quinta-feira, 19 de novembro de 2015

ALIANÇA DO CRIME DE SCOTT COOPER




BLACK MASS, EUA, INGLATERRA, 2015, POLICIAL
ELENCO:
JOHNNY DEPP – JIMMY WHITEY BULGER
JOEL EDGERTON – JOHN CONNELLY
BENEDICT CUMBERBATCH – SENADOR IRMÃO DE JIMMY

Scott Cooper dá um tom de documentário a esse filme sobre o famoso mafioso de Boston, Jimmy Whitey Bulger, nos anos 70 e 80. Tudo é verdade e o filme não é agradável, apesar de bom. No início temos uma delação premiada de um dos companheiros desse irlandês que tomou conta do crime, das drogas e cometeu vários assassinatos em Boston. Tinha um irmão Senador e muito influente no Estado, que não participava dessas canalhices. Um dia é procurado por um amigo de infância, John Connelly, também irlandês, que trabalhava no FBI e tinha pretensões de subir de cargo. Pede ao ainda aspirante delinquente Jimmy, que o ajude a desbaratar a Mafia na cidade e, em troca, seria protegido por ele. Aceitando tem certa dificuldade em transmitir o recado a seus companheiros de delito, mas finalmente é bem sucedido. Com o desenrolar do filme ele realmente ajuda o FBI e é acobertado. Durante esse tempo perde seu filho único e sua mãe, que trapaceava nos jogos de carta com ele. Isso só faz aumentar sua ira e age como um verdadeiro psicopata, que realmente era, matando e ficando com a cidade livre para seus crimes. Entretanto, um procurador incorruptível entra para o caso e vai desvendando a trama entre os dois amigos de infância, pois Jimmy jamais deixa qualquer pista a ser seguida. Depp e Edgerton são ótimos atores o que ajuda na perspectiva de realidade. Filme pesado, que mostra a simbiose entre polícia e bandido em qualquer local do mundo. Mais uma vez, outro filme que lembra o Brasil atual. Depp passou por uma mudança total, tendo cabelos loiros, ralos e grisalhos, olhos azuis e um nariz  afilado. Ótimo desempenho dos dois atores principais. Bom filme, entretanto de difícil digestão. 

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A FLORESTA QUE SE MOVE DE VINÍCIUS COIMBRA




BRASIL, 2015, 99 MIN., DRAMA POLICIAL
ELENCO:
ANA PAULA ARÓSIO – CLARA
GABRIEL BRAGA NUNES – ELIAS
ÂNGELO ANTÔNIO – CÉSAR
NELSON XAVIER – HEITOR

SPOILERS

NÃO EXISTE UMA ARTE QUE OLHANDO PARA O ROSTO DAS PESSOAS, SAIBAMOS O QUE SE PASSA EM SUAS ALMAS. É assim que começa o filme. Nessa ótima adaptação do drama de Shakespeare, MacBeth, Vinícius Coimbra tem a visão de transportá-la para os dias atuais, com um resultado surpreendente. Escolheu a dedo os atores, Ana Paula é uma verdadeira Lady Macbeth, para quem leu o livro, linda, forte e com uma voz grave e firme. Gabriel está excelente como o ambicioso general que gostaria de se transformar em rei, ambos com belíssimos olhos azuis e cabelos castanhos. Ângelo é o perfeito executivo brioso e inteligente. Heitor, o presidente, um formidável nordestino que, apesar de ser dono do principal banco privado do Brasil e ter um filho que não se interessa minimamente por isso, é um homem afável, pragmático e muito fraterno. Aí temos o elenco. A história verdadeira passa-se na Escócia de séculos atrás, quando um general encontra três bruxas que o convencem que um dia será rei. Sua mulher, a incrível Lady Macbeth, não poupará o marido para que consiga que isso se torne realidade. Ela é a grande propulsora de seu comportamento sangrento. Neste filme, rodado no Uruguai, com lindas paisagens, casas e edifícios magníficos, vamos nos deslumbrar com a arquitetura e decoração moderna monocromática e também ótimas atuações. Elias e César chegam da Alemanha com resultados muito felizes de suas negociações no país, trazendo um tremendo crédito em dinheiro. Ao irem à companhia em que trabalham, encontram uma misteriosa bordadeira que prevê para aquele dia sua promoção a vice-presidente e depois para presidente. Incrédulos, chegam e recebem a notícia de que o vice havia roubado o banco e se suicidado, ele seria realmente o vice-presidente e César iria para seu lugar. Chegando a casa, Clara de branco, pois branco, preto, cinza e vermelho serão as cores desse trabalho, o recebe com carinho e pensa que deveriam agir imediatamente, antes que alguém mais se interessasse pelo cargo de presidente. Mas Heitor goza de boa saúde e ela o convida pessoalmente para jantar em sua casa, com comida feita por ela mesma, sendo ótima cozinheira. O convite é aceito e eles isolam completamente o senhor, sem celulares e sem dizer onde está. Tudo corre como planejado e após embebedá-lo, Elias o mata com a enorme faca do jantar, cortando sua garganta. “E eu não sabia que o velho tinha tanto sangue” será o mantra infinitamente repetido por Clara. Como na peça o sangue não sai de suas mãos, mesmo lavando-as, ela o vê e sente seu cheiro. O corpo é levado para uma represa, mas agora a parte policial começa, e o investigador acha o corpo. Cometeram vários erros de amadores, como a posição do espelho do carro, não compatível e uma série de outros desacertos. Desesperado, Elias procura a bordadeira novamente e ele diz que somente quando as árvores do bosque se moverem e um homem não nascido do ventre de uma mulher aparecer ele perderá seu direito. Ninguém que desconfie pode ficar vivo e outros assassinatos, como o de César e outras pessoas próximas são cometidos com violência, manipulação e traição. Uma cena a se destacar é quando o casal, deitado em sua cama, recebe uma quantidade enorme de sangue que cai do teto e os encharca. O sobrenatural, como na peça, também aparece, muito bem colocado. As profecias que se concretizam são bem estudadas. A elegância dos personagens e a beleza dos cenários são impecáveis. A plateia verá uma grande semelhança com que ocorre hoje no Brasil. Imperdível.




quarta-feira, 4 de novembro de 2015

UMA AMOR A CADA ESQUINA DE PETER BOGDANOVICH



SHE’S FUNNY THAT WAY, ALEMANHA, ESTADOS UNIDOS, 2014, 108 MIN. COMÉDIA
ELENCO:
IMOGEN POOTS – JOVEM ATRIZ
OWEN WILSON – DIRETOR DA PEÇA
JENIFFER ANISTON – PSICANALISTA
KATHRYN HAHN - DELTA

Essa espirituosa comédia do diretor veterano Peter Bogdanovich, 76 anos, é revigorante. A produção é de Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste) e Noah Baumbach. Trata-se da história de Isabella Patterson (Imogen Poots), uma jovem atriz que conta sua curiosa trajetória para uma repórter. Era garota de programa, mas não tinha problemas com isso, pois agia como uma musa inspiradora para seus clientes. Na verdade queria ser atriz e batalhava muito para isso. Em um hotel luxuoso, atende um diretor de teatro, que não se identifica, mas gostando do seu jeito lhe dá de presente trinta mil dólares para arrumar sua vida e não precisar mais se prostituir. Desnorteada, acaba aceitando o dinheiro e no dia seguinte vai fazer um teste para uma peça na Broadway. Ocorre que o diretor da peça é seu cliente da noite anterior e ela deveria contracenar com sua mulher (Kathryn Hahn). Tudo começa a desandar, pois Delta, a esposa, acha a garota ótima atriz e natural no papel de uma prostituta na peça e seu marido não quer concordar. Outros personagens vão aparecendo e misturando ainda mais as coisas, como o galã, que a tinha visto com o diretor na noite anterior e uma psicanalista maluca (Jennifer Aniston). Tudo ao som de uma bela trilha sonora que lembra Woody Allan. O riso é certo, pois as situações são as mais inusitadas possíveis e lembra uma comédia de costumes. Os atores, todos badalados e conhecidos, garantem um ótimo espetáculo. Não deixe de assistir!

terça-feira, 3 de novembro de 2015

45 ANOS DE ANDREW HAIGH


45 YEARS, REINO UNIDO, 2015, 95 MIN., DRAMA
ELENCO:
CHARLOTTE RAMPLING – KATE MERCER
TOM CARTENAY – GEOFFREY MERCER
DOLLY WELLS –
Esta é a narração singular sobre um casal sem filhos, que irão comemorar 45 anos de casados. Os protagonistas desse ótimo filme ganharam o Urso de Ouro, por suas belíssimas interpretações. Charlotte Rampling está impecável. Baseado no conto de David Constantine, a história tem um linguagem visual muito interessante e faz com que a audiência olhe sempre para a tela, pelo modo contínuo como foi filmada. O casal de classe média levava uma vida tranquila, no interior da Inglaterra junto aos canais romanos. Com tantos anos de intimidade, Kate tinha certeza de que conhecia muito bem o homem com quem se casara há tanto tempo. Geoff, apesar da idade, tem uma sensualidade rara para sua idade, que cativava Kate. Todavia, em uma manhã ele recebe uma carta da Suíça e o conteúdo dela irá virar de ponta cabeça suas vidas. Antes de se casar tivera uma namorada pela qual fora apaixonado, mas em umas férias nos Alpes suíços, ela desparece durante uma escalada e não é mais encontrada. Entretanto, seu corpo fora descoberto congelado e estava perfeitamente preservado como quando tinha 27 anos nos anos 60, portanto há cinco décadas. Geoff leva um choque, pois representando sua juventude, ela estaria linda como sempre fora e ele um velho com ponte de safena. Geoff precisa digerir o fato e comenta com Kate. Mas ao contrário do que pensava, Kate passa a reagir mal, uma vez que ele vasculha o sótão atrás de fotos ou fatos relacionados a esse seu grande amor. Kate intui que não conhecia seu marido como acreditava e passa a desenvolver um ciúme doentio. Vai atrás de suas coisas pessoais, e a audiência atual não compreende porque os ingleses guardam coisas por tantas décadas. Obviamente, encontra slides antigos dessa viagem e chega sua vez de não tolerar mais a situação. A jovem era linda. O filme se passa em uma semana e às vésperas da festa, quando Kate se encontrava muito atarefada. Resolve conversar com o marido cobrando coisas que são um pouco descabidas, mas o fato é que ele resolve se redimir de seu choque inicial. Durante a cerimônia, Goeff se esforça para ser gentil e em seu discurso enaltece sua mulher, isso já no terço final. A última cena é preciosa, pois enquanto dançavam, Kate deixa transparecer em seu semblante todos os anos que haviam sido casados e o quanto conhecia pouco aquele homem que amava, à moda inglesa, um pouco friamente. A película acaba repentinamente e nos causa perplexidade com o desfecho. Magnifica adaptação com direção primorosa, pois o filme que transcorria de forma um pouco lenta tem um desenlace rápido e certeiro. Imperdível.