terça-feira, 27 de novembro de 2012

CURVAS DA VIDA DE ROBERT LORENZ



TROUBLE WITH THE CURVE, EUA/2012, DRAMA, 101 MIN.

ELENCO:

CLINT EASTWOOD – GUS

AMY ADAMS – MICKEY

JUSTIN TIMBERLAKE – JOHNNY

Este filme é dirigido por Robert Lorenz, companheiro de Clint em outros longas, e roteirizado pelo estreante Randy Brown. Decidido a não atuar mais depois de Gran Torino em 2008, volta atrás e interpreta o homem viúvo  ranzinza de outros trabalhos.  Gus, bem convincente, é um olheiro de beisebol, que apesar da idade e da visão totalmente prejudicada por um sério problema, continua na ativa e deve seguir para Carolina do Norte, a fim de achar novos talentos para o time com que trabalha. Nisso é infalível e melhor do que os computadores que relatam a atuação de todos os jovens jogadores. Isso não é para ele que prefere assistir o desempenho desses atletas. Gus tem uma filha advogada, de 33 anos, que é muito bem sucedida. Contudo o relacionamento entre eles não é bom.  A pedido de um velho amigo (John Goodman), ela acompanha o pai para ajudá-lo e convencê-lo a ir a um especialista. Até esta parte do filme tudo corre muito bem, mas a partir daí vem uma barriga mal resolvida, que só tomará uma reta no final do filme. Chegando à pequena cidade, Clint encontra um ex-atleta contundido e famoso, Johnny, que agora também é olheiro para outra equipe. Surge uma interação entre esses personagens que desvendarão aos poucos alguns sérios problemas existentes entre eles, inclusive a viuvez. Trouble with the Curve (problema com a “tacada” curva) nome do título é o que enseja a decisão do velho Gus. Bom programa para tarde ou para quem é fã do esporte e do artista como eu. Sai um tanto decepcionada. 

 

domingo, 18 de novembro de 2012

E AGORA, AONDE VAMOS? DE NADINE LABAKI


 
ET MAINTENAT ON VA OÙ? TRAGICOMÉDIA, /2011, 110 MIN.

ELENCO:

NADINE LABAKI – DONA DO BAR

CLAUDE BAZ MOUSSAEBAA

LEYLA HAKIM

A ótima e bela diretora de Caramelo de 2007 nos brinda com essa ótima comédia dramática, roteirizada por ela, que aborda e homenageia o esforço pela paz de mulheres em uma pequena aldeia libanesa, que poderia ser qualquer país do mundo. O filme começa com várias mulheres de preto, unidas, caminhando ao som de uma bela música. Todas estão de preto e carregam um terço, enrolado na mão direita, que batem no peito a uma cadência sincopada. É um espetáculo de coreografia moderna. O cenário são montanhas áridas e sem vegetação. Estancam repentinamente, em frente a um cemitério. Lá depositam flores brancas nos túmulos de jovens que morreram em embates pelo país. Logo depois um amontoado de adolescentes tenta instalar uma antena clandestina para receberem sinais de rádio e da única televisão existente, a do prefeito. Assim começa essa bela história sobre a necessidade de concordância entre os povos árabes. A festa pela primeira transmissão de televisão é acompanhada por todos os habitantes, enquanto uma pobre cabrita, Brigitte, é assada como símbolo de sacrifício pela entrada deles no século XXI. Boquiabertos assistem a um filme, que se torna apimentado para crianças, e o controle remoto muda para vários outras emissoras, mas as que os homens preferem é a de notícias sobre guerra entre cristãos e mulçumanos. As mulheres passam a se levantar e falar alto, encenando uma grande discussão até que aquilo termine. Esse vilarejo possui as comunidades cristãs e mulçumanas vivendo em harmonia, sendo o padre e o imã grandes amigos. A igreja e a mesquita estão distantes a poucos passos. As armas haviam sido enterradas em um local secreto e a serenidade reinava. A própria diretora, no papel de uma dona de bar católica, flerta e gosta de um pedreiro mulçumano, sendo correspondida.  Distante do resto do país, dois garotos, durante a madrugada, vão de lambreta puxando um carrinho de mão, buscar os suprimentos necessários a todos. A história corre bem até que, pelo rádio, os homens ouvem detalhes sobre a guerra e começam a se afrontar. Desesperadas, as mães, irmãs e esposas fazem de tudo para desviar a atenção do fato. Milagres são simulados pelas católicas e quando não veem saída para a situação, todas, cúmplices, acabam apelando por chamar um grupo de dançarinas ucranianas, nada tradicional, para distrair seus maridos e filhos, pois seus próprios corpos eram cobertos por panos pretos e estavam fora de forma. Isso e mais bolinhos de haxixe da mais alta qualidade. As situações são hilárias e comoventes ao mesmo tempo. Sem uma solução, ao terço final, mostram toda sua coragem e determinação e a primeira cena é reintroduzida, agora por um grupo de homens que falam a frase título do filme, que é respondida: para suas mães. Belíssimo trabalho de Nadine Labaki, que apesar de ter seu filme indicado ao Oscar como melhor filme estrangeiro, não ficou entre os cinco finalistas. O tema é muito atual e a cineasta teve como inspiração o seu país sempre nas mãos belicosas do Hesbollah. O longa-metragem muito bem feito, interpretado e dirigido ganhou o principal premio do Festival de Toronto. Imperdível!

