terça-feira, 25 de outubro de 2016

O MESTRE DOS GÊNIOS DE MICHAEL GRANDAGE





GENIUS, REINO UNIDO, EUA, 2016, 117 MIN., DRAMA BIOGRÁFICO.
ELENCO:
NICOLE KIDMAN – ALINE BERNSTEIN
DOMINIC WEST
COLIN FIRTH – MAX PERKINS
JUDE LAW – THOMAS WOLFE
Baseado em um romance, Michael Grandage faz um bom filme sobre Max Perkins, editor, nos idos de 1929 quando os Estados Unidos se encontravam em plena depressão. O filme é muito interessante, pois aborda seu método de trabalho com gênios da literatura, mostrando o jovem Thomas Wolfe e de carona Ernest Hemingway e Fitzgerald, na época em que sua mulher estava com problemas mentais. Com uma interpretação excelente Colin Firth, como Max, é um dos maiores editores americanos da época, respeitado pela intelectualidade, honesto, sóbrio e aparentemente muito frio. Casado com uma mulher que adora teatro e quer escrever sua própria peça, tem quatro filhas adoráveis para as quais não pode dar a atenção que mereciam. Ao ler os originais dos escritores, faz recolocações, corta palavras e muitas vezes rearranja o texto de maneira esplendorosa. Os autores têm a maior confiança em suas decisões. Vive mais para seu trabalho do que para a família. Um belo dia recebe um calhamaço inacreditavelmente grande, que havia sido recusado por outros editores, mas resolve verificar do que se tratava. Era um rascunho do ainda jovem e promissor Thomas Wolfe. Thomas era particularmente detalhista, sensível ao máximo e dono de um vocabulário e imaginação invejáveis. Lendo sem parar até a página final, chama o rapaz à sua empresa e de pronto lhe oferece 500 dólares adiantado. Thomas não acredita em sua sorte e passa a falar sem parar. Fora ajudado por Aline (Nicole Kidman), que se separara de seu marido banqueiro a fim de ajudar aquele homem por quem se apaixonara. Nicole também gosta de teatro e está dirigindo uma peça, mas Wolfe a ignora, assim como a intelectual. É o tipo de pessoa que tem um grande ego e crê que só o que produz merece sua atenção. O filme relata exatamente o relacionamento de Thomas com seus mais próximos, a família de Perkins, o qual vai lapidando sua obra para torná-la viável de ser lida. Serão muitas as exaltações de ambos os lados, o ciúme de sua mulher e o desencanto de sua mecenas. O livro, com o título  Look Homeward, Angel é dedicado a Aline Bernstein, que sacrificara sua vida por ele, tornando-se um sucesso imediato. É reconhecido em todos os lugares por onde anda e exultante por ser  prestigiado junto ao público. Achava-se o próprio Caliban da peça A Tempestade de Shakespeare. O grande James Joyce para ele não era grande coisa. Seu segundo livro é escrito rapidamente, Of Time and The River, e igualmente outro estrondo de vendas. Ocorre que nosso jovem escritor abandona sua namorada, seu editor e vai para Paris, a fim de não saber como seria o recebimento da crítica sobre o novo livro. Ele literalmente usa as pessoas para ser bem sucedido. No terço final do filme vemos um Jude Law envaidecido com seu sucesso andando por uma praia deserta, quando cai na areia. O diagnóstico será tão intrigante quanto seus escritos, “uma miríade de tumores inoperáveis.” Morre jovem e seu corpo é levado por sua velha mãe. Escreveu vários livros. Imperdível!


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

INFERNO DE RON HOWARD





INFERNO, EUA, TURQUIA, JAPÃO, HUNGRIA, 2016, 121 MIN., AÇÃO
ELENCO:
TOM HANKS – ROBERT LONGDON
FELICITY JONES – MÉDICA SIENA BROOKS
OMAR SY - DELEGADO
IRFFAN KHAN - DIRETOR

Esta é a terceira adaptação de livros de Dan Brown para o cinema. Como os outros, sua literatura é apenas razoável, mas os textos ágeis e movimentados. Tom Hanks  volta na pele do professor e criptologista Robert Longdon, de Harward, para resolver mais um problema intricado, usando seu conhecimento da literatura de Dante, o meandros da Divina Comédia e seu extenso saber sobre os pintores italianos do passado que retrataram esse poema.  O caso é gravíssimo, pois estavam a procura de um vírus produzido por um cientista bilionário, maluco e suicida, que quer dizimar a população da terra, pois se encontrará em estado de crise populacional em breve. Para tanto Longdon segue para Florença e acorda com um ferimento na cabeça e desmemoriado. Uma jovem médica será sua salvação, pois em seu encalço estão agentes da Organização Mundial da Saúde, da polícia italiana e um homem conhecido como o Diretor, a fim de que descubra essa substância, que se encontra em algum lugar mencionado no famoso livro e nos quadros que o representam. Ao acordar no hospital, percebe que está em Florença, através da janela do quarto. Todavia não faz a mínima ideia do que se passa, sendo guiado por Felicity Jones. Há muita confusão e reviravoltas nesse caldeirão de informações que vão sendo resolvidas rapidamente. As paisagens são bonitas, com visões de Florença, da máscara mortuária de Dante Alighieri e Istambul, finalizando dentro da esplendida Cisterna da Basílica desse local. Como o livro o filme prende a atenção, mas revela-se  mediano. Bom programa.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

KÓBLIC DE SEBASTIÁN BORENSZTEIN






KÓBLIK, ARGENTINA, 2016, 92 MIN. DRAMA.
ELENCO:
RICARDO DARIN – TOMÁS KÓBLIC
OSCAR MARTINEZ –
INMA CUESTA –
O filme de Sebastián Borensztein, diretor argentino do ótimo Um Conto Chinês,  começa com Tomás Kóblic correndo para um pequeno avião, onde sua esposa o espera. O destino será um vilarejo no sul da Argentina, Colonia Helena, no meio do nada. Ao chegarem, percebemos que estão fugindo. Ele sugere que ela volte a Buenos Aires, proteja-se e não mencione a ninguém o nome daquele lugar e seu paradeiro. Estaria salva e livre. Tomás vai trabalhar para um amigo como piloto, a fim de pulverizar plantações das fazendas desse local. Ex-capitão e piloto das Forças Armadas durante a última ditadura militar do país, esconde algo  em seu passado que o forçou deixar a aviação e viver como fugitivo por não concordar com os métodos de extermínio do qual fizera parte. Passa-se em 1977, durante a ditadura militar que perdurou vários anos, causando muitos danos e mortes. Em seu primeiro voo no povoado, o avião tem uma pane e é obrigado a aterrissar na estrada, quase atropelando o corrupto delegado de polícia da vila. Não é um encontro amistoso e Tomás permanece calado quase todo o trajeto para a cidade em companhia do policial. Este, acostumado a desconfiar de todos, ameaça toda a cidade para que fique de olho no recém-chegado, pois não acreditava que fosse um piloto qualquer pelo modo como fizera as manobras no pequeno avião. Tomás vive sozinho no hangar de seu amigo, compra gasolina e gás em um posto nas cercanias. Lá encontra uma jovem e o pior acontece. Apaixonam-se a primeira vista, apesar de ser casada com um brutamontes bem mais velho do que ela. O filme conta o passado de Tomás, através de flashbacks. O relacionamento entre o casal é para lá de perigoso e improvável, pois o delegado corrompido está associado aos militares e seu marido. A história é bem mais sórdida do que parece, com inúmeros assassinatos.  Bom suspense, boa apresentação de Darin.


