sexta-feira, 24 de agosto de 2018

TROCA DE RAINHAS DE MARC DUGAIN




L´ECHANGE DES PRINCESSES, FRANÇA, BÉLGICA, 2017, 100 MIN., HISTÓRICO.

ELENCO:
LAMBERT WILSON – PHILIPPE V
OLIVIER GOURMET – PHILIPPE D’ORLEANS, REGENTE
ANAMARIA VARTOLOMEI – ANNA MARIA VICTORIA
JULIANE LEPOUREAU – ANNA MARIA VICTORIA
ANAMARIA VARTOLOMEI  - LOUISE-ELIZABETH D’ORLEANS
IGOR VAN DESSEL – LOUIS XV
KACEY MOTTET KLEIN – HERDEIRO ESPANHOL

Em Troca de Rainhas, drama histórico, Marc Dugain, diretor e escritor francês, faz um trabalho excelente. Adaptação, escolha do elenco de primeira categoria, cenários, guarda-roupa, maquiagem e fotografia são impecáveis. O longa se sustenta até o final. Em 1721, França e Espanha estão com os reinos em frangalhos devido a sucessivas guerras e epidemia de varíola que assola a Europa. É quando Luiz XIV morre vitimado pela praga e fica em seu lugar, Luiz XV, com apenas 11 anos.   O regente Philippe d’Orleans sugere casamentos entre herdeiros dos dois reinados para manter a paz. Ocorre que todos são crianças que serão manuseadas como objetos de troca, sofrendo tanto psicologicamente como fisicamente, longe de seus entes queridos. Luiz tem 11 anos e se casará com Anna Maria Victoria, princesa de Espanha de apenas 4 anos. Ele propõe também o enlace entre sua filha Louise-Elizabeth d’Orleans, 12 anos, com o príncipe herdeiro espanhol, Louis, 14 anos. O filme incomoda e impacta pelo uso abusivo dessas personagens. A troca será feita em uma ilha de um rio, na fronteira dos dois países. A pequena Anna Maria Victoria encontra-se imbuída de seu papel de rainha, apesar da pouca idade, carregando sempre duas bonecas consigo. Seu deslumbrante olhar e meiguice conquistam a todos do novo reino, até mesmo a avó de Luiz XV e depois ele mesmo. Em Espanha, a lindíssima adolescente não quer chegar perto de Louis, que se apaixona por ela. Sua mãe irá iniciá-la deliberadamente no mundo amoroso, para espanto do filho que vê as duas juntas. A questão de gênero é discutida durante a história, pois o melhor amigo de Luiz XV também é homossexual e um personagem aviltante. As intrigas grassam por todo lado, afetando fortemente as crianças. O filme é focado no comportamento delas e em seu bem estar, deixando o fator político como pano de fundo. As mortes pela peste são tantas que devastam duramente seus destinos. Ao final do filme, a sina de cada um dos personagens mirins será revelada para dar um conteúdo histórico consistente desse capítulo tão doloroso do século XVIII. Imperdível!!

