sábado, 28 de abril de 2012


SETE DIAS COM MARILYN DE SIMON CURTIS


MY WEEK WITH MARILYN, EUA/2011, 99 MIN. DRAMA.


ELENCO:

MICHELLE WILLIAMS – MARILYN MONROE

KENNETH BRANAGH – LAURENCE OLIVIER

EDDIE REDMAYNE – COLIN CLARK

EMMA WATSON

DOMINIC COOPER

Simon Curtis, diretor de séries televisivas e produtor inglês, conta neste adorável drama biográfico a história do jovem Colin Clark, muito bem nascido e vivendo em um castelo com os pais. Tendo cursado a universidade de Eton, esse rapaz alto e muito magro de 23 anos (Eddie Remayne) adora cinema e quer seguir sua vida envolvido com ele. O pai é um famoso historiador, seu irmão segue seus passos, ele, porém, despreza essa vida de nobreza e quer ter seu próprio destino traçado como desejar. Indo ao cinema, todas as quintas em sua pequena cidade, resolve juntar-se aos astros e staff que filmarão “O Príncipe Encantado”, com a mais famosa estrela de cinema que já surgiu até os dias de hoje, Marilyn Monroe. Já mundialmente conhecida aos 30 anos, seria dirigida pelo ator e diretor Laurence Olivier. O determinado Colin Park, sem querer ganhar nada e com muita perseverança, consegue um emprego gratuito como terceiro assistente de diretor, ou seja,  como ele mesmo diz: mensageiro. Será a primeira vez que a diva do cinema sai de Hollywood para filmar na Inglaterra e isso causa um grande alvoroço entre sua equipe e seus fãs. Casada com o escritor Arthur Miller, que se sente dragado por ela, demonstra toda sua sensualidade, insegurança, beleza, comportamento difícil em virtude de estar sempre dopada com comprimidos e álcool, e seu talento espetacular para comédias. Ela simplesmente BRILHA na tela sem qualquer esforço, mas suas atitudes e impontualidades fazem do seu trabalho um inferno para os outros. Sensível, educado, nobre e apaixonando-se pela atriz, Colin Clark perceberá o desgaste desse casamento e se tornará seu  maior amigo e será usado como escudo e conselheiro naquele país de hábitos tão diferentes dos seus. Aos poucos a paixão se torna em um caso. Avisado e invejado por todos, ele não deixará de corresponder a esse seu primeiro amor com a bombástica estrela, já com três casamentos no currículo. A atuação de Eddie Redmayne é sensacional. O brilho de seus olhos e expressões dispensam as palavras e Michelle está soberba, tendo sido indicada ao Oscar. Filme delicado, informando fatos não tão conhecidos e o desenvolvimento de Colin o qual se tornará respeitável diretor de cinema e escritor. O filme se passa em 1956. A fotografia é ótima, mostrando locais belíssimos da Inglaterra, boa trilha sonora e direção.
Sobre Colin Clark – Nasceu em 1932 e morreu em 2002 na Inglaterra. Filho de família prestigiada, seu primeiro trabalho foi o relatado neste filme. Transformou essa sua experiência em dois diários. Continuou trabalhando com Olivier e mudou-se para New York em 1960. Fez uma série de filmes chamada Art New York. Voltou para seu país em 1965 fazendo vários documentários. Aposentou-se cedo do cinema, em 1987, e se tornou escritor.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

DIÁRIO DE UM JORNALISTA BÊBADO DE BRUCE ROBINSON



THE RUM DIARY, EUA/2011, 120 MIN. DRAMA.

ELENCO:

JOHNNY DEPP – KEMP

AARON ECKHART – SANDERSON

AMBER HEART – CHENAULT

RICHARD JENKINS – LOTTERMAN

MICHAEL ESPOLI – SALA













Hunter S. Thompson (1937-2005) foi um escritor americano de extremos, ou você gosta ou odeia seus trabalhos que combatiam a economia e práticas inescrupulosas de empresários e políticos de seu tempo. Suicidou-se em 2005, quando já era amigo íntimo de Johnny Depp, que interpretou seu alter ego em duas películas adaptadas de seus livros – Medo e Delírio em Las Vegas de Terry Gilliam e o atual Diário de um Jornalista Bêbado.  Thompson era considerado um louco e alcoólatra, fundador do jornalismo GONZO, uma mistura de realidade e ficção transformando-se em escritos explosivos. Paul Kemp (Depp) é um escritor jovem com carreira em declínio por seus vícios e sua maneira bombástica de escrever. É contratado pelo editor Lotterman, nos anos 60, para dar vida nova ao seu jornal em franca decadência, na ilha de Porto Rico. A situação política era das piores e o governo americano possuía boa parte dela, que seria agora liberada. Os porto-riquenhos não gostavam desses brancos que cerceavam sua liberdade e roubavam a natureza e identidade. Kemp, chegando atrasado a seu novo cargo por causa de uma tremenda ressaca, quase perde seu emprego. O jornal, assim como seu staff, está em péssimas condições. Quase todos são viciados no rum que rola na ilha, na excessiva liberdade adquirida e na beleza ao redor. Sala, fotógrafo, Moberg, jornalista já acabado pelas drogas e Kemp tentam fazer um trabalho sem direcionamento, que sempre acaba em desastres pessoais. Desnorteado, entra em contato com um grupo de empresários inescrupulosos capitaneados por Sanderson, que queriam transformar o quinhão americano em um resort com cassinos, boates e hotéis para milionários, derrubando a natureza e ganhando muito dinheiro com a devastação. Seria o sonho americano transformado em realidade. Esse relacionamento se materializou quando Kemp se apaixona pela namorada de Sanderson, Amber Heart (Chenault), uma loira bombástica. A partir do momento em que o milionário descobre o possível envolvimento dos dois e a intrusão de Sala nos negócios, a situação muda completamente de rumo e vemos lampejos de princípios no herói que tenta reabrir o jornal já falido e começar nova etapa profissional. Entretanto, ameaçado, acaba tendo de abandonar a ilha. Nos créditos finais ficamos sabendo que voltou para os Estados Unidos e se casou com Chenault. Bom programa, boa atuação de Depp e uma bela trilha sonora. As críticas americanas não foram muito favoráveis ao filme de Bruce Robinson, por acharem que carecia de mais profundidade para um personagem tão complexo. Se você tiver um olhar atento poderá ver muitas similaridades do filme com problemas insolúveis deste país e algumas tradições africanas que existem por aqui também.

terça-feira, 17 de abril de 2012

TITANIC EM 3D DE JAMES CAMERON












TITANIC, EUA/2012, 194 MIN. DRAMA.
ELENCO:
KATE WINSLET – ROSE
LEONARDO DICAPRIO – JACK DAWSON
BILLY ZANE – CALEDON
KATHY BATES – MOLLY BROWN
GLORIA STUART – ROSE IDOSA

Homenageando os cem anos do naufrágio do Titanic, temos essa versão em 3D do filme de 1998 de Cameron, vencedor de onze prêmios no Oscar. Depois de profunda pesquisa essa adaptação, igual à primeira, porém com a nova técnica 3D, estreia nos cinemas da capital. A tecnologia empregada é fantástica, mas o conteúdo do roteiro, escrito pelo diretor, fica de certo modo em segundo plano. Uma senhora de 101 anos, Rose DeWit Bukater, sobrevivente do naufrágio, conta para uma plateia, a bordo do navio Keldysh, como foram as consequências daquele acidente, mas sob sua ótica. Trata-se da saga do Titanic, o qual afundou após bater em um iceberg. Os ouvintes eram os caçadores de fortuna e técnicos que queriam resgatar o diamante mais famoso do mundo, Heart of the Ocean, de valor incalculável de dentro de um cofre em seu antigo camarote. Todavia, o que haviam achado eram desenhos e dentre eles o de Rose jovem, usando aquela joia. Os ouvintes sabiam muito sobre a tecnologia do evento, mas nada do sofrimento humano ocorrido. Em 10 de abril de 1912, a jovem de classe alta, com a mãe e o noivo riquíssimo, por quem não nutria nenhum sentimento de amor, embarca para Nova York, nessa luxuosa embarcação, com 2.200 passageiros. Rose estava sendo obrigada pela mãe a salvar a família da derrocada financeira em que se encontravam. Na terceira classe, um jovem artista, Jack Dawson e seu melhor amigo, embarcam também, após Dawson ter ganhado as passagens em um jogo de pôquer. Rose conta-nos os momentos mais importantes do embarque, com o preconceito do dinheiro velho contra o dinheiro novo, e das eternas lutas entre classes sociais do início do século XX. Rose, amargurada, iria para se casar, e Dawson para tentar continuar vivendo o momento presente, pois sendo pobre não teria nada a perder. Através de um roteiro romântico e com cenas de época impecáveis, ambos se encontram e se apaixonam perdidamente. Ele representava a única pessoa interessante e vivida, apesar da idade, dentro do seu mundo tão diferente. A arrogância e pressão do milionário que havia custeado o projeto do navio faz com que convença o capitão a ir a todo vapor, para chegarem mais cedo ao destino e virarem manchetes dos principais jornais. Nos primeiros dias vemos a vida alegre e cheia de otimismo dos imigrantes e o esnobismo da classe rica ou nobre. Em apenas dois dias aqueles jovens parecem viver unicamente um para o outro. O amor profundo entre eles será a costura para que Cameron nos mostre todos os percalços pelos quais passaram passageiros e tripulação, durante o mais espetacular naufrágio vivido até os dias de hoje, com milhares de mortos. Bom programa com mais de três horas de duração. Cameron mescla personagens de ficção com reais. A aventura amorosa é pura imaginação, contudo realizou um vasto trabalho de investigação para concluir seu trabalho.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

