quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O AMANTE DA RAINHA DE NICOLAJ ARCEL



EM KONGELIG AFFAERE, DINAMARCA, SUECIA, REPÚBLICA TCHECA, 2012, 137 MIN. DRAMA

ELENCO:

ALICIA VIKANDER – CAROLINA MATILDA

MADS MIKKLSEN - JOHANN STRUENSEE

MIKELL BOE FOLSGAARD – CRISTIANO VII

Produzido e dirigido bem ao gosto do Oscar, concorre a melhor filme estrangeiro. Nicolaj Arcel dirige esse filme histórico interessante, tendo como pano de fundo o iluminismo e humanitarismo que já ocorriam na Inglaterra e França.  Passado no século XVIII, a princesa da Grã- Bretanha, Carolina Matilda, prometida desde a infância ao futuro rei da Dinamarca, segue seu futuro para aquele país cheia de sonhos e realizações. Depara-se com um jovem arrogante, impetuoso e enlouquecido, o rei Cristino VII, em 1766. Depois de uma primeira noite decepcionante, ela engravida e tem um menino, mas as atrocidades da Dinamarca seguem acontecendo, como o total desprezo aos pobres e desvalidos. Era um reino fechado, onde até seus livros favoritos são despachados pelo conteúdo modernista.  Johann Struensse, um médico brilhante, que cuida apenas de pobres e desvalidos, conhecido como o Alemão, é convencido por um grupo de amigos a se tornar o médico da corte, por sua competência e precisão. Jovem, cai no agrado de Cristiano e aí começa uma amizade verdadeira e benéfica para o rei. Convivendo com Carolina passam a comungar das mesmas ideias iluministas, que conseguem incutir na mente do frágil rei. Ele concede algumas reformas importantes para o povo, tornando-se mais seguro e firme com seus corruptos ministros. Entretanto essa comunhão de ideais entre o médico e a rainha desagua em uma forte paixão, fragilizando-os pelo constante olhar da corte revoltada e uma gravidez inesperada. Apesar do esforço feito pelo Alemão em prosseguir com reformas humanitárias e os apelos da rainha, são desmascarados pela enciumada madrasta e seus asseclas, que almejavam somente o retorno à Idade Média, onde seu domínio era absoluto e desumano. Apesar disso, o jovem príncipe e sua irmã, educados apropriadamente, conseguem que a Dinamarca, com a morte precoce do pai, volte a se desenvolver e ser um grande país. Importante episódio da história universal. Bom programa tanto como reconstituição de época como de fatos históricos.  O desempenho dos artistas é bastante convincente.

AS SESSÕES DE BEN LEWIN



THE SESSIONS, EUA, 2012, 95 MIN. DRAMA

ELENCO:

 JOHN HAWKES – MARK O’BRIEN (1949-1999)

HELEN HUNTS – TERAPEUTA CHERYL

WILLIAM H. MACY – PADRE

MOON BLOODGOOD –

Apesar de serem filmes que retratam homens deficientes, o ótimo Intocáveis e As sessões seguem linhas completamente opostas. Mark O’Brien, poeta e jornalista formado em Berkeley e orador brilhante de sua turma, vive só e responsabiliza-se por seu sustento com seu próprio trabalho. Baseado em um artigo sobre Deficiência e Sexualidade, o ótimo diretor Ben Lewin, ele mesmo um paraplégico, dirige este humano e magnífico trabalho. Mark era um garoto normal até os seis anos, quando contrai poliomielite e fica totalmente paralisado do pescoço para baixo, apesar de ter conservado a sensibilidade. O filme começa quando ele, já adulto em 1988, recebe uma proposta para escrever sobre a sexualidade nos desabilitados. Não tendo muitos amigos e sendo católico fervoroso, resolve se confessar, ou melhor, se aconselhar com o padre de sua paróquia. Sendo virgem aos 38 anos, apesar de já ter tido várias ereções espontâneas, quer saber se seria pecado ter uma mulher no sentido bíblico. O padre, depois de olhar para um Cristo crucificado em sua frente, resolve absolvê-lo uma vez que Deus provavelmente fecharia os olhos para esta exceção. Com a ajuda de uma acompanhante chinesa e um homem, vive deitado em uma maca com um pulmão de aço sobre ele, tendo somente 4 horas por dia para livrar-se do aparato. O seu problema é tão grave que escreve e realiza pequenas tarefas com a boca, apertando botões. Persistente, acaba encontrando uma eficiente e séria terapeuta sexual, casada com um filósofo, que promete ajudá-lo em seis sessões ou menos, daí o título do filme. Ambos sentem uma grande empatia e John Hawkes, brilhantemente encarando o herói, cede aos pedidos de Cheryl, Helen Hunt apontada para o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Entre eles surge um “amor”, que ajuda muito para que sua missão seja cumprida já na quarta sessão. Ele se mostra além de inteligente, carismático e o homem que qualquer mulher gostaria de ter como parceiro sexual. Após algum tempo, Mark, finalmente, encontra sua parceira ideal e tem uma vida feliz e plena por anos. Apesar do final inesperado da trama, a história consente que o espectador se sinta identificado com os acontecimentos. Ben Lewin está tão intenso em seu papel, que poderia concorrer ao Oscar de melhor ator.  Mais um concorrente ao Oscar que vale a pena ser assistido.

