segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

TOMBOY DE CÉLINE SCIAMMA









DRAMA – FRANÇA 2011 – 82 MINUTOS
ELENCO:
ZOÉ HÉRAN – LAURE/MICHAËLL
MALONN LÉVANA – JEANNE

Esse ótimo filme da jovem diretora e roteirista Céline Sciamma ganhou o Teddy Bear, Urso de Ouro Gay, na Alemanha. O filme, de certo modo, conta as próprias dificuldades da escritora em sua infância. A família de Laure (magnífica Zoé Héran) muda-se para a periferia de Paris e lá chegando, a garota, que tinha problemas com sua sexualidade, resolve vestir-se de menino, Michaël, e cortar os cabelos bem curtos, com o consentimento dos pais, que achavam que era apenas uma brincadeira sem consequências. Com sua irmãzinha Jeanne tem um ótimo relacionamento e parte para buscar meninos de sua idade para brincar, uma vez que era adepta de esportes e jogava futebol muito bem. As principais cenas são filmadas em um bosque e lago, onde eles podiam brincar e se movimentar com muita naturalidade (curiosidade - essas crianças são amigas na vida rela de Zoé). Laure ensaia diante do espelho atitudes que a deixem parecida com os garotos, como cuspir, mostrar a língua, posturas masculinas de garotos pequenos. Sua irmã não se aborrece por ela se passar por menino e até a apóia, dizendo que é ótimo ter um irmão mais velho para protegê-la. Porém as férias chegam ao fim e ela terá de encarar os amigos na escola, vestida de menina. Após uma briga de crianças, sua mãe decide por fim à farsa e a leva para pedir desculpas aos amigos e à menina que se apaixonara por ela. A obra começa bem leve, com brincadeiras sem importância, mas chegando ao terço final, o tom sobe, pois vemos que é impossível para essa criança mudar sua sexualidade em formação. Tudo é feito de maneira leve e claríssima, para que não se pense que isso ocorre de uma hora para a outra na vida dos homossexuais. Belo filme!

O ESPIÃO QUE SABIA DEMAIS DE TOMAS ALFREDSON











TINKER, TAILOR, SOLDIER, SPY (soldador, alfaiate, soldado, espião)
REINO UNIDO-FRANÇA-ALEMANHA/2011, 127 MIN. SUSPENSE

ELENCO:
JOHN HURT - CONTROL
TOM HARDY - RICKI TARR
COLIN FIRTH - BILL HAYDO
GARY OLDMAN - GEORGE SMILEY
TOBY JONES - PERCY ALLELINE
DAVID DENCIK - TOBY ESTERHASE

Nada como ler um bom livro de suspense do mestre John Le Carré, principalmente O Espião que Sabia Demais (Tinker, Tailor, Soldier, Spy). Adaptado para o cinema, dirigido pelo premiado diretor sueco Tomas Alfredson do ótimo Deixa Ela Entrar e roteiro de Bridge O’Connor e Peter Straughan, este filme tem tudo para agradar – da fotografia, enredo, ao desempenho espetacular de um time de estrelas. Passa-se em 1973, durante os anos paranóicos da guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética. O serviço de inteligência britânico vê-se compelido a chamar de volta um agente aposentado, George Smiley do M16, quando o chefe, John Hurt (Control), acredita que haja um agente duplo infiltrado entre seus principais homens. Uma operação na Bulgária havia sido abortada e George Smiley fora retirado do corpo de agentes secretos. Aceitando o atual cargo, seu chefe logo morre, um elemento a mais para concluir com sucesso sua missão. Agente denso e perspicaz vai fundo nas investigações explorando também o lado psicológico. O enredo é muito bem estruturado, com uso de flashbacks para melhor entendimento do público. Não é necessário dizer que toda atenção é requisitada para melhor compreensão das ações. A ambientação dos anos setenta é perfeita, com salas lotadas de arquivos e papéis soltos, telefones fixos, sexo, interrogatórios, uso constante de boots, ou telefones públicos e roupas impecáveis. Dinheiro público é gasto sem que se saiba bem para onde vai e o primeiro ministro é constantemente solicitado, temendo ter de apelar para os “primos” americanos. Os quatro agentes são de inteira confiança e achar o traidor não será tarefa fácil, tendo que investigar a passada ação mal sucedida. O título original é a designação que o chefe dava para cada um de seus colaboradores. O próprio Le Carré atuou como agente da M16 de 1960 a 1964, emprestando uma total credibilidade a seus livros. Com atuações excelentes e discretas e uma ótima direção é um filme imperdível para os amantes do gênero. O filme está muito bem cotado para o prêmio Bafta de filme britânico. John Le Carré vive hoje na Cornualha e teve vários livros adaptados e o que mais apreciou foi O Jardineiro Fiel dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles.