manhattan, que sem dúvida, com suas belas paisagens arquitetônicas é um lugar perfeito para amantes. A ótima transição entre os segmentos é de Randal Balsmyer. Estrelado pela belíssima Natalie Portman, Andy Garcia, Julie Christie e outros. Confira.