domingo, 28 de fevereiro de 2016

AMOR EM SAMPA DE CARLOS ALBERTO RICCELLI E KIM RICCELLI




BRASIL, 2015, 112 MIN. COMÉDIA ROMÂNTICA.
ELENCO:
BRUNA LOMBARDI – EMPRESÁRIA
CARLOS A. RICCELLI – COSMO
KIM RICCELLI – DIRETOR DE TEATRO
MIÁ MELLO
RODRIGO LOMBARDI – PUBLICITÁRIO MAUR0
TIAGO ABRAVANEL - HOMOSEXUAL
MARCELLO AIROLDI - HOMOSEXUAL
LETÍCIA COLIN – ASPIRANTE À ATRIZ
BIANCA MÜLLER – ASPIRANTE À ATRIZ
EDUARDO MOSCOVIS – EXECUTIVO INTERESSEIRO
MARIANA LIMA – TUTTI
Este filme nacional é leve e com ótima fotografia e imagem, mostrando os pontos mais bonitos de São Paulo. Bruna Lombardi, roteirista, faz um belo tributo à cidade e os amores que nela ocorrem, mas como atriz é bastante inexpressiva. São estórias amorosas de cinco casais e para ter uma costura melhor adotam o estilo musical, que se encaixa muito bem no enredo. As canções não são em excesso, apenas para melhorar a compreensão dele. Bruna é uma rica empresária que não dá chance ao amor. Carlos Aberto Riccelli, o melhor personagem, é um engenheiro que depois da crise foi ser taxista e se apaixona pela profissão. É dele o papel de amalgamar os personagens. Andando pela cidade, conversa com todos e grava textos bem interessantes de passageiros de fora apaixonados por Sampa, a pedido do publicitário Mauro. Cosmo tem uma namorada interesseira que não o merece. Duas jovens amigas, aspirantes à atriz, fazem de tudo para ter um papel em um espetáculo do cafajeste diretor, que acaba abocanhando ambas para sua cama. Uma grande estilista, Tutti, tem a estória mais comovente e romântica. Abravanel e Marcello formam um casal homossexual muito divertido e politicamente corretíssimo. Moscóvis é ambicioso e não se dá bem. Rodrigo Lombardi é um publicitário que se empenha ao máximo em uma campanha para tornar São Paulo uma cidade mais ecológica e agradável para se viver. Cada um deles tem seu caso amoroso. Divertido, singelo e agradável. Recomendo, mas pena que logo no inicio, quando Riccelli canta comete um grave erro de português, “entre eu e você” e não o correto: entre mim e você, fiquei de boca aberta.







quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O LOBO DO DESERTO DE NAJI ABUR NOWAR




THEEB, JORDÂNIA, EMIRADOS ÁRABES, QATAR, REINO UNIDO, 2014, 100 MIN. DRAMA
ELENCO:
JACIR EID - THEEB
HUSSEIM SALAME – IRMÃO MAIS VELH0
O drama jordaniano foi escolhido como melhor filme estrangeiro pelo seu país para o Oscar de 2016. O diretor filmou no Wadi Rum, sul da Jordânia, no mesmo local onde foi filmado Lawrence da Arábia. Ambos durante a Primeira Guerra Mundial. Esse não é um épico como Lawrence, mas outro tipo de drama que destaca o olhar do fabuloso ator mirim Jacir Eid, na pele de Theeb. Seus olhos irão nos guiar nesse episódio tão denso. Theeb vive no deserto em uma cabana de beduínos e seu irmão mais velho é quem cuida dele. São melhores amigos e com uma confiança e amor inigualáveis. Um oficial inglês, acompanhado de um beduíno, pede a ajuda do jovem para guiá-los ao poço romano, onde o inglês encontraria o que procurava. Ele aceita e deixa Theeb para trás, que não se conformando, se junta ao grupo. As cenas são maravilhosas, pois a região é coberta por montanhas de areia e terra, desgastadas pelo vento, formando um conjunto invejável, com largas avenidas desérticas. Os irmãos as conhecem muito bem e todos marcham em cima de seus camelos. Ao chegarem ao poço, rebeldes os atacam e matam os dois adultos, ficando somente Theeb. Corajoso, segue em frente em sua caminhada, passando sede e fome. Seu olhar é intenso e sua postura corajosa e desafiadora. Em dado momento observa um camelo ao longe, que vem trazendo um homem quase morto, cheio de armas e munição. Consegue colocá-lo no chão e bebe água com seu odre (recipiente feito de pele de cabra). Observa que ele era o assassino do irmão e do inglês, pois possuía todos os pertences deles, incluindo uma caixa de madeira que o fascinara e ninguém deixa que ele a tocasse, era um disparador de dinamite. O homem sobrevive graças à ajuda de Theeb e se encaminham rumo ao quartel otomano, passando pela estrada de ferro que fora recém-inaugurada. O menino vai à garupa e quando param, o árabe pede para que tome conta do camelo. Caminhando sem ser visto, observa o oficial otomano barbear-se até receber a visita. Recebendo todos os pertences ingleses, oferece uma recompensa para ambos. O ladrão aceita, mas o menino a coloca de lado. Saindo, espera por ele junto ao camelo com uma arma na mão. Quando se aproxima, Theeb vinga a morte covarde que seu irmão sofrera. Um diálogo entre essas duas pessoas é muito interessante, pois perguntado de quem era filho e sabendo que seu pai era um xeque reverenciado, afirma que filho de lobo só poderia ser lobo também. Um filme pungente que fala sobre fraternidade e confiança, além de bastante atual, pois o cenário em nada mudou nesses 100 anos e, infelizmente, muito menos o ódio e as atuais guerras sangrentas no Oriente Médio. Ótimo.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

