segunda-feira, 28 de novembro de 2016

É APENAS O FIM DO MUNDO DE XAVIER DOLAN




JUSTE LA FIN DU MONDE, CANADÁ, FRANÇA, 2016, 97 MIN., DRAMA
ELENCO:
GASPAR ULLIEL – LOUIS
NATHALIE BAYE -  MÃE
VICENT CASSEL – ANTOINE
LÉA SEYDOUX – SUZANNE

Este drama muito tenso, com longos diálogos, fala de uma família disfuncional. O ótimo Xavier Dolan montou o roteiro em cima de uma peça de teatro com o mesmo nome. Escuro, fatídico e cheio de ressentimentos, o jovem escritor homossexual Louis está voltando para casa, depois de doze anos, a fim de anunciar sua morte iminente. Nas primeiras cenas vemos seu rosto e pensamentos, sua longa distância da família, e sua decisão determinada de sair de casa, sem adeus ou desculpas. E agora, principalmente a volta, também inesperada para se despedir de sua casa e familiares, onde as discussões e os arrebatamentos eram tão frequentes. A mãe, apesar de amá-lo não o compreende, a irmã, um garotinha na época, é uma jovem de 20 anos e o primogênito, o ótimo Cassel, bem mais velho do que ele e um ser desajustado, não sabem como lidar com a situação. São três gerações de filhos, todos ressentidos entre eles e com os pais. Sua cunhada é a única pessoa mais calma e que havia optado por chamar seu filho mais velho de Louis, como seu avô e tio. O clima do filme é teatral e claustrofóbico, uma vez que se passa entre quatro paredes. As enormes diferenças não serão resolvidas. A primeira cena de quando chega e a última de quando se vai são fantásticas, pois ambas mostram um relógio cuco, como uma metáfora sobre a visita de Louis. Imperdíveis. Bom filme, contudo não deve agradar a todos, ou você mergulha nele ou detesta. Ganhou o premio Grand Prix em Cannes, no festival de 2016. O diretor canadense é muito jovem e todos seus longas receberam premiações.




terça-feira, 22 de novembro de 2016





ELLE DE PAUL VERHOEVEN
ELLE, FRANÇA, ALEMANHA, BÉLGICA, 2016, 130 MIN., THRILLER PSICOLÓGICO
ELENCO:
ISABELLE HUPPERT – MICHÈLE LEBLANC
ANNE CONSIGNY – ANNA
VIRGINIE EFITTE – REBECCA, VIZINHA
LAURENT LAFITTE – PATRICK, VIZINHO
JONAS BLOQUET – VICENT
Esse espetacular thriller psicológico, baseado no livro Oh... de Philippe Djian (recebeu o prêmio Prix Interallié de 2012), nas  mãos do ótimo diretor holandês Verhoeven vira muito mais do que um suspense. Contando com a belíssima atuação de Isabelle Huppert, ele descasca todas as camadas do que seria o lado obscuro das pessoas, aqui encarnado por essa poderosa atriz. O filme começa no escuro, com sons de louça quebrada, gritos e gemidos de satisfação sexual masculina. Imediatamente vem a imagem com Michèle caída ao chão e seu estuprador, com uma máscara de esqui, saindo devagar. Ela se recompõe, toma um longo banho e quantifica o que lhe ocorreu. Michèle é dona de uma empresa de videogames e sócia de Anna, sua amiga de infância. Também é dona de vários problemas como seu relacionamento com os empregados, seu filho que namora a moça errada, sua mãe narcisista e seu pai, um serial killer. Belo trabalho! Não vai à polícia denunciar o ocorrido e dias depois em um jantar com sua sócia e marido, seu ex-marido, conta a verdade. Em outra cena, no passado, ela acompanhou o pai em um assassinato em série, quando tinha seis anos, e foi tirada uma foto “da menina em cinzas”, resultado da fogueira que seu pai fizera depois daquele ato. Com a dimensão desse trauma de infância não poderia ter se tornado uma adulta tranquila. Sua mãe, que adora homens jovens, sofre um AVC e acaba sucumbindo. Cinquentona rica, elegante, dona de sua vida, pragmática e cínica vive como quer. É divorciada, tem como amante o marido de sua sócia, mas ainda acha tempo para desenvolver uma obsessão erótica pelo novo vizinho, Patrick. Seu filho tem um bebê com a namorada, mas ele é mulato e Vicent se nega a perceber que é filho de seu melhor amigo, um jovem negro. Os intricados fios da meada de sua vida vão se arrebentando até que fiquem completamente soltos. Isabelle dá conta do recado, estando sempre em cena com grande vitalidade e competência sobre os grandes desafios que ocorrem. Imagina o estupro inúmeras vezes e tenta sentir alguma sensação, mas a frieza é sempre a vencedora. Depois de completar o novo game, dá uma festa na qual estarão todos os personagens importantes. Na volta sofre um acidente de carro e apela para Patrick ir resgatá-la. A partir daí o filme ficará ainda melhor. Cenas finais sensacionais, observar a despedida de Rebecca e um ótimo desfecho. Imperdível pela atriz, roteiro, trabalho de direção e ineditismo. Ganhou o Palme D’Or de 2016 em Cannes.


