segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O ESTRANHO CASO DE ANGÉLICA DE MANOEL DE OLIVIERA

ESPANHA, FRANÇA, PORTUGAL/2010, 97 MIN.DRAMA
ELENCO:
PILAR LÓPEZ DE AYALA
RICARDO TREPA
FILIPE VARGAS                                               


Esse filme não é para qualquer público, você precisa ter sensibilidade e lembrar-se que Manoel está com 104 anos e ainda produzindo muito. Mas a morte não estará assim tão longe, então ele nos presenteia com esse longa, tirado de experiências pessoais. O filme parece uma série de fotos muito bem tiradas. O enredo desenrola-se na região do Douro, em Portugal. O jovem fotógrafo Isaac, judeu português, está hospedado em uma acolhedora pensão, quando é chamado de madrugada pela dona de uma quinta para fotografar sua linda filha que acabara de morrer. Ela fora arrumada pela irmã freira e pela mãe e exibe um sorriso singular no rosto. Ao chegar o jovem comove-se com a grandeza da casa e mais com a beleza de Angélica. Durante uma das fotos, ela sorri para ele e abre os olhos. Isaac sai rapidamente do local, com um novo e perturbador semblante. Paralelamente fotografa uma pequena vinha, cultivada do modo antigo, com trabalhadores de enxadas nas costas, que cantam para dar ritmo ao trabalho. Ele os fotografa durante a semeadura. Na porta do balcão de seu quarto organiza uma estranha exposição, misturando fotos da jovem com a dos trabalhadores. De tanto pensar em Angélica ela acaba aparecendo para ele, em espirito, com seu vestido de noiva. Não só a vê como sonha com ela e isso se desenvolve em uma louca paixão. O filme foi roteirizado em 1952 e só em 2010 finalizado. O contraste entre o Portugal antigo e novo é mostrado e o deterioramento do estado mental de Isaac. Próximo ao final fala-se de morte de animais domésticos – um passarinho talvez devorado por um gato, latidos de cachorro e da transmutação de Isaac para outro plano. Essas imagens espiritualizadas são muito bonitas e também nos dão uma visão das montanhas e do céu repleto de estrelas. Se resolver assistir fique até o final, caso não goste do tema metafísico e espiritualista nem se dê ao trabalho.

O TEMPO E O VENTO DE JAYME MONJARDIM

BRASIL, 2012, 127 MIN, DRAMA
ELENCO:
FERNANDA MONTENEGRO – BIBIANA
THIAGO LACERDA – CAPITÃO RODRIGO
MARJORIE ESTIANO – BIBIANA JOVEM
CLÉO PIRES –
Este belo longa metragem é o segundo de Jayme Monjardim, o primeiro foi o ótimo Olga. Apesar da imprensa não dar uma boa avaliação é uma obra bem sucedida, tanto no desempenho dos atores como na fotografia. A direção é segura. Este épico, baseada no livro de Érico Veríssimo, passa-se no fim do século XIX, culminando na Revolução Federalista (1893-95) e conta a saga de duas famílias inimigas mortais - Amaral e Terra-Cambará, no Rio Grande do Sul, região bela, fria e inóspita no inverno com seu vento cortante. Muito da história do Brasil da época das missões e dos ataques dos castelhanos é mostrada e bem desenvolvida, mostrando a formação desse estado.  Começa com um indiozinho filho de branco e uma nativa, que vai parar nas missões dos jesuítas. Ele se transforma num Terra e toda sua descendência vai ser contada, através de um relato de Bibiana (ótima Fernanda Montenegro) durante o ataque dos Amaral ao casarão dos Terra-Cambará na cidade de Santa Fé. Com o sítio que dura vários dias, a comida acaba e a bisavó Bibiana Terra-Cambará, que está com febre, sente a presença de seu jovem marido, capitão Rodrigo, que morrera há décadas, durante uma emboscada. Com o relato e lembranças que conta ao marido, vemos o destino irregular dessas duas famílias, pois o capitão era um forasteiro, mas um bravo soldado que se apaixonara por Bibiana Terra, tirando-a do filho do Coronel Amaral, que também queria desposá-la. O desempenho de Thiago Lacerda, como capitão Rodrigo Cambará, é forte e belíssimo. O relato histórico é importante, pois muitos não sabem o que ocorreu durante essa sangrenta e dura guerra civil, que separaria o Brasil. Creio que mais filmes históricos deveriam ser produzidos, pois nossa história é rica, pela dimensão do país, e muito pouco aproveitada pelos cineastas. Bom programa!
"Naquela tarde de princípios de novembro, o sueste que soprava sob os céus de Santa Fé punha inquietos os cata-ventos, as pandorgas, as nuvens e as gentes: fazia bater portas e janelas: arrebatavam de cordas e cercas as roupas postas a secar nos quintais: erguia as saias das mulheres, desmanchava-lhes os cabelos: arremessava no ar o cisco e a poeira das ruas, dando à atmosfera uma certa aspereza e um agourento arrepio de fim de mundo.
Por volta das três horas, um funcionário da Prefeitura assomou à janela da repartição e olhou por um instante para as árvores agitadas da praça, exclamando: "Ooô tempinho brabo!"
Num quintal próximo, recolhendo às tontas as roupas que o vento arrancara do coradouro e espalhara pelo chão, uma dona de casa resmungava: " É para um vivente ficar fora do juízo!"(...)
— O Tempo e o Vento/O Retrato