CINCO GRAÇAS DE DENIZ GAMZE ERGÜVEN








MUSTANG, FRANÇA, TURQUIA, 2014, 97 MIN., DRAMA
ELENCO:
GÜNES NEZIHE SENSOY – CAÇULA
DOGA ZEYNEP – NUR
ELIT ISCAN – ECE
ILAYDA – ROMAY
TUGBA SUNGUROGLU - ROMAY

No último dia de aula, as cinco Graças, ou seja, as cinco belas irmãs, que moram em um vilarejo da Turquia, choram ao despedir-se das professoras. O dia está lindo e elas atravessam a rua e lá está a praia. Os  meninos também fizeram os mesmo e começam uma brincadeira inocente dentro do mar. Ao chegarem em casa, a avó, uma mulher mais moderna e que criava as meninas que eram órfãs de mãe e pai, as repreende. Contudo, o que vai mudar o destino dessas adolescentes é o tio muito moralista e as fofocas das vizinhas, pois sendo a Turquia um país muçulmano e machista isso era visto como provocação, o que poria em perigo seus futuros casamentos. A diretora é turca e resolveu revelar o agressivo sistema machista do local que acaba com a vida das mulheres. Radicada na França tem seu filme falado em turco, na própria Turquia e com os atores de lá. É realmente um protesto. Continuando a história, as meninas são trancadas em casa, transformada em fortaleza, com grades altas, muros por todos os lados para que não se contaminem com o exterior. Contudo, elas se rebelam oferecendo resistência ao ato. Um exemplo é a caçula, a mais rebelde, que foge para ver um jogo de futebol, a final de seu time predileto. Mas ela  não contava que a televisão mostrasse sua imagem que é vista por todos os moradores. Depois disso a avó resolve expor as meninas ao vilarejo, para que vejam com são lindas e em seguida aparece o primeiro pretendente. A mais velha consegue casar com o namorado, mas as outras não. A segunda casa-se logo em seguida, vindo a seguir a terceira que comete um ato que exigiu grande coragem e se livra de sua sina. A caçula tenta ficar totalmente independente, aprendendo a dirigir o carro de seu tio. Esse tio tem uma importância muito grande no drama, pois é molestador das meninas. Apesar da crueldade do drama, há momentos de riso muito bem inseridos, que não desvalorizam a denúncia da diretora. O final é bastante significativo. Imperdível, grandes atrizes adolescentes e uma delação que precisa cada vez mais ser exposta, principalmente na França, com tantos muçulmanos  morando no país. O filme foi premiado com Lux Prize e concorre a melhor filme estrangeiro pela França. Imperdível.