XINGU DE CAO HAMBURGER



















ELENCO:
FELIPE CAMARGO – ORLANDO
JOÃO MIGUEL – CLÁUDIO
CAIO BLAT – LEONARDO
FOTOGRAFO: PEDRO MARTINELLI (DE 1971 A 1973 ACOMPANHOU OS IRMÃOS)


Antes do fim da Segunda Guerra Mundial, aqui no Brasil, em 1943, outro acontecimento histórico ocorria. O governo de Vargas havia decidido sair da faixa litorânea e desbravar o oeste brasileiro, ainda de certa forma desconhecido. Os jovens Cláudio, Orlando e Leonardo Vilas Bôas resolveram juntar-se aos peões, sem qualificação, e começar uma aventura e libertação, que segundo eles só seriam encontradas no sertão. Isso selaria o destino dos maiores sertanistas do Brasil, verdadeiros heróis que, em um primeiro momento, não realizavam a importância de seus feitos. A função era acercarem-se das tribos indígenas, para que pudessem saber o estado como viviam e como poderiam fazer uma abordagem, pois por esses caminhos seriam construídas várias estradas. Na primeira cena vemos o XINGU, majestoso, com suas águas claras, rápidas, poderosas, rodeado apenas pela natureza intocada e uma pequena praia de rio. A sensação é de força e paz ao mesmo tempo. Certo período se passa até que alguns índios venham aproximar-se deles. O contato anterior era através de pios como de coruja, pássaros ou onças. Cautelosos conseguem despertar a curiosidade deles e ganhar sua confiança. Ao se depararem com o agrupamento onde viviam ficam deslumbrados com o tamanho, a ordem, a limpeza e a harmonia reinante. Isso não era uma aventura, mas um conto de fadas que é quebrado quando os indígenas pegam dos brancos uma gripe e quase metade da aldeia é dizimada, apesar de todos os esforços feitos por eles. Nesse estágio algum tempo já havia passado e o governo mandara suprimentos para ajudá-los, pois Orlando tornara-se o responsável pelo projeto. Era bem articulado e havia tido contato com Brasília, logo após a derrocada de Jânio Quadros, cuja última penada havia criado esse parque no Xingu para os selvícolas. Esse é um filme quase contemplativo, o que é necessário para podermos refletir sobre a situação perigosa a ambas as partes - a natureza soberana e o intuito desses três sertanistas. Os brancos iriam de qualquer modo afetar o destino deles. Se para o bem o mal, cabe a cada um ter sua resposta, como com a construção atual da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Orlando é o mais dinâmico, conversando e convencendo políticos da ditadura militar. Cláudio mais hábil e sensível no trato com os índios e Leonardo, após se apaixonar por uma jovem indígena, que engravida, abandona a expedição com ela, obrigado pelos irmãos e morre jovem, em 1961. É um filme de grandes proporções, exibindo a natureza que, de certa forma, torna-se a personagem principal da história. Segundo relatos da revista VEJA, o fotógrafo Martinelli ficou impressionado com a veracidade da narrativa. Nas cenas finais vemos o índio gigante panará Sôkriti, que se acreditava pertencer à última aldeia não contatada. Imperdível, pois se trata de importante relato da história do Brasil, junto às civilizações mais antigas do planeta. As atuações, as cenas com os indígenas, as parcas pistas de pouso para os aviões, as jangadas, tudo faz com que tenhamos orgulho da fauna e flora brasileiras e do trabalho desses mais corretos sertanistas. Cao Hamburger dá um show com sua recriação e o projeto foi de Fernando Meirelles, sócio da O2, tendo como roteirista o próprio Cao, Anna Mulayerde e Elena Soarez. Meirelles foi o produtor, convencido pelo filho de Orlando a filmar esse trabalho magnífico.