domingo, 22 de setembro de 2013

A SORTE EM SUAS MÃOS DE DANIEL BURMAN

LA SUERTE EM TUS MANOS, ARGENTINA, ESPANHA, BRASIL, COMÉDIA ROMÂNTICA
2012, 110 MIN.
ELENCO:
NORMA ALEANDRO
VALERIA BERTUCCELLI
JORGE DREXLER - URIEL
 Drexler, cantor e compositor argentino, ganhou visibilidade mundial ao ganhar o Oscar de melhor canção por Al Outro Lado del Rio de Diários de Motocicleta em 2005. Para quem gosta de jogo e de filme argentino este é um prato feito. Neste longa metragem ele se sai muito bem, também como ator. Uriel é um portenho divorciado e com dois filhos pequenos, que herdou uma financeira do pai, mas jogador compulsivo vive apostando para melhorar as finanças que nunca fecham. Decido a fazer vasectomia, encontra uma antiga namorada de juventude, Gloria (Valeria Bertuccelli) que acabou recentemente com um relacionamento. Dado ao sexo casual estava firme em sua resolução, até que esse novo namoro progride para algo mais firme e ele se vê constrangido com relação a jovem. Mentiroso quase estraga seu futuro. O roteiro é um pouco previsível, mas em nada estraga essa sedutora comédia. Bom programa e boas atuações.


JOBS DE JOSHUA MICHAEL STERN

JOBS DE JOSHUA MICHAEL STERN
JOBS, EUA/2013, 122 MIN. DOCUDRAMA
ELENCO:
ASHTON KUTCHER – JOBS
J.K. SIMMONS
JOSH GAD – STEVE WOZNIAK

Esse filme dirigido por Michel Stern conta a vida de Steve Jobs (1955-2011), um dos fundadores do Apple e um gênio, morto recentemente, vítima de câncer. Começa na sua adolescência transgressora, nos tempos de universidade na década de 70, até a apresentação do IPod (uma cena no início), em 2000, com um vácuo de tempo. Muitos críticos consideram um filme pequeno para tal personalidade, mesmo assim aprendemos coisas interessantes sobre ele. Aluno rebelde, mesmo incentivado pelos mestres, decide continuar sua vida dentro do campus universitário, andando descalço, como inspiração, mas desiste das salas de aulas e não quer ter um diploma, pois o pragmatismo e a inventividade eram mais importantes. Na garagem da casa de seus compreensivos pais reúne um grupo de jovens parecidos com ele e tenta fazer um Personal Computer ajudado pelo sócio Steve Wozniak (Josh Gad em ótima representação), responsável pelas criações e Jobs, ótimo vendedor, cuidará das vendas. Esse rapaz não tinha um caráter exemplar, sempre disposto a tirar o máximo de vantagem em tudo. Era tirano com seus pares e acaba perdendo até sua sociedade com o talentosíssimo Steve que encarava o dinheiro de outra forma. O diretor mostra seu relacionamento com a família, pois durante muito tempo não reconheceu uma filha que tivera fora do casamento. A história corre fluida e interessante até o final, quando já é um homem publicamente consagrado, mas algumas perguntas interessantes sobre sua vida ficam sem respostas. Bom programa e ótimas atuações. Viva o criador da Apple.

