sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

SULLY - O HERÓI DO RIO HUDSON DE CLINT EASTWOOD





SULLY, EUA, 2016, 96 MIN., DRAMA
ELENCO:
TOM HANKS – CHESLEY SULLENBERGER
AARON ECKHART – JEFF SKILES



Com grande frescor, Clint Eastwood, aos 86 anos, relembra o acidente aéreo ocorrido em 15 de janeiro de 2009, quando o Airbus A320, fez um pouso de emergência nas águas do Hudson. Havia decolado do LaGuardia, em Nova York, há poucos minutos, quando um bando de pássaros entrou pelas turbinas do avião, deixando-o sem nenhuma possibilidade de pouso ou retorno. Dentro do avião havia 155 pessoas, que graças ao determinismo, habilidade e anos de voo de Sully conseguiram pousar ilesas no rio gelado pelo inverno, com temperatura bem abaixo de zero. Some-se a isso o trabalho de resgate das vítimas, os esforços de todos que trabalhavam naquele momento incrível e a coragem tanto do fantástico piloto e do não menos genial copiloto. Essas pessoas corajosas, inclusive os passageiros, viveram um verdadeiro milagre. Mas depois do salvamento vem o martírio dos personagens principais. Ocorre um grave tribunal para determinar se o procedimento havia sido necessário ou se poderiam simplesmente ter voltado e recuperado a aeronave. Essa é uma das partes mais interessantes do filme, que Clint dirige com maestria. Durante os 96 minutos de projeção não conseguimos sequer encostar as costas na cadeira, tal a emoção que nos domina. Tom Hanks é como vinho, quanto mais velho melhor. No final, durante a apresentação dos créditos não deixem de ver o piloto real, sua esposa e as pessoas que sobreviveram a esse terrível incidente. Recomendadíssimo.  

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

NERUDA DE PABLO LARRAÍN





ARGENTINA, CHILE, ESPANHA, EUA, FRANÇA, 2016, 107 MIN., BIOGRAFIA
ELENCO:
LUIS GNECCO – NERUDA
GAEL GARCIA BERNAL – POLICIAL


Este filme de Pablo Larraín foi escolhido pelo Chile para representá-lo como melhor filme estrangeiro no Oscar de 2017. Concorre também ao Globo de Ouro. O longa relata um ano da vida de seu mais famoso poeta, ganhador do Premio Nobel de Literatura em 1971, com uma profusão de livros editados com seus belos versos.  Três anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial (1948), Neruda (1904-1973) é senador pelo Partido Comunista, além de ser um importante personagem para o Chile. Identificado com a massa pobre do país, é perseguido pelo presidente Gonzáles Videla. Acossado freneticamente pelo inspetor de polícia, Peluchonneau, consegue sempre estar um passo a frente de seu algoz. Essa biografia é também uma fantasia, a imaginação do diretor, já que muito se sabe de sua vida profissional e política, mas pouco sobre seus amigos, o que conversava, seus desejos e suas mulheres. É uma homenagem a essa figura tão singular. Portanto é ficção tudo que não esteja relacionado a fatos reais. Não deixa de ser interessante, pois é recoberto de poesias e divagações do diretor e seu roteirista. Interessante, com boas atuações, mas ficamos um pouco sem saber o que é fato ou não, como talvez queira o diretor. Para ele o poeta seria um personagem absolutamente peculiar. 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O FILHO ETERNO DE PAULO MACHLINE





BRASIL, 2016, 82 MIN., DRAMA
ELENCO:
MARCOS VERA – ROBERTO
DÉBORA FALABELLA – CLÁUDIA
PEDRO VINÍCIUS – FABRÍCIO


Paulo Machline adapta do best-seller O Filho Eterno de Cristovão Tezza este filme sensível, com bom resultado, apesar do tema já ter sido bastante discutido. Roberto é um escritor que em 1982 será pai pela primeira vez, com grandes expectativas para o filho que virá. Sua mulher, Cláudia, também está ansiosa, mas de outra forma, mais maternal. Ele é louco por futebol e estamos em plena Copa do Mundo. O garoto já tem até uma camiseta da seleção mesmo antes de nascer. O parto é concluído com sucesso, porém existe um senão, o bebê nasceu com “mongolismo” como falavam à época ou síndrome de Down como é nominado hoje em dia.  O preconceito contra isso era enorme nos anos 80 e Roberto não consegue aceitar, raciocinando que fora condenado à prisão perpétua com tamanho problema. Sem saber lidar com a situação afasta-se da criança e de Cláudia, que por sua vez acredita que, com amor e terapia adequada, o menino e o casal poderiam ser felizes. Roberto passa a viajar frequentemente a trabalho, arranjando uma amante para a qual conta ser casado, mas não ter filhos. Cláudia segue de maneira pragmática e carinhosa com suas convicções. Lidando com grosseria e desajeito com Fabrício, que aos 10 anos já demonstra ter soluções para seu caso, enfrenta um incidente que o fará mudar de ideia. Débora Falabella tem uma ótima atuação no filme, demonstrando grande afeto maternal e naturalidade e o garoto Pedro Vinícius é sensacional. O final é um pouco brusco, mas no mais o filme esclarece muito sobre a Síndrome de Down, a negação e preconceito de várias famílias sobre o fato. Bom programa e elenco de primeira.



