MARGUERITE, FRANÇA, BÉLGICA, REPÚBLICA TCHECA, 129 MIN.
DRAMA
ELENCO:
CATHERINE FROT – MARGUERITE DUMONT
ANDRÉ MARCON – MARIDO BARÃO
THÉO CHOLBI – CRÍTICO MUSICAL
Esse ótimo drama psicológico
ganhou no César de 2016 quatro prêmios: melhor som, direção de arte, figurinos
e atriz para a impecável Catherine Frot no papel de Marguerite. Trata-se de uma
história baseada em fatos reais ocorridos com a americana Florence Foster
Jenkins (1868-1944) que se chamará Marguerite nesse longa. Era uma mulher
riquíssima casada com um nobre pobre, tornando-se baronesa. Em 1920, essa criatura generosa convive com um
círculo de amigos intelectuais que se aproveitam de sua fragilidade e problemas
psicológicos para tirar o máximo proveito possível. Realiza recitais em sua
mansão para arrecadar dinheiro para pessoas necessitadas. O filme começa com um
deles, que tem o intuito de ajudar os órfãos da Primeira Guerra Mundial. Lá
está a mais fina casta da sociedade e nobreza. Vemos a mansão repleta de
pessoas em trajes de gala, bebida e comida a rodo, uma pequena orquestra e
cantores líricos interpretando lindas canções. Dois jovens anarquistas, um
poeta e outro crítico musical, pulam o muro para assistir de perto o que já
haviam ouvido falar. Quando ela sobe no palco, com toda pompa e começa a cantar,
levamos um susto. Sua suposta voz de soprano é um desastre. São gritos e
desafino irritantes, causando zombaria e risos de todos sem que perceba. Um
grupo de homens tranca-se em uma sala para não ouvi-la e seu marido sempre chega
bastante atrasado. Admira-a por sua obstinação, mas vê que se transformou em um
monstro e não sabe como resolver a situação, tendo para consolo uma amante que
é amiga de Marguerite. Durante a história desenrola-se esse drama pessoal
gravíssimo, pois alheia ao próprio despreparo, tem uma coleção de partituras e
roupas de palco caríssimas e ninguém tem o carinho e a coragem suficientes para
alertá-la de sua ridícula situação, que perdura há anos. Os jovens penetras
planejam depená-la com falsas promessas e um artigo jornalístico, que
Marguerite julga ser um elogio ao seu desempenho, mas não passa de chacota. Os
rapazes conseguem tirá-la de casa e fazer com que frequente uma boate de baixo
nível, expondo-a ao vexame e convívio com estranhos artistas e pintores da época
do dadaísmo. Tudo isso para ela é novo e não passa de uma bela amizade, uma
nova condição em sua vida. O filme vai tomando um caminho muito perigoso para a
solitária baronesa, com um final surpreendente, pois até o mau caráter
jornalista acaba apiedando-se dela por seu frescor e ingenuidade. Excelente
drama, com nuances de comédia, muito bem dirigido e interpretado com intensidade
por Catherine Frot, que se joga fundo no personagem. Imperdível.