terça-feira, 26 de junho de 2018

DOVLATOV DE ALEXEY GERMAN JR.





RÚSSIA, POLÔNIA, SÉRVIA, 2018, 126 MIN. DOCUDRAMA.
ELENCO:
ARTUR BESCHASTNY – J. BRONSKY
MILAN MARIC – SERGEI DOVLATOV
DANILA KOZLOVSKY – DAVID

Neste ótimo docudrama, Alexey German Jr. volta para o ano de 1971 (governo Brejnev), quando está sendo comemorado mais um aniversário da Revolução Russa, que até então não mostrara nenhum resultado positivo para o povo. O país continua pobre e a elite literária, musical e artes plásticas, se não forem medíocres e seguirem os padrões do bolchevismo, não têm nenhuma chance de sobrevivência. Isso acontece com Bronski, David e Dovlatov do título. Um escritor irônico e trabalhando com o grande poeta J. Bronsky não terá seus manuscritos editados por ninguém em seu país. Casado e separado várias vezes, é um homem inteligente, bonito e bom pai para sua filha do primeiro casamento. Judeu armênio, nascido em Leningrado, não gostaria de fugir de seu país ou ir para a prisão. Sobrevive de bicos feitos para uma revista, mas sempre é rejeitado por suas opiniões polêmicas sobre a União Soviética. Até no contrabando tenta atuar sem sucesso. Só sobreviviam e ganhavam dinheiro aqueles artistas e intelectuais que se curvassem ao regime. Sempre eram pessoas medíocres com obras totalmente dispensáveis. O longa abrange apenas seis dias de sua vida, durante os feriados da revolução, quando perambula por bares de artistas decadentes, ouvindo jazz e rock e por becos da cidade. Ganhou premio na Berlinale deste ano e está sendo disputado a tapa pelas distribuidoras, uma vez que serve como contrapropaganda do que ocorre nos dias de hoje com Putin e seu governo. Dovlatov sofre muito, mas não se rende às mentiras e tampouco tem a intenção de mudar de opinião. Acaba partindo para os Estados Unidos com a ex-mulher e filha. Morre com apenas 48 anos de idade sem ter ideia de que seria um dos autores mais editado, lido e famoso de seu país. A reconstituição de época, figurinos e atuação são perfeitos. Absolutamente imperdível para quem gosta de literatura e história.


quarta-feira, 13 de junho de 2018

A MORTE DE STALIN DE ARMANDO IANNUCCI




THE DEATH OF STALIN, ESTADOS UNIDOS, FRANÇA, REINO UNIDO, 2017, 108 MIN. COMÉDIA

ELENCO:
ADRIAN MCLOUGHLIN – JOSEPH STALIN
STEVE BUSCEMI – NIKITA KHRUSHCHEV
SIMON RUSSEL BEALE – LAVRENTIY BERIA
JEFFREY TAMBOR – GEORGY MALENKOV

Stalin governou com mãos de ferro e coração de chumbo a União Soviética por três décadas. Vencendo Trotsky, virou um dos ditadores mais controversos, assassinando, exilando milhões de pessoas, outras eram confinadas em trabalhos forçados ou presas. Levou o país ao caos. Tudo era burocracia e só poderia ser tomada uma decisão com toda sua equipe, formada por cinco pessoas, concordando com o veredito final. Sua morte é questionada até hoje e, justamente nesse vácuo entre o falecimento e a tomada do sucessor, é que esta ferina e engraçadíssima sátira começa. O ótimo diretor e roteirista escocês Armando Iannucci “faz misérias” com os acontecimentos ocorridos, que a bem da verdade não foram nada engraçados, porém muito trágicos.  União Soviética, 1953 o cenário. Em uma rádio estatal temos um belíssimo concerto de música clássica que é acompanhado pelo rádio por todos, inclusive o temperamental Stalin. Após o concerto ele liga imediatamente para a rádio, afirmando que irá mandar um soldado buscar a gravação. Todavia, não havia nenhum disco, pois não fora gravada. Em desespero a equipe radiofônica implora para as pessoas não saírem e para a orquestra e a pianista ficarem e repetirem tudo novamente. Alguns já haviam saído, inclusive o maestro, e o local é preenchido por pessoas pobres das ruas, a fim de garantir o som com a sala cheia. A pianista odeia Stalin, mas acaba sendo convencida a tocar. Com o disco ela despacha um bilhete malcriado para o ditador, acusando-o de ter matado sua família e desejando sua morte imediata. Ao acabar de ler ele cai “duro” no chão. Inconsciente fica no chão cercado de urina e  mal cheiro. Demora um tempo para a guarda ter coragem de bater na porta e olhar, e ao ver o líder desacordado liga para Berin, que vem correndo desejando que ele estivesse morto. Isso foi uma questão complicadíssima e precisava da cúpula do governo inteira para decidir o que fazer. Nesse contexto movimenta-se a comédia, com ótimos atores no papel dos principais líderes soviéticos, numa corrida maluca para ver quem seria o novo líder do império. Beria, muito astuto, não leva muito tempo para ser assassinado pelos outros e assim corre até o final das resoluções que colocaram no poder Nikita Khrushchev. Os atores são ótimos assim como fotografia e produção. Absolutamente imperdível, aplausos ao talentoso diretor!