LINCOLN EUA/INDIA, 2012, DRAMA, 145 MIN.
ELENCO:
DANIEL
DAY-LEWIS – LINCOLN (1809-1865)
JOSEPH
GORDON-LEVITT –
TOMMY LEE
JONES –
SALLY
FIELD - SRA. LINCOLN
Esse novo trabalho de Spielberg
concorre a doze indicações do Oscar. Venceu o Globo de Ouro de melhor atriz e
ator coadjuvantes (Sally Field (espetacular!) e Tommy Lee Jones) e melhor ator
dramático para Day-Lewis numa representação perfeita e preciosa. Sem excessos,
com longas falas e uma fotografia de tirar o fôlego, o excelente roteiro foi
escrito por Tony Kushner baseado no livro da historiadora Doris Kearns Goodwin.
O longa descreve o mais importante período da história do país, durante a
sangrenta Guerra da Secessão (1861-1864), no seu período final quando Abraham
Lincoln, o mais importante e querido presidente americano, consegue a aprovação
da décima terceira emenda constitucional, que determinou a Abolição da Escravatura
em todo Estados Unidos da América. No início do filme nos contam um pouco desse
período, explicando que o caso da escravidão naquele país sempre foi uma chaga
nunca tratada, pois havia muitos estados contra a desumana situação dos navios
negreiros. Finalmente em 1865, pouco antes do término da guerra, ocasionada
exatamente por esse fato, Lincoln dá seu sangue e vende sua alma, a fim de
realizar esse sonho antes do final do conflito, pois com ele encerrado, corriam
o risco de não terem a décima terceira emenda aprovada. Lincoln era a Palavra,
a Ponderação, a Ousadia e a Fraternidade. Homem calmo e pragmático, falava
sempre citando algumas histórias que lhes foram caras e didáticas. Seus
discursos eram famosos pela didática e pelo apelo dramático e simples, mas
convincentes, que fazia aos seus Senadores, Deputados e Povo. Era pai de três
filhos homens e casado com uma determinada mulher que sabia o que queria e
compreendia seu marido, mesmo tendo sido internada por ele em um hospício,
depois da morte do primogênito na guerra. As primeiras cenas são tristíssimas,
no campo de batalha, onde soldados estão mortos, uns em cima de outros, em
grande quantidade. Dois jovens brancos vêm falar com ele seguidos de dois
negros, que formavam um batalhão especial, para defender causa tão nobre. Esses
negros haviam sido emancipados há dois anos e, apesar do orgulho, tinham
certeza de que jamais votariam ou chegariam a um posto superior ao de cabo.
Vemos os dois meses finais em que atua para convencer os republicanos
conservadores e os democratas sulinos, que todos só teriam um país grandioso se
os negros fossem libertados e livres, para seguir a vida que quisessem. Muitas
manobras e conflitos familiares se passam, como a vinda do segundo filho da
universidade, que quer alistar-se de qualquer maneira e o pequeno que só anda
uniformizado de mini soldado. As altercações com a mulher são frequentes, mas
sempre chegam ao melhor que poderia ser feito. Seu amor pelo povo era maior do
que tudo que pudesse acontecer, e ele se vê obrigado a traçar caminhos
tortuosos e pouco convencionais, como comprar democratas a custo de um emprego
garantido ou oferecer dinheiro. Seu intento era que a abolição ocorresse em
primeiro de fevereiro, antes que uma delegação sulista para por fim a guerra
pudesse chegar a Washington e para isso, ele mesmo vai tentar convencer seus
partidários e oponentes. Daniel Day-Lewis, como o presidente, dá seu sangue
para que haja um engajamento total a tão prestigiada figura de Lincoln. Sua
voz, sua expressão e autocontrole não deixam de estarem presentes em nenhum
momento. Os atores coadjuvantes são excelentes, assim como o figurino e
maquiagem de época, que, diga-se de passagem, eram bastante deprimentes, com
enormes cartolas e fraques pretos, os cabelos um pouco longos e as pobres
mulheres com sais rodadas enormes, raspando na lama e terra e espartilhos de
tirar o fôlego. Esse é um filme lindo e especial, tanto por seu conteúdo
histórico como pela qualidade de direção, interpretação, música, fotografia e
todo o mais.