domingo, 21 de fevereiro de 2016

BROOKLIN DE JOHN CROWLEY




BROOKLIN DE JOHN CROWLEY
ELENCO:
SAOIRSE RONAN – EILIS
JULIE WALTERS – DONA PENSÃO
EMORY COHEN – TONY
Esse filme, adaptado do livro de Colm Tóibín e roteirizado pelo badalado Nick Hornby, ganhou três indicações ao Oscar. Melhor atriz, melhor filme e melhor roteiro adaptado, sendo o mais suave dessa leva de melhores filmes estrangeiros, todavia sem grande carga emocional. Um filme tradicional. Trata-se da história de uma jovem irlandesa, Eilis, que mora em uma cidadezinha sem nenhum futuro. Eram os anos cinquenta. Vivia com a mãe viúva e uma irmã mais velha, bem sucedida profissionalmente, tendo concluído um curso universitário. Nossa heroína, apesar de muito inteligente e com uma bela postura, não tinha dinheiro nem emprego para tal ambição. Desolada com a morosidade da cidade, sua irmã, através de um amigo padre que mora no Brooklin, Nova York, resolvem ajudá-la. Ele arranja-lhe um lugar para ficar e um emprego em uma fina loja de departamentos, que não tem nada a ver com a “caipirinha” Eilis. No navio conhece uma irlandesa, que já morava nos Estados Unidos e dá algumas dicas para que ela pareça mais confiante e madura, inclusive dando-lhe uma roupa para se apresentar na migração. Aceita, entra sem dificuldades e vai direto à pensão, cuja dona só recebe garotas recomendadas e irlandesas como ela. Eilis fica deslocada, pois suas companheiras já têm hábitos americanos e na loja é tímida, mas ajudada por sua chefe. O padre vai ser o personagem mais importante para que se adapte ao novo país. Matricula-a em um curso de escriturários, na Universidade do Brooklin, para que possa vir a ser contadora. Era boa nos números e muito pragmática. Mas é Tony quem faz sua vida possível naquele lugar imenso e sem família. Ele é de origem italiana e se apaixona por ela, a primeira vista, pedindo que saia com ele com todo respeito. Seu sonho era namorar uma irlandesa católica e além do mais ela é linda. Os dois se apaixonam e a vida começa a melhorar rapidamente, até que recebe a notícia da morte da irmã, tão jovem ainda. Antes que ela parta de volta, Tony pede-a em casamento e quer que seja no mesmo dia, pois tinha medo de que não voltasse mais. Meio a contra gosto acaba cedendo e parte para a Irlanda já casada, mas tudo seria um grande segredo. Com o passar do tempo e muito mais vivida vai gostando de estar de volta e até arranja um trabalho temporário e um admirador sincero. As cartas dos States vão se acumulando e ela não as abre. É muito jovem e está confusa com as mudanças de sua terra natal e de sua vida, antes bastante monótona, até que a dona de uma confeitaria, figura ferina e maléfica, a traz de volta à realidade. Desse modo toma a decisão mais certa para sua felicidade. Adaptação de época excelente e bom desempenho de Saoirse Ronan. Contudo, acho que não emplacará na disputa. Delicado e agradável de assistir, principalmente por ser o início da emancipação feminina. Recomendo, apesar de não ser ótimo.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

O QUARTO DE JACK DE LENNY ABRAHMSON




ROOM, CANADÁ-IRLANDA, 2015, DRAMA, 118 MIN.
ELENCO:
BRIE LARSON – JOY
JACOB TREMBLAY – JACK
Esse “estranho” e bom filme foi  adaptado da novela homônima de Emma Donoghne e ganhou vários prêmios internacionais, foi indicados a quatro nomeações incluindo, melhor filme estrangeiro, melhor diretor (ganhou Globo de Ouro), melhor atriz e roteiro adaptado ao Oscar. Nesta leva de filmes de 2015 representando seus países, eles são tristes e bastante dramáticos. O filme começa com uma jovem de 24 anos, Joy, brincando com seu filho e fazendo ginástica e corrida, em um espaço mais do que exíguo. Apenas um quartinho com pia, vaso sanitário, uma cama de solteiro, onde dormiam e um armário, onde eventualmente Jack dormia. O único contato com o mundo exterior é um estranho, chamado de Old Nick, que leva poucos suprimentos e remédios. Não dá para saber do que se trata. Ela é muito afeiçoada ao filho, que parece uma menina, pois os cabelos nunca foram cortados e aí residia sua força, como a de Sansão. Educado pela mãe é muito inteligente e cortês. Mas quando o homem chega precisa dormir no armário! Descobrimos, então, que eles estão em cativeiro. Ela há 7 anos morava lá, desde seus 17, quando fora raptada por esse monstro, que abusava dela. Havia uma televisão velha, “o mundo de fora”, e apenas uma clara boia, onde viam o céu, que ela explicava ser o universo cheio de planetas. Quando ele faz cinco anos, Joy decide que já está grande o bastante e planeja fugir de lá com o filho. Ensaiando à exaustão, ele se finge de morto, é enrolado em um velho tapete e seu pai deveria deixar o corpo em um lugar bem arborizado. Quando o garoto está preparado para isso, o plano é executado e como previsto ele pula da carroceria e chama a atenção de pessoas, que chamam policiais para ajudá-los. Com o auxílio do menino, que embora falando muito baixo, tímido e inseguro, chegam ao cativeiro e libertam Joy. Vão parar em um hospital para se adaptarem à nova realidade. Parecia que para Jack seria pior, mas com apenas 5 anos tem mais plasticidade para começar nova vida. Encaminham-se para a casa dos pais, mas Joy se ressente, pois sua mãe tinha um novo companheiro, homem amadurecido e muito especial. Com a ajuda da avó e do novo namorado, Jack começa uma grande reabilitação, contudo sua mãe está internada em um hospital psiquiátrico, depois de uma entrevista com a imprensa. Não suportou as perguntas impertinentes. O garoto pede para a avó cortar seu rabo de cavalo e entregá-lo à mãe para que também tenha coragem e possa enfrentar o futuro. Esse gesto faz com que ela sinta novas forças e volte para junto de seu verdadeiro amor, seu filho. A pedido dele vão visitar pela última vez o cativeiro, pois por incrível que pareça, ele se sentia protegido lá e gostava daquele mundo. O final é cativante, parecendo que poderão seguir em frente. A atriz relatou que mais do que um filme de crime, o considerava de autoconhecimento, amor e amadurecimento. O pequeno Jacob, em desempenho excepcional, ganhou prêmio como melhor ator infantil e um Festival Internacional. Bom, mas repito, triste.