terça-feira, 15 de novembro de 2016

SNOWDEN - HERÓI OU TRAIDOR DE OLIVER STONE







SNOWDEN, EUA, 2016, 134 MIN. DRAMA BIOGRÁFICO
ELENCO:
JOSEPH GORDON-LEVITT - EDWARD SNOWDEN
NICOLAS CAGE – HANK FORRESTER
RHYAS IFANS - MENTOR
SHAILENE WOODLEY – LINDSAY MILLS
MELISSA LEO – LAURA POITRAS - DOCUMENTARISTA
ZACHARY QUINTO – GLENN GREENWALD - JORNALISTA
SCOTT EASTWOOD – TREVOR JAMES - JORNALISTA

Esse é um filme muito interessante e necessário pelo ineditismo e proximidade histórica com que aconteceu, sendo que o caso ainda não está encerrado. Oliver Stone gosta de temas políticos e os faz muito bem como Platoon, Nascido a 4 de Julho, Nixon, FJK. Esse não foge a regra e torna-se um suspense muito interessante. Ele biografa o gênio da informática Edward Snowden, 33 anos, o qual se encontra exilado na Rússia. Começa o longa quando ele tinha apenas 23 anos e presta exame para entrar na CIA e servir seu país. Autodidata brilhante e franzino não consegue prosseguir seu treinamento militar por causa de fraturas nas pernas, causadas pelo pesado saco que era obrigado o carregar nas costas durante os exercícios. Foi recrutado para o serviço de inteligência por sua perspicácia e genialidade, pois não havia terminado sequer o High School. Falava vários idiomas, inclusive o de sinais, e a informática era sua razão de ser. Seus principais mentores serão Hank Forrester, um analista colocado de lado por criar um programa que bloquearia toda informação pessoal que não interessasse ao Estado devassar e só invadiria a vida pessoal dos cidadãos ao redor do mundo. O outro será seu mentor na agência (Rhys Ifans), favorável a qualquer informação, mesmo as mais abusivas, mas que detivessem o terrorismo e invasão digital, pois para ele país seguro seria país livre. Os Estados Unidos se consideravam livres e defensores do mundo. Hank é quem vai lhe oferecer os primeiros sinais ilegais da Nacional Security Agency, da qual será uma parte bastante importante. Conheceremos também sua vida pessoal, como o namoro com a jovem de seus sonhos, que o acompanhará para sempre, aceitando ficar ao seu lado mesmo não sabendo o que faz exatamente e para onde viajava. Depois dos ataques de 11 de setembro a segurança se acirra naquele país e vai além do que seria razoável. Snowden aceita o desafio em  nome de seu civismo e vai muito além do esperado por seu chefes e por ele mesmo, criando programas extraordinariamente eficientes. Para tanto viaja a vários países como Suíça, Alemanha, China e outros com finalidades exclusivas de informação. Por último vai morar no Havaí para desenvolver o que ele chama de Heartbeat, o mais devastador de todos relativamente à vida pessoal dos cidadãos, dando como exemplo nossa “finada Dilma Rousseff” e Angela Merkel entre outros. A partir desse momento, encara aquilo como o preveniu Forrester e viaja para a China, convidando uma documentarista famosa e dois repórteres de perfil ilibado, um dos Estados Unidos e outro da Inglaterra, para que filmem sua trajetória e exponham ao mundo o vazamento de informações mais gigantesco que já houve. Para tanto, em 2013, se tranca em um quarto de hotel naquele país com essas pessoas e só sairá de lá quando tudo estiver devidamente documentado no The Washington Post e The Guardian. Stone conduz o filme com excelente pegada de suspense, produzindo uma obra vibrante e intensa. Imperdível! O ator protagonista, Joseph Gordon-Levitt, desempenha seu papel de maneira impecável. Sownden foi indicado para o Premio Nobel da Paz, em 2014. 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

O PLANO DE MAGGIE DE REBECCA MILLER





MAGGIE’S PLAN, EUA, 2016, 98 MIN., COMÉDIA.
ELENCO:
GRETA GERWIG – MAGGIE
ETHAN HAWKE – JOHN
JULIANNE MOORE – GEORGETTE
TRAVIS FIMMEL – GUY

Maggie é uma jovem professora universitária em Nova York ligada às Artes Plásticas. Criada sozinha pela mãe até 16 anos, quando esta morre, vai morar com o pai. Seu sonho, agora aos 30 anos, é ter um filho de forma independente. O que importa para ela é a relação amorosa entre mãe e filho, nada de envolvimento com pais. Criaria a criança a seu modo. Tudo corre satisfatoriamente, pois seu amigo Guy (Travis Fimmel), um gênio da matemática e bonito, será o doador do sêmen, mas ele preferiria fazer tudo naturalmente. No dia em que ele faz a doação ela recebe John, professor na mesma universidade e, apaixonando-se, tem relações com ele. John não pensa duas vezes e abandona a mulher, a megera e intelectual de primeira, Georgette, e os dois filhos para ficar com a doce e compreensiva Maggie. Nasce a linda filhinha Lily e, após três anos, formando uma família seu plano vai por água abaixo. Ocorre que John não é exatamente o que supôs e se cansa dele. Procura Georgette, que ainda o ama, e planejam uma estratégia para que ele volte para ela. Quer simplesmente devolvê-lo, como uma mercadoria que não a satisfez. A diretora Rebbeca Miller traz um roteiro, a la Wood Alan, baseado no original de Karen Rinald, genial e com situações muito engraçadas, ressaltando sempre o lado neurótico dos típicos nova-iorquinos. O final é muito bom, pois  na verdade a pequena Lily gosta é de números. Ótimo programa com um filme inteligente e engraçado. Greta Gerwig trabalhou com sucesso em Frances Ha e Mistress America.