A FAMÍLIA DE LUC BESSON

MALAVITA, EUA, FRANÇA/2013, COMÉDIA POLICIAL.
ELENCO:
ROBERT DE NIRO – GIOVANNI MANZONI
MICHELLE PFEIFFER - MAGGIE MANZONI
DIANNA AGRON – FILHA BELLE
JOHN D’LEO - FILHO WARREN
TOMMY LEE JOONES - ROBERT
Essa é uma divertida comédia mafiosa dirigida pelo diretor francês Luc Besson, que em 2012 criou a Cité du Cinema, no norte de Paris, que não vinha muito bem com seus últimos filmes. Produzido por ele e tendo como ator principal Robert de Niro, ambos em seu melhor, temos um ótimo resultado. Satirizando um mafioso americano que apontou, há anos, seus pares de crime, agora Giovanni vê-se obrigado a fugir de tempos em tempos, sob a proteção do programa a testemunhas dos FBI. Toda a família Manzoni tem um destinado errático, já que não conseguem  manter-se firmes e estão sempre causando confusão. Desta vez estão em uma pequena cidade da Normandia, sempre protegidos pelo conformado agente Stansfield (Tommy Lee Jones) e dois capangas do FBI que os acompanham. Recém-chegados à cidadezinha a ótima Michelle Pfeiffer, sendo muito mal atendida no supermercado local, antes de sair e deixar uma gorda gorjeta, ateia fogo nele. Giovanni, cansado de trocar de lugar, acha uma velha máquina de escrever e resolve contar sua vida sem rodeios, mas na primeira desavença com um encanador quebra suas pernas de maneira violenta. Belle, cobiçada na escola, resolve seus problemas com os garotos quebrando uma raquete de tênis no corpo do mais atrevido e o caçulinha Warrel, admirador do pai, parte para a chantagem e extorsão na escola e uma mal fadada fuga, quase no final do filme. Os Malzonis não são pessoas normais, apesar de muito unidos, eles gostavam do que faziam e não querem se regenerar. Essa é a pegada mais engraçada do filme, apesar de nada correta, mas o público torce para eles. Felizmente, Michelle foi tirada de certo afastamento, pois é notável atriz e desempenha Maggie, a má, com toda segurança e gosto. É ótimo vê-la como mãe desta família singular. Um dos melhores momentos de Robert é quando foi convidado, já que era supostamente um escritor, a dar uma palestra sobre o filme Os Bons Companheiros de Martin Scorsese. Tendo sido um dos protagonistas, seu rosto se ilumina em um sorriso e fala tão fluentemente sobre o caráter dos mafiosos que é aplaudido, em pé, pela pequena plateia, para desespero de Stansfield. Ótimo programa, com desempenho exemplar dos quatro protagonistas. Ah, ia esquecendo, há o cachorro Malavita que é sensacional. O filme foi baseado em um livro de Tonino Benacquista.



segunda-feira, 16 de setembro de 2013

FERRUGEM E OSSO DE JACQUES AUDIARD



DE ROUILLE ET D’DOS, FRANÇA/2012, 120 MIN., DRAMA
ELENCO:
MARION COTILLARD - STÉPHANIE
MATTHIAS SCHOENAERTS - ALAIN
CÉLINE SALLETTE


