quarta-feira, 26 de março de 2014

INSIDE LLEWYN DAVIS-BALADA DE UM HOMEM COMUM DOS IRMÃOS COHEN




INSIDE LLEWYN DAVIS, EUA, FRANÇA, /2013, 105 MIN.DRAMA

ELENCO:
OSCAR ISAAC – DAVIS
CAREY MULLIGAN
JOHN GOODMAN - ROLAND TURNER
 
Esse filme com um roteiro muito interessante e atuação emocionante de Oscar Isaac é dirigido pelos famosos irmãos Cohen, um presente para quem gosta de música folk, gênero que tomava conta de Nova York em 1961. LLewyn Davis, um jovem apaixonado por esse tipo de música, mora no bairro boêmio de Greenwich Village de Nova York, perambulando de casa em casa atrás de um sofá, onde pudesse dormir durante o rigoroso inverno.  O filme inicia com a quebra da parceria desse cantor e compositor com seu amigo Mike, que se suicida. Ficando só, apesar de muito talentoso, propõe-se a uma carreira solo que não deslanchava, enquanto vivia na linha da pobreza extrema. Vários amigos, como Julie e Jim com quem tem uma relação de ressentimentos e tensões o apoiavam, inclusive um casal mais velho onde sempre poderia se refugiar. Partindo para um teste em Chicago, quando fecha a porta da casa deles, o gato escapa. Isso será uma tacada de humor no filme. Os poucos diálogos convincentes e melancólicos são preenchidos com as canções, cheias de amor, poesia e tristezas até o final. Esse jovem tão talentoso terá seu tempo de amadurecimento e esperas até o sucesso. Quase um roadmovie, quando da ida para Chicago de carona com o músico de jazz Roland Turner, viciadísso em drogas, interpretado pelo ótimo ator John Goodman. Esse belo filme demonstra bem o estilo dos irmãos Cohen, incluindo um final aberto. Este trabalho ganhou o Grand Prix do festival de Cannes em 2013 e várias outras indicações, mas foi esnobado pelo Oscar.

segunda-feira, 17 de março de 2014

A MÚSICA NUNCA PAROU DE JIM KOHLBERG




THE MUSIC NEVER STOPPED, EUA, 2011, 105 MIN, DRAMA.
ELENCO:
J.K. SIMONS – HENRY SAWYER
CARA SEYMOUR – HELEN SAWYER
LOU TAYLOR PUCCI – GABRIEL SAWYER
JULIA ORMOND – TERAPEUTA
Inspirado em um caso real do Dr. Oliver Sacks, o drama dirigido por Jim Kohlberg, trata de um drama ocorrido nos anos oitenta. Bom filme que conta a história da típica família americana Sawyer. Ele, o marido provedor e engenheiro durão, e Helen, dona de casa com diploma superior mas que nunca trabalhou fora, tendo dedicado sua vida ao lar. Em uma noite eles recebem um telefonema de um hospital avisando que o filho Gabriel estava internado e passando mal. Não fosse isso por si só um grande susto, eles não o viam há vinte anos. Correndo de encontro ao rapaz, encontram um homem de barba e cabelos enormes e de olhar perdido quase não os reconhecendo. Ele estava com um enorme tumor no cérebro que, apesar de não ser maligno, afetara duramente o órgão, principalmente a memória, devido ao crescimento e falta de tratamento no tempo adequado. A memória era de sua juventude e quando questionado não sabia o ano em que estava e nem a pergunta que havia sido feita. Havia nascido em 1951 e no final dos anos 60 e começo dos 70 era um jovem apaixonado por música que não queria seguir o caminho profissional escolhido pelo pai, tendo como meta ter uma banda de roque e não terminar a universidade. O filme é entremeado por flashbacks para compreendermos sua trajetória como pessoa. Sua época era da contracultura e da Guerra do Vietnã, quando os jovens se rebelaram contra ela. Todas suas músicas falavam de paz e harmonia. Em uma das altercações com o pai, é mandado embora de casa sem dinheiro com uma pequena maleta. Gabriel, agora, só consegue se relacionar através da música e é quando seu pai descobre uma musicoterapeuta que vai tratá-lo com alguma esperança de melhora. Os Sawyers são durões e unidos, mas a mãe mais sensível. A finalidade do tratamento era que ele conseguisse fazer alguma vinculação com o presente. Apesar de não estar satisfeito com o rumo das coisas, Henry, agora sem trabalho, investe seu tempo procurando conhecer os ídolos do filho e tentando decorar as letras, pois ele também era um fã ardoroso de música. O filme é intercalado por bandas e composições fantásticas da época, indo assim até seu final. O todo é interessante, mas o duro desencontro familiar poderia ter sido mais bem explorado.