                                                                                                                                   

 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

EM NOME DE DEUS DE BRILLANTE MENDOZA


EM NOME DE DEUS DE BRILLANTE MENDOZA

CAPTIVE, FRANÇA, FILIPINAS/2012, 120 MIN. DOCUDRAMA

ELENCO:

ISABELLE HUPPERT

MERCEDES CABRAL

MARIA ISABEL LOPEZ


Brillante Mendoza, diretor filipino indicado ao Urso de Ouro de Berlim depois do aclamado Lola e de diversos curtas e longas-metragens como Kinatay, com o qual ganhou em Cannes o prêmio de melhor diretor, vem agora com um sufocante drama. Baseado em fatos reais, trata-se do sequestro de estrangeiros nas Filipinas por um grupo de islâmicos separatistas. Em maio de 2001 esses homens invadiram bruscamente um resort na ilha de Palawan, durante a noite, e levaram os hóspedes que dormiam para um barco, no meio da escuridão da noite. Alguns se encontravam nus e não puderam pegar nada além de poucas roupas; foi um ato cruel e covarde.  O diretor usa a própria floresta filipina para, com muito empenho e segurança, relatar sua história da maneira mais real possível, com inúmeros incidentes gravíssimos que deixam o público em grande suspense. A única personagem ficcional é a extraordinária Isabelle Huppert, no papel de uma missionária e assistente social que presta serviços humanitários, Thérèse Bourgoine. Ela encontra-se no local, casualmente, junto com uma senhora filipina. Thérèse será o fio condutor da trama, pois é sob seu ponto de vista que veremos os incidentes terríveis em que se encontrarão. Ao partirem para o coração da selva tropical, os sequestradores homenageiam Alá e Osama bin Laden, que orquestraria o ataque das torres gêmeas em Nova York, em 11 de setembro do mesmo ano. A finalidade do ato delituoso era conseguir o máximo de resgate possível para financiarem essa facção criminosa. Mas entre eles nem todos são pessoas de posse e o sequestro alonga-se por vários meses. Em um movimento muito interessante, essas pessoas que estão desprovidas de tudo e à ameaça de rifles e animais selvagens vão tendo obrigatoriamente um convívio diário e uma rotina, que faz com que se conheçam e se julguem melhor. A amiga da assistente social não aguenta e morre, mas Thérèse exige que tenha um sepultamento digno. Depois um dos líderes se apaixona por uma das enfermeiras, que também haviam sequestrado em um hospital, e ela é obrigada a se casar com ele. Outra enfermeira, já casada e com filhos, encontra o mesmo destino. Um americano é morto e todos são constantemente ameaçados. Vagando sem rumo pela floresta, acabam em uma escola e descansam um pouco para seguir viagem. Nesse ponto Thérèse já havia se afeiçoado a um garoto de 12 anos, forçado a participar do grupo muçulmano. Surge uma emocionante amizade entre eles e outros membros. Mas o pior era o desprezo do governo filipino, que os ataca sem descriminação, com a desculpa de pegar os terroristas. Viviam sob saraivadas de balas e ataques aéreos. Os europeus irritam-se com esses fatos. O ataque das torres gêmeas é festejado por eles, para horror de seus reféns. Contudo, em determinado momento as coisas são resolvidas. É uma paisagem angustiante e claustrofóbica por ser coberta de plantas que se fecham no alto, riachos, pântanos e todos os perigos das chuvas torrenciais das Filipinas e a maneira como é filmada por Mendoza. Em cartaz, nesta semana, dois filmes que mexem com os nervos do público e muito bem realizados. O outro é ARGO, também resumido neste blog.

