terça-feira, 20 de março de 2018





EM PEDAÇOS DE FATIH AKIN

AUS DEM NICHTS, ALEMANHA, FRANÇA, 2017, 106 MIN. DRAMA.
ELENCO:
DIANE KRUGER – KATJA SEKERCI
NUMAN ACAR - NURI SEKERCI
DENIS MOSCHITTO – DANILO FAVA, ADVOGADO

Ganhador do Globo de Ouro, o filme não foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, apesar de Fatih Akin ter feito um ótimo filme. Ele fala de coisas bem atuais, empatia, que o filho do casal pronuncia no começo do filme, crise de xenofobia, migração, nazismo e justiça. Na Alemanha atual um casal, ele turco ela alemã, se casa enquanto o noivo ainda cumpria pena, por tráfico de drogas. Com uma vida familiar tranquila e calorosa eles vivem felizes com seu filhinho, Rocco, longe do centro da cidade. Durante uma tarde, Katja deixa o filho com o pai em seu escritório e sai com uma amiga para distrair-se e tomar um banho turco. Na volta pegaria os dois e iriam para casa. Quando chega, uma bomba havia sido explodida em frente ao local, agora apinhado de gente e policiais. Chegando ao escritório o que sabe é que todos morreram, faltando identificar um homem e um menino. Seu mundo acaba e ela sofre uma forte comoção. Como fica nossa heroína? Aus dem Nichts (aos pedações, em alemão). Enfrenta a justiça no mesmo dia e quer que a verdade surja de qualquer maneira. Lembrava-se de uma jovem alemã deixando sua bicicleta nova nesse lugar, avisando-a para trancá-la, pois poderia ser roubada.  Ela consegue passar essa preciosa informação, pois a causa da morte fora o nazismo, sob seu ponto de vista. Tratava-se de um bairro turco. Com retrato falado e mais informações eles chegam ao  casal que praticou o assassinato. A causa parece ganha pela justiça, não havia qualquer contestação, todavia a resultado é outro. Desesperada parte para o antiquíssimo Código de Hamurabi “olho por olho, dente por dente.” O filme é praticamente o excelente desempenho de Diane Kruger em busca de justiça e redenção. Expressiva não precisa de muitas palavras para transmitir sua dor. O diretor vai soltando vários indícios de como a estória poderia terminar, mas ninguém estará preparado para o surpreendente final. Excelente roteiro, desempenhos e retrato da penosa situação mundial quanto à imigração em massa. Imperdível para os amantes do tema.



terça-feira, 13 de março de 2018

15:17 TREM PARA PARIS DE CLINT WEASTWOOD





THE 15:17 TO PARIS, ESTADOS UNIDOS, 2017, 94 MIN. DRAMA BIOGRÁFICO.


ELENCO:
ANTHONY SADLER – HIMSELF
ALEK SKARLATOS – HIMSELF
SPENCER STONE – HIMSELF
MARK MOOGALIAN - HIMSELF

Spoilers.
Neste filme produzido e dirigido por Clint Weastwood temos a história verdadeira de um ataque terrorista, ISIS, baseado no livro de E. Stern e nos três heróis dessa incrível história, ocorrida em 2015. O longa começa mostrando pessoas se deslocando dentro de uma estação ferroviária para viajar. Depois de algum tempo, já com todos a bordo do 15:17 rumo a Paris, sai da cabine toalete um jovem mulçumano armado até os dentes, que é imediatamente cercado por alguns homens desconfiados da demora e o trem entrando em pânico, pois um tiro havia sido disparado. O filme volta para 2005, contando o início desse drama. Nos Estados Unidos, Califórnia, duas mães são chamadas pela pedagoga de uma escola católica para informar que os filhos eram problemáticos por não serem atentos e deveriam tomar medicações para corrigir esse problema. Saem furiosas da escola, além de terem sido declaradas mães solteiras sem pulso com os filhos, voltando para suas casas. Logo em seguida Alex e Spencer são chamados pela diretoria pelo mesmo motivo: falta de atenção. E encontram um terceiro menino muito simpático, Antony Sadler, que era exatamente igual aos outros dois. Antony tem mãe e pai, é afrodescendente,  extremamente cativante e ótimo atleta. As mães sempre os apoiam quando dessas chamadas na escola. Os dois primeiros garotos são apaixonados por armas e guerras, brincando sobre isso todos os dias. Os três meninos tornam-se melhores amigos desde então. No tempo atual, Spencer tornara-se alto e gordo, trabalhando em uma cafeteria. Um dia encontra um oficial do exército americano que lhe fala sobre o ótimo trabalho dos Pararescueman (Soldado Paraquedista de Resgate). Animado, passa a fazer regime, atingindo o peso ideal e ainda por cima exercitando seu condicionamento físico. Está pronto para a guerra. Alistando-se, não é aceito onde gostaria de trabalhar por um problema oftalmológico, mas vai para outro ramo do exército, sendo levado para fora do país. Alek faz o mesmo, mas vai treinar no meio oeste americano. Conversando frequentemente por Skype os amigos resolvem se encontrar na Alemanha, durante a primeira folga que tivessem, para visitar a namorada de Alek. Ainda convidam Antony para completar o trio de antigamente. Depois da Alemanha, vão para Amsterdã e finalmente partem para Paris, em um trem bala, o mencionado no início da narrativa. Mark, um dos passageiros, havia notado a demora no toalete, assim como outro homem e decidem esperar na porta, a fim de verificar o que estava ocorrendo. O tiro do terrorista atinge o pescoço de Mark, provocando uma enorme hemorragia. Chegando ao comboio dos três amigos, imediatamente Spencer parte para a ação, seguido pelos amigos. São os momentos mais interessantes e tensos do filme, pois aqueles jovens que eram considerados um desastre, aplicam toda a sabedoria conquistada no exército para imobilizar o terrorista, assim com estancar com os dedos o ferimento do jovem americano. Os passageiros do trem acotovelam-se, tentando fugir dos tiros. Os outros dois amigos são cruciais para tomar conta da situação e o fazem brilhantemente. Na próxima estação, está à espera do trem, médicos e policiais. Ninguém é morto e recebem cuidados em um hospital mais próximo. Nessa parada é constatado que o terrorista levava uma quantidade enorme de munição e armas, que poderia ter explodido todos a bordo, 500 pessoas. Mais tarde os três amigos serão homenageados pelo Governo Francês. François Hollande concede-lhes a mais alta comenda francesa, Legião de Honra. O quarto passageiro, Mark, também é homenageado, com presença das mães dos americanos e a esposa de Mark. Filme muito bom e estrelado pelos próprios heróis que se dispuseram a participar do longa. Nem sempre pessoas com déficit de atenção são menos admiráveis do que as outras. Imperdível! Clint Weastwood continua em pleno vigor profissional.