 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A HORA MAIS ESCURA DE KATHRYN BIGELOW



ZERO DARK THIRTY, EUA, 2012, 157 MIN. DRAMA POLÍTICO.

ELENCO:

SCOTT ATKINS

JOEL EDGERTON

JESSICA  CHASTAIN – MAYA

CHRIS PRATT

Também indicado ao Oscar, este ótimo docudrama da diretora premiada de GUERRA AO TERROR, ganhador do Oscar em 2010, com roteiro de Mark Boal, descreve todo o processo que culminou na morte de Osama Bin Laden, em 2 de maio de 2011. Foram quase dez anos de um processo trabalhoso, burocrático e infernal, pois em Guantánamo houve vários casos de tortura mostrados pela mídia mundial e muito criticados. O encerramento do caso foi amplamente divulgado, mas parte dos meandros desse processo ainda permanece confidencial. Juntamente com Boal, que foi em busca de testemunhas do caso, Kathryn conta sua versão, sob o ponto de vista de uma novata oficial da CIA, que acompanha essa caçada como se o desvendar dessa missão dependesse sua vida. Trata-se da agente Maya, interpretada pela talentosa Jessica Chastain, que apesar de sua pouca idade  faz frente aos seus chefes e, determinada, passa oito anos em busca do maior inimigo dos Estados Unidos daquela época. Sua figura frágil e bela só soma a essa personagem, cujo nome continua em sigilo. No início do filme, sem imagens, ouvimos as primeiras conversas desencontradas sobre o ataque de 11 de setembro de 2001. O filme pula dois anos para a prisão de Guantánamo, onde um colega de Maya torturava os árabes presos para que confessassem o paradeiro dos membros da Al-Qaeda. Essa prática tenebrosa, na época de Bush, era considerada a única saída para a revelação do esconderijo de Bin Laden. O filme se passa nos Estados Unidos, Oriente Médio e alguns países europeus que também sofreram ataques da organização criminosa. Com base no Paquistão, um grupo de funcionários dão sua vida e sangue para concretizar a missão. O presidente atual é muito específico e não gostaria de continuar gastando milhões de dólares em missões sem sucesso. Maya, com sua perseverança e análises árduas, chega à conclusão de que Obama escondia-se em uma casa fortaleza em Islamabad, contudo sua tese é posta em dúvida por seus chefes. O filme é um thriller de tirar o fôlego e deixa o espectador respirando baixo para não perder o fio condutor da trama. O último terço do filme é conhecido, mas não por isso menos interessante e eletrizante. A Marinha americana com oficiais de alto gabarito segue, em dois helicópteros para essa espécie de bunker. Ao aterrissarem um dos helicópteros sofre uma pane e deverá ser destruído. As cenas desses soldados, com equipamentos de guerra moderníssimos e capacetes providos de óculos para ver no escuro, são de total realismo. É um final muito bem dirigido, que nos traz uma sensação de vitória contra o terrorismo, apesar de, infelizmente, não sê-lo. Programa imperdível, que poderá marcar época, apesar das críticas avessas de alguns jornais e revistas, na Europa e Estados Unidos.  