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

NO FIM DO TÚNEL DE RODRIGO GRANDE





AL FINAL DEL TÚNEL, ARGENTINA, ESPANHA, 2016, 120 MIN., SUSPENSE.
ELENCO:
LEONARDO SBARAGLIA – JOAQUÍN
CLARA LAGO – BERTA
CÃO IDOSO – CASEMIRO

Joaquín está preso a uma cadeira de rodas, pois sofrera um acidente de carro, perdendo a filha e mulher. Mora sozinho em Buenos Aires com seu cão idoso e muito doente, em uma casa grande e abandonada, ao lado de um banco.  Chove pesadamente, enquanto isso ele procura no Google uma maneira de dar cabo da vida de Casemiro, sem sofrimento. Conseguindo injetar veneno em uns bolinhos de carne (lembrem-se desse detalhe), a porta da casa é quase arrombada pela bela stripper Berta, tendo em seu colo sua filha de 6 anos que não fala há 2. Sem cerimônia diz que atendendo ao aviso do lado de fora, pretende alugar um quarto da casa e que voltará em meia hora com suas malas, apesar da negativa e constrangimento de Joaquín.  Ela se instala e tenta interagir com ele, mas acostumado a viver só com seu cachorro não responde bem à invasão. Joquín é um craque da informática, mecânica e que tais, trabalhando no porão da casa onde tem um grande estoque de equipamentos. Aos poucos os dois adultos vão se dando bem, principalmente pelo alto astral de Berta. Casimiro melhora com a presença da garotinha, voltando a andar e comer. Em um de seus serões noturnos, o herói ouve ruídos de pás na parede ao lado e colocando um estetoscópio descobre que é uma quadrilha, ajudada por um diretor de banco, que planejam um grande assalto, construindo um túnel que dará em baixo do piso do cofre. Muito astuto pensa em tirar algum proveito daquela situação.  Com o decorrer do filme o ótimo Rodrigo Grande, com um roteiro muito bem escrito e eficaz, nos leva a um suspense de grande rotatividade. Tudo ficará de cabeça para baixo com desfecho eletrizante. Programa IMPERDÍVEL. O cinema argentino continua em uma grande fase. 

domingo, 9 de outubro de 2016

NOSSO FIEL TRAIDOR DE SUSANNA WHITE




OUR KIND OF TRATOR, REINO UNIDO, 2016, 107 MIN. SUSPENSE
ELENCO:
EWAN MCGREGOR - PERRY
STELLAN SKARGARD – DIMA
DAMIAN LEWIS - HECTOR
NAOMI HARRIS – ADVOGADA, GAIL

Este “thriller” inglês, infelizmente não me causou nenhum “thrill” (emoção), apesar de ser baseado em um livro de John le Carré. Com ótima imagem, paisagens deslumbrantes dos Alpes ele não emociona. Trata-se de uma história até interessante e bem conhecida dos brasileiros: lavagem de dinheiro. Dois homens completamente diferentes vêm seus destinos entrelaçados. Perry é jovem professor universitário, Poesia, e sua esposa bela e negra. Gail é advogada bem sucedida. Estão em uma viagem ao Marrocos, a fim de melhorar o relacionamento entre eles. Dima, bem mais velho, está com a família e é um mafioso russo de “alma branca”, se isso é possível de se dizer, parece ser uma pessoa que se importa com a vida. Conhecem-se em um luxuoso cabaré. Sua mulher sai e ele é convidado, ou melhor, intimado a participar de um grupo que bebia muito em outra mesa. Aí começa sua saga, pois o homem que o convidou é exatamente o contraventor russo, de memoria extraordinária, que precisava abrir um banco em Genebra, com filial em Londres, a fim de poder fazer a lavagem de dinheiro com mais segurança e seu intermediário escolhido é exatamente o boa praça inglês. Era necessário que a ação chegasse a um bom termo, caso contrario sua família seria assassinada, assim como ele. Apesar disso não há tensão, mas belas imagens de todos os lugares por onde andarão. Várias reviravoltas ocorrem, pondo em risco a vida de todos os participantes. Espere até o final para ver como parte do governo corrupto da Inglaterra e a Máfia Russa acertarão suas contas. Bom como passatempo e John le Carré é um ótimo escritor desse tipo de história.