domingo, 12 de agosto de 2018

VOCÊ NUNCA ESTEVE REALMENTE AQUI DE LYNNE RAMSAY


YOU WERE NEVER REALLY HERE, REINO UNIDO, FRANÇA, ESTADOS UNIDOS, 2017, 90 MIN., SUSPENSE




ELENCO:
JOAQUIN PHOENIX – JOE
EKATERINA SAMSONOV – NINA
ALESSANDRO NIVOLA – GOVERNADOR WILLIAMS, PAI DE NINA

Este ótimo suspense é um filme econômico em diálogos e bastante espartano. Isso resulta em sucesso. Joe é um veterano de guerra, que faz questão de aprimorar suas técnicas de resistência. Vemos um Joaquin Phoenix corpulento, fora de forma, barba irregular e braços extremamente fortes. Ele tem o que chamamos de “presença” e sua imagem esbanja violência. Representação explicita de sangue vê-se muito pouco, a diretora as corta. Joe vai sempre de alguma situação desagradável à próxima. O filme também tem cenas emocionantes, quando ele enterra o corpo de sua mãe, com quem tinha uma forte relação amorosa. Mas a agressão está sempre lá, implicitamente. Phoenix está sensacional nesse papel intimista, onde seu rosto e corpo falam por ele. Trata-se de um filme sem gordura, mostrando o estritamente necessário. A missão de Joe, que se declara assassino profissional, é resgatar a filha do governador Williams de seu cativeiro sexual, para onde foi espontaneamente. Ela é quase uma criança, mas com bastante vivência. Esses dois personagens nos darão momentos aflitivos durante seu trajeto. A história foi adaptada da novela de Jonathan Ames. Algumas aparições do passado de Joe são vistas em flashbacks, porém quase como sonhos. Nosso protagonista mata as pessoas com um martelo e esses atos não significam nada para ele, é seu trabalho. Por não vermos agressão extrema, mas a imaginarmos, elas se tornam mais brutais. O desfecho da história é intrigante. Phoenix recebeu o premio de melhor ator masculino no festival de Cannes e o filme foi indicado a diversos prêmios. Apesar da contundência é um dos melhores filmes em cartaz. Falar mais seria estragar a surpresa. Imperdível.


terça-feira, 7 de agosto de 2018

PROMESSAS AO AMANHECER DE ERIC BARBIER





LA PROMESSE DE L’AUBE, FRANÇA, 2017, 133 MIN. DRAMA.

ELENCO:
PIERRE NINEY – ROMAIN KACEW – ROMAIN GARY
CHARLOTTE GAINSBOURG – NINA KACEW

Ótimo filme biográfico de época, com incríveis interpretações dos protagonistas, focando no excesso de expectativa e amor maternal, que podem levar uma pessoa ao sucesso, mas também tornar-se uma tremenda carga de responsabilidade e anulação de suas reais qualificações. O filme começa em uma festa no México, onde Romain, escritor, tem um problema físico e vai para um hospital na Cidade do México, certo de uma iminente morte. Sua mulher acha um manuscrito sobre sua mãe e começa a lê-lo com grande interesse e admiração. O filme vai para a Polônia entre as duas guerras mundiais. Romain é filho de Nina, mulher excessiva e excêntrica, que deseja um futuro mais do que promissor para seu pequeno e o cobra a cada instante, a fim de que seu sonho se realize, seria embaixador na França, um grande personagem no mundo artístico e um herói. Ela tivera um atelier de chapéus na Polônia onde atendia a alta sociedade, mas acabou falida, sendo obrigada a partir com seu baú de pratarias, que ia vendendo aos poucos. Nina era uma mulher combativa e conseguia prover a si mesma e a seu filho, tudo em nome de um futuro glorioso. Da Polônia fogem para Nice, onde o sol brilha e o pequeno Romain pode ver o mar. Trilhando a esmo pelos campos da arte, encontra na literatura uma maneira de expressar seus sentimentos. No fim da adolescência explode a Segunda Guerra Mundial e ele se alista no exército.  Quando a França é ocupada, Nina aconselha-o a ir para a Inglaterra. Pelo fato de ser judeu sofre preconceitos e vai servir na África como aviador.  Lá tem a oportunidade de relatar suas impressões e sofrimentos. Sua mãe será sempre a mola que move seu presente e futuro. Na feira em que trabalha em Nice, conta aos amigos suas notáveis aventuras, nem sempre verdadeiras. Eles se correspondem frequentemente e as exigências continuam. Apesar de sua ficção ir se firmando aos poucos, ainda não conseguira encontrar quem se interessasse. Durante sua estada no exército, manda manuscritos para uma editora inglesa que aceita publicá-los. Sua vida começa a melhorar, mas as cobranças continuam cada vez maiores. Até o final da guerra corresponde-se com sua mãe e quando o conflito acaba, vai visitá-la em Nice, todavia um fato inesperado o aguarda. Muda seu nome para Romain Gary (1914-1980) e foi uma dos maiores escritores do século vinte, ganhando prêmios importantíssimos como duas vezes Goncourt pela literatura francesa. Seu destino não foi nada fácil. Imperdível!