terça-feira, 13 de dezembro de 2016

DEPOIS DA TEMPESTADE DE HIROKAZU KORE-EDA




UMI YORI MO MADA FUKAKU, JAPÃO, 2016, 117 MIN., DRAMA.
ELENCO:
KIRIN KIKI – YOSHIKO
HIROSHI ABE – RYOTA
TAYIO YOSHIZAWA – SHINGO
YOKO MAKI - KIOKO


O ótimo diretor de dramas familiares, desta vez aborda o Japão moderno em um delicado filme onde a simplicidade com que os fatos são apresentados e o temperamento cáustico e irônico da matriarca marcam as passagens mais relevantes do filme. O longa representa o universo global e as dificuldades de relacionamento entre as pessoas. Hirokazu introduz primeiro os familiares. Yoshiko é a matriarca de setenta anos, que depois da viuvez benvinda resolve preencher sua vida aprendendo música clássica com um antigo maestro. Vive em um condomínio de classe média, que detesta, convivendo relativamente pouco com os filhos. A ex-mulher de Ryota, Kioko, é tratada como uma verdadeira filha e o encontro entre elas é sempre amável e cuidadoso. Seu neto tem nela uma heroína. Ryota está com cinquenta anos, muito alto para o padrão japonês e belo. Considerado um ótimo escritor no passado, agora vive fazendo bicos como detetive particular, com a desculpa de recolher material para um  novo livro. Ganha mal, aposta em jogos para tirar um extra, bebe e não consegue ajudar na educação de Shingo. Ele não se tornou o que gostaria de ter sido um dia e repete o comportamento do pai. Sua ex-esposa é bela, educada e independente, criando o filho com seu próprio dinheiro. Ocorre que estando divorciada tem um namorado rico e atencioso que gosta dela e de Shingo. Feita as apresentações, iremos para o cotidiano dos personagens, com suas divergências, necessidades, amores e conflitos como em qualquer lugar do mundo. O vigésimo terceiro tufão passa pelo local e isso vai oferecer uma oportunidade que não será desperdiçada por Yoshiko, que vai conseguir unir os três heróis com grande estranhamento e quem sabe uni-los em um futuro qualquer. Os diálogos são muito inteligentes e as tiradas mordazes da matriarca fazem com que não se transforme em um filme pesado de fracassos, mas de leveza e humor. A atuação dos atores é ótima e a luz natural do filme encantadora. Imperdível!!









terça-feira, 6 de dezembro de 2016

NINGUÉM DESEJA A NOITE DE ISABEL COIXET




NADIE QUIERE LA NOCHE, ESPANHA, 2015, 104 MIN., DRAMA
ELENCO:
JULIETTE BINOCHE – JOSEPHINE PEARY
RINKO KILUCHI – ALLAKA
GABRIEL BYRNE – BRAM TREVOR




Isabel Coixet, nesse filme, faz com que nossos sentimentos cheguem ao limite. Conta a história verídica, passada em 1908, quando uma mulher da alta sociedade americana resolve  encontrar o marido em expedição a procura do Polo Norte. Robert Peary era um explorador, que fora várias vezes ao mais longínquo extremo do hemisfério norte, querendo lá fincar a bandeira americana. Josephine, sua esposa inflexível e autoritária, o acompanha em suas viagens, tendo tido, inclusive, uma filha em plena jornada. Depois de anos, resolve unir-se a ele na mais das perigosas missões, pois o escuro inverno polar estava para chegar. Na primeira cabana de apoio não o acha, pois havia partido há pouco. Nesse local convence as pessoas interessadas nessas viagens a levá-la até uma segunda cabana, um lugar absolutamente gélido e inóspito. Sua bagagem é composta de belíssimos vestidos e arcas Louis Vuitton, sendo que uma delas guardava sua louça, cristais e prataria. Com essa pompa  gostava de viver naqueles ambientes. Chegando à choupana mais afastada, depara-se com uma jovem innuit, que não somente conhecia muito bem seu marido, como também esperava por ele. Para Allaka o sentimento de amor não era ligado ao de posse. Era algo muito maior e mais maleável. A rica americana não a suporta, entretanto com o passar do tempo, com as tempestades de neve e o frio intenso, precisam uma da outra para sobreviver, já que seu guia havia morrido no gelo e elas se encontravam sozinhas. Josephine passa por uma lição de humanidade, compaixão e piedade que nunca mais esquecerá. Allaka estava esperando um filho de Robert e ambas terão de desempenhar o papel de mãe para esse bebê.  A mudança ocorrida no caráter e postura de Josephine é um dos componentes principais do filme, que fala de amor e paixão. Muito bem dirigido, com bela fotografia, ganhou o premio Goya de Melhor Direção de Produção. As duas atrizes estão convincentes em suas interpretações. Imperdível para quem gosta de filmes de aventura.