 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012


ARGO DE BEN AFFLECK

ARGO, EUA, 2102, 120 MIN. DOCUDRAMA

ELENCO:

BEN AFFLECK – TONY MENDEZ

JOHN GOODMAN

BRYAN CRANSTON

MICHEL PARKS

Com este ótimo docudrama Ben Affleck conseguiu conquistar a provável indicação de várias estatuetas para o Oscar de 2012. Muito bem dirigido e interpretado, mistura a ficção do filme com documentos da época em que ocorreu, 1979, 1980 e liberados apenas em 1997. O Irã estava em estado de revolução e preocupando o mundo como até hoje com Mahmoud Ahmadinejad, pois seu xá Reza Pahlevi, aliado dos americanos, fora para os Estados Unidos, a fim de tratar um câncer terminal. Nas primeiras cenas, em Teerã, vemos um povo ensandecido, agora sob o controle do islâmico radicalista Khomeini , tentando arrombar a embaixada americana e  enforcar, em solo iraniano, o antigo Xá. São cenas sufocantes e eletrizantes que nos acompanharão até o final. Conseguindo seu intento, fazem reféns seus funcionários, mas seis deles conseguem chegar à Embaixada Canadense, e lá se refugiam, mas por algum tempo, pois o Embaixador também deveria voltar à sua terra.  Affleck, baseou seu trabalho no livro de Tony Mendez,  um dos melhores funcionários da CIA e especialista em exfiltration, responsável pelo resgate, fazendo seu personagem. Consegue um ótimo roteiro colocando o espectador grudado na poltrona e de olho na tela. A CIA escolhe Mendez para a missão e sua ideia, a melhor das piores, prevalece às outras. Tendo amigos em Hollywood, entraria em contato com um amigo produtor e outro maquiador, para forjarem uma filmagem de ficção científica, ARGO, que seria rodado na paisagem árida do Irã. Tudo deveria ter um clima de verdade, caso contrário eles também seriam exterminados pelos iranianos, que estavam enforcando pessoas até em gruas de obras públicas. Uma vez dentro do Irã, ele procura o embaixador e tenta convencer, à duras penas, essas pessoas a terem uma nova identidade e sabê-las de cor, pois seriam certamente interrogados no aeroporto. Sem outra saída plausível, põem-se a caminho da suposta liberdade. Contudo, em um último instante a operação deverá ser abortada. Affleck, em ótimo desempenho, carrega a responsabilidade de seguir adiante com o plano. Momentos de agitação e temeridade são mostrados, tanto em Teerã como dentro da Companhia de Inteligência Americana. O tema mostra-se bem atual, com a preocupação mundial sobre uma possível bomba atômica sendo fabricada no sempre conturbado Irã. A trilha sonora e as imagens em zoom fazem com que o filme seja ainda melhor, e as piadas dos velhos companheiros de Hollywood dão um tom mais ameno a tantos perigos.  Junto aos créditos finais, podemos ouvir um depoimento emocionado do então presidente Carter, que não foi reeleito por ter sido considerado tolerante e fraco diante dessa missão.  Todo o resgate levou 444 dias. Programão! Ben Affleck é democrata e trabalhou para a campanha de Obama.