segunda-feira, 28 de agosto de 2017

LADY MACBETH DE WILLIAM OLDROYD




LADY MACBETH, REINO UNIDO, 2016, 89 MIN., DRAMA.
ELENCO:
FLORENCE PUGH – KATHERINE LVOVNA ( sobrenome no ROMANCE)
COSMO JARVIS – SEBASTIAN


Longa de estreia do diretor William Oldroyd já é considerado o filme do ano no Reino Unido. Baseado no livro Lady Macbeth de Nikolai Leskov é adaptado para o início do século XIX, na zona rural da Inglaterra, quando uma jovem é vendida, junto a um pedaço de terra, para um latifundiário soturno, que a oferecerá como esposa a seu filho abjeto. O filme começa com seu casamento simples e depois a noite de núpcias que não se consome. Seu marido é cruel como o pai e desprezível em todos os sentidos. Sozinha na mansão é proibida de sair ou fazer qualquer coisa, confinada no ambiente protestante austero do interior da casa. Selvagem por natureza, Katherine tem uma criada negra, Anna, que fará lhe companhia. No local reservado aos criados ela encontra o amor de sua vida, o cavalariço Sebastian, um mulato ousado e belo. Quando seu sogro e marido são obrigados a seguir para Londres, começará o romance totalmente aberto desses dois personagens, aparentemente iguais. O sogro volta, mas é envenenado pela nora, com um funeral discreto, assistido apenas pelos criados, pois seu filho que o odiava não comparece. Com o campo livre eles têm mais espaço para continuar o romance proibido, até que chega o marido. Vindo durante a madrugada, Katherine encontrava-se com seu amante na cama, mas ela o esconde. Ele já sabia de seu adultério e ameaça trancá-la em casa e expulsar o cavalariço da propriedade, quando a jovem o tira do esconderijo para mostrá-lo acintosamente ao marido. Uma luta começa e ela esmaga a sua cabeça com um objeto de ferro. O corpo é sepultado e do cavalo também. Até então, Sebastian, apesar de horrorizado, consegue manter seu amor. Um dia aparece na mansão uma senhora majestosa e negra, comunicando que a criança mulata que tem junto de si era, na verdade, filho bastardo de seu marido e filha dela, exigindo ficar no local. Com relutância, o acordo é feito. Contudo a presença do menino ocasiona a falta de Sebastian em seu leito. Sua paixão não tem limites e de tudo fará para se livrar de tal situação à La Lady Macbeth, plena de desejo e ódio. O final é bastante interessante e mostra bem o caráter de Katherine e seu amante, que prova ser muito diferente do dela. Atuações impecáveis, com cenário deslumbrante e muito convincente. A análise psicológica dos personagens vitorianos é muito bem feita. Filme imperdível. O livro foi, durante o tempo de Stalin, proibidíssimo na Rússia comunista. Mais um ponto para ele, com sua heroína amoral e fria.





terça-feira, 22 de agosto de 2017

OS MENINOS QUE ENGANAVAM NAZISTAS DE CHRISTIAN DUGUAY




UN SAC DE BILLES, FRANÇA, CANADÁ, REPÚBLICA CHECA, 2017, 113 MIN. DRAMA.
ELENCO:
DORIAN LE CLECH – JOSEPH JOFFO
BATYSTE FLEURIAL – MAURICE JOFFO
PATRICK BRUEL – ROMAN JOFFO
ELZA SYLBERSTEIN – ANNA



Terceiro longa do habilidoso diretor canadense Christian Duguay com grande audiência. É um filme feito sob emoção e uma homenagem à família, ao amor e à ternura. Baseado no romance escrito pelo próprio Joseph Joffo. Na França ocupada pelos nazistas, 1942, os dois irmãos caçulas de uma família judaica com 4 filhos veem-se obrigados pelos pais a partirem sozinhos para a Zona Livre, no Sul da França. Os mais velhos já haviam saído e os pais iriam no dia seguinte. Todos juntos seria um risco enorme.  Roman havia treinado seus filhos a serem independentes desde o início da guerra, e ele mesmo resolve simular um interrogatório para o pequeno Joseph, a fim de que percebesse os reais perigos que iria enfrentar. A história se passa sob o olhar infantil de seus personagens, que amadureceram muito em dois anos. Cheios de coragem, inteligência e determinação, nos momentos mais terríveis a figura paterna estaria sempre presente no imaginário das crianças. O filme descreve muito bem a sociedade francesa da época. Deixados sozinhos, um não descuida do outro em momento algum, provando o amor fraternal. As situações mais perigosas e inacreditáveis são vencidas com grande cumplicidade entre eles.  Bela fotografia, imagens limpas, som adequado e uma interpretação impecável vamos acompanhando os muitos incidentes e perigos que enfrentarão, a fim de não serem reconhecidos como judeus. Contam com a ajuda de muitas pessoas boas e principalmente da igreja católica, na figura de um padre caridoso que os ajuda no início da viagem e de outro, que consegue certidões de batismo falsas e os acolhe em seu colégio. Quase tudo fazem sem orientação de qualquer adulto, apenas pelo instinto de sobrevivência e percepção do que ocorre ao redor. Haviam levado algum dinheiro, mas começam a fazer pequenos trabalhos por orientação da mãe, com quem falam ao telefone esporadicamente. O pai também estará presente em algumas situações dando ânimo e conselhos aos meninos. Ótimo filme, delicado e brutal ao mesmo tempo, retratando muito bem os horrores da Segunda Grande Guerra na França. Não deixe de ver nos créditos finais a foto dos irmãos nos dias de hoje. O livro é considerado muito bom pela crítica. A última imagem é de Joseph Joffo durante o lançamento de sua obra. Imperdível.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS DE SOFIA COPPOLA