Indicado para o Globo de Ouro de 2013 como melhor filme estrangeiro e melhor atriz dramática,  Marion Cotillard de Piaf, este ótimo filme revela Matthias como um ótimo ator. O feliz diretor conta uma história incomum de superação e redenção. O filme começa com Cotillard, sem emprego e seu filho de 5 anos em suas costas tentando chegar ao Sul da França para recomeçar uma vida.  De carona e comendo restos de comida vai morar com sua irmã Ana, que vive em uma região muito pobre e é apenas caixa de supermercado. A situação familiar é tão desastrosa, que ela precisa pegar os produtos vencidos que seriam jogados fora no estabelecimento para comer. Apesar dessa situação ela acolhe o irmão e praticamente adota o sobrinho que está desnutrido e sem escola. Alain é frio, tosco e sem regras, porém um homem que consegue mostrar que no fundo tem solidariedade. Para viver trabalha como vigia e pratica lutas clandestinas, ajudando no orçamento familiar. Uma história paralela nos é apresentada. A jovem treinadora de baleias, Stéphanie, sofre um acidente em uma demonstração e está mutilada e deprimida. Esses dois personagens se encontram e ele, um homem sem preconceitos, ajuda a jovem a superar suas angustias como um parceiro sexual sem nenhuma possibilidade de ser fiel. Ela vai se envolvendo com ele, mas de outra forma e daí surge a beleza do filme. Após a perda de emprego da irmã de Alain, por sua causa, ele dá uma reviravolta em sua vida, isso já no meio do filme. Daí para frente o ritmo é outro como também o desenrolar da trama. Superação desses dois personagens que em suas fragilidades encontram a força do outro para uma vida mais feliz. Imperdível e violento, mas nem por isso deve deixar de ser visto, pois o final compensa qualquer expectativa. Marion tem um desempenho magnífico, mas a surpresa é o jovem belga Matthias, que atua com excelência e foi escolhido como ator revelação de 2013 na premiação do César. O d’os do título refere-se aos ossos da mão que nunca poderão ser realmente curados. A dor sempre estará presente.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

LAS ACACIAS DE PABLO GIORGELLI

LAS ACACIAS, ARGENTINA-ESPANHA/2010, 85 MIN., DRAMA
ELENCO:
GERMAN DE SILVA - RUBÉN
HEBE DUARTE - JACINTA
NAYRA CALLE MAMANI - ANAHY

Realmente o cinema argentino está numa fase fantástica. Este é mais um exemplo como com um orçamento menor, pode-se fazer o que há de melhor. Um filme de pouquíssimos diálogos e muita observação por parte dos atores e do público. Seu diretor ganhou a Câmera de Ouro no Festival de Cannes de 2011, merecidamente. Primeira cena: Numa floresta, entre os galhos de árvores a luz do sol é filtrada por eles, com belo efeito. Um barulho ensurdecedor de motor ocorre no local, não sabemos se um carro ou uma moto. Uma árvore tomba e é derrubada por uma motosserra. Na cena seguinte uma parte considerável dessa floresta foi derrubada e os troncos são colocados em caminhões que partirão para Buenos Aires. O dono da firma é Fernando. Rubén, seu empregado caminhoneiro, espera com um semblante fechado e cansado o fim da operação enquanto fuma um cigarro após o outro. Quando parte, a câmera fixa-se em seu rosto, o que acontecerá até o fim da película. O filme se passa praticamente todo na boleia de seu veículo. Logo adiante uma jovem uruguaia chega, pois a pedido de Fernando ele deverá conduzi-la até a capital argentina. Não está nada satisfeito em ter uma companhia feminina e mais ainda porque ela carrega sua filha de cinco meses no colo e aquilo não fora acordado. Ríspido, pede para ver seus papéis e não tem um único gesto fraterno. Elas são mais duas toras que estão ao seu lado. Porém essa companhia indesejada renderá muitos frutos. O bebê é só um bebê, e se encanta por ele. Sorri o tempo todo que está acordado e até lambe  sua mão como se fosse uma chupeta. Seu semblante vai vagarosamente se soltando. A mãe nada fala e só responde às perguntas concernentes à viagem. Ficamos sabendo que é  uma nativa paraguaia e o bebê não tem pai. Irá para Buenos Aires a procura de trabalho. Nas escaladas obrigatórias ele vai sozinho para os restaurantes de beira de estrada enquanto ela aquece a mamadeira e cuida do sua filha que não chora, só dorme, come e sorri. Aos poucos um vínculo entre ele e a menina se estabelece. Apenas as expressões e os olhares é que contam a história. Numa dessas paradas, ela descobre, através de uma foto, que ele tem um filho. Questionado mais adiante, sabemos que não o vê há oito anos e o conheceu apenas quando tinha quatro. Todo o carinho e relacionamento que poderia ter tido com seu menino é transferido para Anahy, que não para de se apaixonar por Rubén, o qual chega a pedir para segurá-la, enquanto sua mãe telefona. Não vemos atração visível de Jacinta por ele, só gratidão pela carona. Quando chegam à cidade, na hora da despedida algo totalmente inusitado ocorre e aí vemos o que pode advir para aquele homem fechado em sua armadura de solidão e amargura, que finalmente encontra pessoas que possam ser amáveis a ele. É um filme sensacional que fala sobre a solidão e os desencontros humanos de uma maneira altamente diferenciada sem precisar de grandes artifícios de oratória desnecessária. É na simplicidade que se encontra seu diferencial. Um dos melhores filmes do ano, realmente. 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