ALEMÃO DE JOSÉ EDUARDO BELMONTE




BRASIL, 2013, 109 MIN. POLICIAL
ELENCO:
CAUÃ REYMOND – PLAYBOY
CAIO BLAT – POLICIAL
GABRIEL BRAGA NUNES – POLICIAL
MARCELO MELLO JR. – POLICIAL
MILHEM CORTAZ – POLICIAL
OTÁVIO MÜLLER – POLICIAL
ANTÔNIO FAGUNDES – DELEGADO
O drama é ambientado em 2010, quando o enorme e violentíssimo complexo do Alemão, na cidade do Rio de Janeiro, vai ser tomado pela Unidade de Polícia Pacificadora. Como em outros filmes apenas bons, não é extraído o suficiente para ser algo eletrizante. O diretor, basicamente, foca três pontos na trama, a casa do chefão do crime organizado, Playboy (Cauã Reymond), a pizzaria de Doca (Müller), onde os policiais infiltrados estão foragidos e a delegacia de Antônio Fagundes, no filme pai de um dos policiais. Os bandidos durões são reconhecidos por pesadas correntes de outro maciço, armas altamente sofisticadas, infinitamente melhores do que as da polícia e sua crueldade. Um jovem motoqueiro é interceptado pelos homens de Playboy, nas vésperas da ocupação, e apesar de ter fugido, sua mochila é encontrada e entregue ao chefão. Ali dentro são encontradas as fichas dos cinco policiais. Playboy, que havia trocado o amor de sua vida e seu filho, pelo crime quer que o caso seja solucionado o mais breve possível. Uma caçada começa a procura dos cinco membros policiais, quase como um thriller. Os pontos escolhidos são sempre os mesmos, fazendo com que a tensão diminua. Não que desapareça, pois o espectador fica ligado até o final da trama. Poderia ter sido um ótimo filme, pois o elenco é de primeira e a questão social e política de última hora.  

terça-feira, 11 de março de 2014

WALT NOS BASTIDORES DE MARY POPPINS DE JOHN LEE HANCOCK




SAVING MR. BANKS, EUA, REINO UNIDO, AUSTRÁLIA/2013, 125 MIN.
ELENCO:
EMMA THOMPSOM – P.L.TRAVERS
TOM HANKS – WALT DYSNEY
COLIN FARREL - PAI
PAUL GIAMATTI
JASON SCHWARTZMAN
Este belo filme, com forte componente psicológico, foi esnobado pelo Oscar, mas os heróis têm interpretações fantásticas. Trata-se da luta travada por vinte anos entre Mr. Walt Disney e Mrs. Pamela L. Travers, uma escritora australiana radicada em Londres e mais inglesa do que qualquer figura da corte, para conseguir os direitos autorais na filmagem de seu primeiro livro infantil publicado em 1943, num total de oito da babá Mary Poppins. Ele havia se encantado com a estória que agradara tanto suas filhas e prometido a elas que a filmaria. Foram 20 anos de luta entre esses dois personagens pela personalidade irascível da autora durona, sem dinheiro e mal educada, que não queria ver sua obra deturpada pelos americanos da Disney. O filme tem muita ficção, mas ajuda na compreensão do drama. Começa na Austrália do início do século XX, onde vivia a escritora, ainda uma menina e suas duas irmãs e mãe. O filme é recheado de flashbacks para entendermos cada movimento dos personagens do livro e do filme. Na vida real eles eram uma família errática, com o pai alcoólatra, alma fantasiosa e terna, que não sabia cuidar da mulher e suas três filhas. A escritora é a mais velha e que mais o ama. Dito isso voltamos aos bastidores da Disney. Travers tinha como principal personagem uma babá inglesa, que chega voando em um guarda-chuva, trazida pelo vento, para cuidar das crianças da família Banks. Disney precisava de seu aval para produzir o filme e a muito custo, consegue que ela voe para Los Angeles a fim de acompanhar a produção do roteiro, uma vez que detestava a Disneylândia, desenhos animados e musicais. Para tanto tenta fazer vários favores a ela, como um motorista particular e seu quarto recheado de bichos de pelúcia de suas criações, frutas e doces. Muito exigente e irredutível torna a negociação quase inviável, mas em um lance de mestre Walt, ao descobrir seu verdadeiro nome e origem, volta a negociar com ela e explica que ele também tivera um passado duro, mas que o presente precisaria ser vivido para amenizar as mágoas antigas, pois na verdade, nos livros a babá vem a fim de salvar Mr. Banks e não as crianças levadas e desobedientes. Filme de época com um guarda-roupa impecável, boa música e atores coadjuvantes bem representados.  O filme foi um sucesso e o musical de 1964 já está à disposição em Blue-Ray. Ótimo programa para toda a família.