ESPANHA, FRANÇA, PORTUGAL/2010, 97 MIN.DRAMA
ELENCO:
PILAR LÓPEZ DE AYALA
RICARDO TREPA
FILIPE VARGAS
Esse filme não é para qualquer
público, você precisa ter sensibilidade e lembrar-se que Manoel está com 104
anos e ainda produzindo muito. Mas a morte não estará assim tão longe, então ele
nos presenteia com esse longa, tirado de experiências pessoais. O filme parece
uma série de fotos muito bem tiradas. O enredo desenrola-se na região do Douro,
em Portugal. O jovem fotógrafo Isaac, judeu português, está hospedado em uma
acolhedora pensão, quando é chamado de madrugada pela dona de uma quinta para
fotografar sua linda filha que acabara de morrer. Ela fora arrumada pela irmã
freira e pela mãe e exibe um sorriso singular no rosto. Ao chegar o jovem
comove-se com a grandeza da casa e mais com a beleza de Angélica. Durante uma
das fotos, ela sorri para ele e abre os olhos. Isaac sai rapidamente do local,
com um novo e perturbador semblante. Paralelamente fotografa uma pequena vinha,
cultivada do modo antigo, com trabalhadores de enxadas nas costas, que cantam
para dar ritmo ao trabalho. Ele os fotografa durante a semeadura. Na porta do
balcão de seu quarto organiza uma estranha exposição, misturando fotos da jovem
com a dos trabalhadores. De tanto pensar em Angélica ela acaba aparecendo para
ele, em espirito, com seu vestido de noiva. Não só a vê como sonha com ela e
isso se desenvolve em uma louca paixão. O filme foi roteirizado em 1952 e só em
2010 finalizado. O contraste entre o Portugal antigo e novo é mostrado e o
deterioramento do estado mental de Isaac. Próximo ao final fala-se de morte de animais
domésticos – um passarinho talvez devorado por um gato, latidos de cachorro e
da transmutação de Isaac para outro plano. Essas imagens espiritualizadas são
muito bonitas e também nos dão uma visão das montanhas e do céu repleto de
estrelas. Se resolver assistir fique até o final, caso não goste do tema
metafísico e espiritualista nem se dê ao trabalho.