O VERÃO DO SKYLAB DE JULIE DELPY

LE SKYLAB, FRANÇA, 2011, 113 MIN. COMÉDIA.
ELENCO: 
JULIE DELPY
BERNARDETTE LAFONT
EMMANUELLE RIVA
A atriz de Antes da Meia-Noite, Julie Delpy, foi muito feliz ao dirigir e transformar lembranças de sua infância,  verão de 1979, em uma interessante história da vida privada francesa daquela época, com seus costumes e hábitos. O ponto de vista é da fofíssima e inteligente Albertine (Lou Alvarez) que faz o papel de Julie aos 11 anos. O filme começa e termina com uma família de 2 filhos tentando arranjar lugares próximos em um trem, mas eles desaparecem por um longo tempo até chegar o final. Os pais de Albertine e todos os filhos de uma senhora que fará 67 anos, estão seguindo para o litoral a fim de festejar seu aniversário. Como tem 5 filhos, vários netos e um irmão que mora com ela a festa é uma verdadeira delícia, pois teremos diferentes idades entre as crianças e adolescentes, com suas dúvidas, curiosidades e descobrimento do sexo, que para os pais franceses não é nenhum tabu. Falam abertamente em frente deles, que assimilam as informações com naturalidade. Como toda família, há os que se dão muito bem e os que não conseguem parar de discutir. Com os menores não é diferente, principalmente porque o primo, adolescente de 17 anos, pensa que já é homem malandro e faz pose para eles. Depois do almoço bem conturbado, todos resolvem ir à praia e teremos outra rodada de cenas inusitadas, pois ao lado ficava uma reserva de nudismo e a curiosidade passa pelos adultos e pequenos. Um bailinho com música disco para a criançada é um dos pontos altos do filme. Julie também nos mostrará seu tio com trauma pós Segunda Guerra Mundial e seus irmãos e cunhados que também participaram de guerras com colônias francesas.  Observamos os costumes, o que era importante nesse período, como o título, pois a nave espacial Skylab caiu na Austrália, mas sua rota incluía a França. A mãe de Abertine tinha pavor que esse projetil os matasse. É uma comédia divertida, leve e que mostra muito bem o que seria uma típica família francesa da época. E por falar em família, no final as pessoas que desapareceram no começo são Albertine, adulta e descolada como a mãe, seu marido e os dois filhos do casal. Finalmente estão sentados juntos, graças ao pragmatismo dela. Roteiro familiar, mas por isso mesmo muito original, sendo que a vida é sempre mais interessante do que qualquer ficção. Imperdível. Esse é o quarto longa da atriz-diretora.