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A CAVERNA DOS SONHOS ESQUECIDOS DE WERNER HERZOG



CAVE OF FORGOTTEN DREAMS, ALEMANHA, FRANÇA, CANADÁ, REINO UNIDO, EUA/2010. 90 MIN. – DOCUMENTÁRIO

 

Este deslumbrante filme de Herzog tem sido aplaudido e premiado pela crítica. Esta foi a primeira vez que o cineasta alemão trabalhou com 3D. Em 1994, um pequeno grupo de cientistas descobre, no sul da França, uma ventilação especial. Aí se dava o início do que seria a maior descoberta de uma caverna de 30.000 anos, totalmente desenhada com arte rupestre. Ela foi denominada Caverna de Chauvet, nome de seu descobridor, possuindo 424 representações de animais de catorze espécies – cavalos, leões, bisões, águias, ursos, etc, - mais um enorme agrupamento de estalactites e estalagmites, dos mais diferentes formatos. Esse local tem acesso muito restrito, mas Herzog conseguiu junto ao governo francês uma permissão para filmar, com câmeras não profissionais, e uma equipe de três homens o interior da caverna. Para ter o resultado desejado apelou para a técnica do 3D.  Com essa técnica o espectador pode ter toda a força desse maravilhoso sítio histórico. A entrada original foi fechada, devido a uma avalanche de pedras que cerrou a entrada natural, grande e clara. Na abertura temos uma grande sala, onde possivelmente ritos religiosos eram realizados, visto que há um crânio de urso em cima de uma pedra altar. Os caminhos são baixos, escuros e tortuosos, tendo apenas uma estreita passarela, uma corda e às vezes um corrimão para apoiar-se, pois é proibido tocar em qualquer parte dela. As imagens impressionam pela força, beleza, proporcionalidade, realidade e perspectiva. Os pintores iam até lá com tochas na mão e aproveitavam as sinuosidades das paredes para imprimir movimento em suas imagens.  Um grupo de cavalos e outro de leões são maravilhosos. Os rinocerontes, os bisões e até mesmo uma águia e alguns insetos são retratados. Um animal apresenta oito patas em vez de quatro para oferecer essa sensação de mobilidade. Os desenhos são incrivelmente reais, proporcionais e realçados com um produto preto, com luz e sombra. Marcas de mão vermelhas de um artista formam outro conjunto intrigante, pois o artista tinha o dedo mínimo torto e isso é gravado em suas incursões. Ficamos sabendo que os Alpes, nessa época do Gelo e da Pedra, tinham uma superfície gelada de 2.500 metros de espessura, permitindo o acesso à Grã-Bretanha e Alemanha a pé, porém, com o degelo o mar subiu 90 metros, tornando essa comunicação impossível. A caça a tantos animais carnívoros e enormes era feita com tipos diferentes de lanças, sempre fortes e muito pontiagudas. A música estava lá presente, com uma flauta tosca, mas que um dos cientistas consegue tocá-la, com os mesmos furos e técnicas atuais. As esculturas eram sempre femininas e uma única masculina, encontradas em outros sítios.  As formas femininas eram realçadas nos seios, ventre e órgão genitais, de suma importância. A masculina é uma representação de corpo de homem com cabeça de leão. Outra curiosidade é que os leões das cavernas não tinham jubas como os das savanas africanas e o urso da caverna era o maior da Europa na época. O frio fazia com que andassem cobertos com pele de rena e sapatos grossos, para sobreviverem. Muitíssimo interessante avaliar como seria a vida dessas pessoas, seus valores, medos, expectativas em tempos tão longínquos. Além de um ser um belíssimo filme, nos leva a uma série de reflexões sobre a atual vida moderna e a nossa péssima relação com a natureza, tão pungente naqueles idos da pedra lascada.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

O VOO DE ROBERT ZEMECKIS



FLIGHT, EUA/2013, 92 MIN. AÇÃO/DRAMA.

ELENCO:

DENZEL WASHINGTON - CAPITÃO WHIT WHITAKER

DON CHEADLE

JOHN GOODMAN

O diretor de O Voo, o criativo Robert Zemeckis, dirigiu vários longas de sucesso, entre eles Forrest Gump, De Volta para o Futuro, Uma Cilada para Roger Rabbit e O Naufrágio. Depois dirigiu três animações infanto-juvenis. Agora seu novo trabalho concorre a dois prêmios Oscar, de melhor ator e roteiro original. Este conta a história de um capacitadíssimo piloto, interpretado com maestria por Denzel, alcoólatra enrustido há anos e usuário de drogas. O filme começa com ele e uma comissária de bordo, belíssima, em um hotel, depois de beberem e fumarem muito. A cena é interrompida por um telefonema de sua ex-mulher que quer colocar o filho deles em uma escola mais qualificada. Depois de uma noite mal dormida, de ingerir restos de cerveja quente e cheirar cocaína, com o estômago vazio, apresenta-se para pilotar um avião com 102 passageiros em um voo de 52 minutos de Orlando a Atlanta.  Meio zonzo, apresenta-se ao copiloto que insiste em saber se está bem. Tudo resolvido levanta voo em uma aeronave velha, com peças de manutenção duvidosa. Esses minutos iniciais do filme são muito tensos, deixando o espectador ligado no desenrolar da história. Ao se aproximarem de uma tempestade, que é na verdade uma tormenta fortíssima, sua capacidade é posta a prova. Sempre ligado à torre de comando, descreve o que está ocorrendo com uma frieza e controle fora do normal. Será devido ao coquetel? Perguntei-me. Arrisca uma manobra dificílima, que outros pilotos haviam tentado em simulações sem sucesso, e consegue aterrissar em um planalto, onde havia uma igrejinha, mas parte do avião pega fogo. Na próxima cena o vemos vivo, em um hospital, assistido por um médico e um importante membro de seu sindicato, ex-piloto.  Salvara a vida de 96 pessoas, mas um pequeno número havia sucumbido à queda, inclusive sua parceira de cama e trabalho. Mesmo sendo considerado um grande herói pela mídia, ronda sobre ele a acusação da ingestão de álcool e drogas, apontadas em seu exame de sangue. Mas Whit não é o tipo de homem que se deixa esmorecer, muito menos aceitar sua condição de viciado, apesar de ter encontrado conforto, no hospital, da jovem Nicole também usuária como ele, mas que vai buscar ajuda no AA. Quando participa de uma única sessão sai enfurecido, pois não batia com seu perfil. Sua família não fala com ele, mesmo seu jovem filho. Cercado por denuncias e suspeitas, vê-se amedrontado por ser obrigado a largar a profissão, que vinha desde seu avô, e ir parar na prisão por vários anos. O advogado do sindicato é muito competente e consegue limpar sua barra, mas no dia da audiência, depois de muita pressão e tentativas de manobrar os fatos, temos um final inesperado e didático. Alguns críticos acharam piegas. A atuação de Denzel Washington como um homem já mais velho e corroído pelo vício, que precisa passar a língua dentro da boca o tempo todo em busca de saliva, é fantástica. Esse ator está amadurecendo com papéis sempre muito apropriados por sua capacidade de tornar-se vários interpretes muito diferentes uns dos outros. Programão!

 

 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013


OS MISERÁVEIS DE TOM HOOPER

LES MISÉRABLES, REINO UNIDO/2012, MUSICAL, 157 MIN.

ELENCO:

HUGH JACKMAN – PRESIDIÁRIO JEAN VALJEAN

ANNE HATHAWAY – FANTINE  

RUSSELL CROWE  - JAVERT

AMANDA SEYFRIED - COSETTE

EDDIE REDMAYNE - MARIUS

SAMANTHA BARKS - ÉPONINE

SACHA BARON COHEN

Adaptação do musical baseado na obra de um dos mais famosos escritores da França, Victor Hugo (1802-1865), dirigido por Tom Hooper de O Discurso do Rei, está indicado em oito categorias de Oscar, incluindo melhor filme, ator e atriz coadjuvante. Esse maravilhoso filme, que tem estrutura para ganhar um Oscar com grande justiça, recebeu o Globo de Ouro de melhor musical. O drama se passa na França do século XIX, tendo como pano de fundo a Revolução Francesa e a derrota de Napoleão em Walterloo, nos idos de 1832. Com ela vem outro reinado e outra revolta da pobreza, pela tão proclamada Liberdade, Igualdade e Fraternidade, símbolo de uma revolução e decapitação de vários reis e nobres.  Se fosse preciso o povo tornaria a pegar em armas, segundo alguns bravos e patrióticos indivíduos. O vermelho, azul e branco da bandeira seria respeitado e honrado. Vitor Hugo, pertencente à elite, acaba se dando conta dessa pobreza, ignorada por todos de tão presente e cotidiana. O livro, que pertence a corrente do romantismo, teve uma vendagem espetacular em seu lançamento (1862) e é até hoje consagrado. O enredo baseia-se na soltura de um ex-presidiário (espetacular Hugh Jackman), depois de passar 19 anos nas galés por ter roubado pão para a irmã. Será perseguido pelo inspetor implacável, Javert, na pele de Russell Crowe. Era um homem tão obcecado por sua função que seu nome foi cunhado como sinônimo de perseguidor implacável. Jean Valjean não conseguirá qualquer função na busca de empregos, acabando por dormir na rua. Acolhido por um bispo, será tratado com dignidade, mas antes de amanhecer rouba a prataria da igreja, todavia é preso por Javert e retorna ao convento, onde é reconhecido pelo bispo que diz ter lhe dado de presente a prataria e mais dois grandes e pesados castiçais que havia esquecido. Embrutecido pelo sofrimento vê na atitude cristã uma oportunidade de voltar a ser um homem descente. Torna-se dono de uma fábrica de tecidos e o prefeito da cidade. Ao salvar um homem que cai de sua carroça é observado por Javert, que vê naquela atitude sobre-humana, uma força que reconhece como sendo de seu ex-detento. Nesse ínterim uma funcionária da fábrica, Fatine (a maravilhosa Anne Hathaway) perde seu emprego por ser mãe de uma menina, Cosette, e não ser casada. Fora iludida na juventude, quase infância, por um jovem que as abandona e ela deixa a criança em uma hospedaria para ser cuidada, onde passa pelas maiores provações, sem que ela saiba, apesar dos altos volumes de dinheiro que envia. Desempregada e doente é levada de roldão para a prostituição, quando conhece Valjean que jura cuidar de sua filha, pouco antes de sua morte. Conseguindo localizar Cosette, passa a ser um homem feliz, mas temeroso da prisão. Tornam-se quase fugitivos, mudando de endereço frequentemente. Ele paga um altíssimo preço para salvar a menina. Nesse cenário da pobreza extrema e falta de justiça, passam-se nove anos e vemos jovens franceses preparando-se para outra revolução, formando barricadas na cidade de Paris, a fim de derrotarem o exército e conseguirem vencer com a ajuda do povo francês, que certamente estaria do lado deles, após a morte do general Lamarque. Dentre eles está o nobre Marius, que abandona o conforto e fortuna para defender sua causa. Ao ver de relance Cosette, apaixona-se perdidamente por ela e só terá descanso quando puder conhecê-la e se casar com ela. É ajudado pela fiel e apaixonada Éponine, grande revelação do filme. Durante a batalha, apesar da força e obstinação dos jovens, são cruelmente mortos pelos militares, Marius ferido e o povo recolhido em casa. Salvo por Valjean, vão parar nos esgotos da cidade, entretanto conseguem se safar e o jovem é levado para um hospital. O grande drama de seu libertador é deixar a filha ir e ficar só ou revelar o paradeiro de seu amado. Ao ver o grande amor que os contagia, resolve deixar a filha livre para ser feliz e não mais uma fugitiva, sem saber a causa. O final é feliz. O que tenho a destacar é o grande desempenho desses atores-cantores, o envolvimento psicológico que têm com seus personagens e a mobilidade que o cinema propicia para revelar os meandros da história, que no palco perde sua força e fica por conta da imaginação de cada um. Esse é um filme que podemos dizer que realmente merece sua indicação, pela grandeza da obra e por destacar a fraternidade, justiça e amor como temas principais, apesar do que se vê desenrolando nessa nova modernidade do século XXI.