THE BEGUILED, ESTADOS UNIDOS, 2016, 93 MIN. DRAMA.
ELENCO:
NICOLE KIDMAN – MARTHA
KIRSTEN DUNST – EDWINA
ELLE FANNING – ALICIA
ANGOURIE RICE – JANE
COLIN FARREL – JOHN MCBURNEY


Baseado na novela do  mesmo nome, Sofia Coppola compõem um filme extraordinariamente belo e  sob o ponto de vista feminino. Apesar de passar-se durante a Guerra da Secessão nos Estados Unidos, em 1864 no estado de Virginia, ela retira deliberadamente o problema da escravidão e os motivos da guerra, para focar somente nos personagens tão diferentes uns dos outros. Começa como um drama de época, como os livros de Jane Austen, mostrando os valores da sociedade no século XIX, para desaguar em outro tema totalmente diferente. Foi criticada por isso, entretanto recebeu o premio no Festival de Cannes, 2017, como melhor diretora.  A imagem é mágica e o filme começa com uma menina pegando cogumelos em um belíssimo bosque, sempre encoberto por uma bruma, que estará no local o tempo todo. Repentinamente vê um soldado da União ferido e caído no chão. Seu instinto é de salvá-lo, mesmo sendo inimigo. Consegue que ele chegue a um colégio de meninas, onde todos os escravos e homens já haviam fugido. Lá, Martha (brilhante Nicole Kidman) é a encarregada da escola. Uma jovem professora de francês, Edwina (maravilhosa Kirsten Dunst) e mais quatro alunas continuam abrigadas no local, por não terem para onde ir.   A chegada do belo soldado irá mudar completamente a atitude dessas jovens mulheres. Confinadas há muito tempo no mesmo lugar, esse estranho despertará uma grande curiosidade entre elas. As primeiras tomadas de cenas são focadas no corpo de John (ótimo Colin Farrell), quando Martha depois de costurar sua ferida da perna, passa a limpá-lo. Por diferentes razões as garotas ficam alvoroçadas, com risinhos reprimidos e levando pequenos presentes ao recém-chegado. Começa um jogo de sedução entres esses personagens.  Cenários, guarda-roupa e cores são de grande suavidade lembrando um conto de fadas.  As mulheres não sabem nada sobre ele, contudo por um espírito cristão resolvem deixá-lo em paz até que se recupere. Isso é o que dizem, mas cada uma terá sua razão secreta para tanto. Ele flertará com todas, respondendo seus anseios, mas declara-se apaixonado por Edwina e promete vê-la em seu quarto, durante um sofisticado jantar. A partir desse momento o drama de costumes passa para o mais puro gênero thriller. O comportamento do soldado muda e como consequência uma série de situações perigosas e moralmente duvidosas passa a acontecer. O foco é no imaginário e na moral de cada pessoa, no desenlace que estará por vir. Quem seria o sedutor e quem seria o seduzido. Nikole Kidman, com seu desempenho primoroso, faz a razão de ser das últimas cenas. Todos os atores estão impecáveis. Absolutamente imperdível.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

EM RITMO DE FUGA DE EDGAR WRIGHT








BABY DRIVER, ESTADOS UNIDOS-REINO UNIDO, 2017 113 MIN. AÇÃO.
ELENCO:
ANSEL ELGORT – BABY
LILY JAMES - DEBORAH
KEVIM SPACEY – CHEFE DO CRIME
JAMIE FOXX – BATS

Este bom filme de ação tem tudo para entusiasmar os fãs do gênero, passando-se em Atlanta, Georgia. Bela fotografia, bons atores e principalmente perseguições de carros inimagináveis. O título do filme é tirado da canção do mesmo nome de Simon& Garfunkel. Baby é um jovem que precisa escutar música, sua grande paixão, o tempo todo, pois quando pequeno seus pais morreram em um desastre automobilístico e ele ficou com um grave problema de audição. Tornou-se um exímio motorista e começa a trabalhar para uma gangue para lá de perigosa. No final de cada roubo recebe uma quantia em dinheiro, como um salário, mas não divide o total com o bando, era apenas o “motorista”. Um dia conhece uma linda garçonete e se apaixona por ela. Também toma conta de um senhor muito velho, que o amparara durante seus dias de infortúnio, após a morte dos pais. Todo dinheiro que recebe é guardado para seu futuro, pois não queria mais participar desses eventos. O chefão promete que o próximo trabalho seria o último e que estaria livre para viver sua vida. Durante os assaltos, as cenas de carros são as mais impressionantes e mirabolantes possíveis. Um prato cheio para que curte carros. Depois do último crime, ele é solicitado para fazer um serviço a mais. Mesmo contrariado não tem escapatória, para horror de sua namorada, guardião e ele mesmo. Essas cenas finais ficarão na memória do espectador pela ação, dinamismo e às vezes incredulidade. Entregando-se à polícia é julgado e as testemunhas depõem a seu favor pelo ótimo coração que tinha. Como pura diversão é ótimo. O estrelado elenco ajuda muito, assim como a trilha sonora.