terça-feira, 6 de março de 2018

SEM AMOR DE ANDREY ZVYAGINTSEV





LOVELESS, RÚSSIA, ALEMANHA, FRANÇA, BÉLGICA, 2017, 128 MIN. DRAMA.

ELENCO:
MARYANA SPIVAK – ZHENYA
ALEXEY ROZIN – BORIS
MATVEY NOVIKOV  - ALEXEY (FILHO DO CASAL)

Nesse intrigante filme o diretor Andrey Zvyagintsev apresenta-nos primeiro o local onde o longa se passa. Rússia, outono, uma bela floresta e uma enorme árvore com seus galhos cobertos pelas primeiras neves, refletidos no rio. Uma imensa paz, mas a música, apesar de lenta e bela, revela uma tensão que virá e não deixará mais de acontecer. O filme é didático, refletindo a Rússia moderna. Foca o lado obscuro e psicológico do ser humano de qualquer lugar. As cenas são lentas, deixando espaço para a reflexão. Depois do local seremos apresentados aos personagens: um casal em processo de divórcio violento e um garoto de 12 anos, nunca amado, que ouve a briga acirrada dos pais, provando que eles nunca o desejaram e era um estorvo em suas vidas. Seu rosto choroso e mudo é dilacerante, depois disso começa a tragédia. Os adultos já têm outros parceiros, mas ainda não declaradamente. Ela, um homem mais rico e ele uma jovem que está nos últimos dias de gravidez e mora com a mãe. A menino não viera dormir e, chamando a polícia, Zhenya decepciona-se com a frieza e falta de interesse por parte deles, que a aconselham pedir ajuda a um grupo para localizar a criança. São experientes e farão um bom trabalho, mas não pertencem ao estado. O pai com relutância vai ao encontro dessas pessoas, mas primeiro sugere que a mulher fale com a mãe e veja se o menino está lá. Essa mulher é uma russa idosa e sem sentimentos, não gosta da filha, que engravidou antes de se casar e jamais acolheria o neto. Os diálogos ácidos são colocados da maneira mais real possível, mostrando o quanto essas mulheres tinham em comum, o desprezo mútuo. Brigando com o marido é deixada por ele na beira da estrada. O grupo de ajuda chega e faz uma varredura muito bem feita, mas sem resultado. A polícia é acionada novamente para passar mais informações. Consegue chegar a seu único amigo, um garoto tímido como Alexey, informando relutantemente que tinham uma base, uma casa abandonada na floresta. Lá encontram apenas seu casaco e as buscas se intensificam envolvendo os próprios namorados. Entre as cenas de resgate, vamos sabendo melhor sobre a situação dos personagens envolvidos e suas histórias de vida. Todos amargos, pensando no momento presente e como poderiam sair dessa situação. Convidados a ver um corpo de criança no Instituto Médico Legal, a mãe desmorona e não pode aguentar mais, contudo não se tratava de seu filho. Confrontando a realidade daquele corpinho tão machucado e abandonado, ambos caem em uma crise de choro e realidade. As cenas seguintes são fortes, o bebê já nasceu e deve ter em torno de dois anos, Boris está ainda mais indiferente. Zhenia mora, agora, em uma belíssima casa com o namorado. Depois do sexo vai treinar em uma bicicleta ergométrica no terraço envidraçado. O começo do outono já chegara novamente. O clima é sem amor, sem redenção. Apenas um vazio total.  Filme excelente e duro. O diretor transmite o que deseja.