segunda-feira, 21 de maio de 2012


O CORVO DE JAMES MCTEIGUE


THE RAVEN, EUA,ESPANHA, HUNGRIA, 2012, 111 MIN. SUSPENSE

ELENCO:

JOHN CUSAK – EDGAR ALLAN POE

LUKE EVA NS

ALICE EVE – EMILY

Edgar Allan Poe (1809-1849) pertenceu ao seleto grupo de escritores do ACORDAR DA IMAGINAÇÃO AMERICANA.  Foi um de seus maiores poetas e contistas. Sua obra era baseada no suspense, romance,  horror e muito sangue da América Vitoriana. Apesar de sua projeção mundial, viveu sempre com grandes dificuldades financeiras. Seu sonho era ter o próprio jornal, mas viúvo acabou falecendo aos 40 anos de forma ainda não elucidada. Viciado em álcool e drogas nos últimos anos de vida foi errático e esse período é bastante explorado pelo cinema. Aqui James McTeigue e os roteiristas, imaginam como teriam sido esses momentos de pura ficção. Um serial killer passa a cometer crimes com requintes de crueldade e inteligência que deixam a polícia das ruas de Baltimore desorientados. Aos poucos o delegado, que é um leitor assíduo de Poe, começa a perceber que eles são baseados em seus contos, pelo terror desumano. Ele então é suspeito e depois requerido para achar essa pessoa obcecada pela sua obra.  Um crítico literário havia sido cortado ao meio, com sadismo medieval por uma enorme máquina, e outros tantos que um homem comum jamais imaginaria. Quando sua noiva, a belíssima Emily é raptada, durante um baile de máscara, que seu pai, apesar de advertido, insiste em realiza-lo, o desespero de Poe, que já havia perdido sua mulher, vai ao ápice, pois seguia a roteiro de outro conto macabro, quando ela seria enterrada viva. O filme termina como o final, com ele encontrado sozinho em um banco de um parque sombrio. O figurino e o guarda-roupa são impecáveis, a cidade é nebulosa e antiga como deveria ser a velha Baltimore do início do século XIX. Um ótimo filme para quem é fã do gênero e reconhece o brilhantismo e renovação que Allan Poe deu à literatura mundial. O desempenho dos artistas, a luz e sombra e, enfim, a direção são todos muito bons.


O CORVO

segunda-feira, 7 de maio de 2012

CONSPIRAÇÃO AMERICANA DE ROBERT REDFORD

THE CONSPIRATOR, EUA/2010,122 MIN. DOCUDRAMA

ELENCO:

JAMES MCAVOY – FREDERICK AIKEN

ROBIN WRIGHT – MARY SURRAT

Os assassinatos de dois presidentes americanos nunca foram bem digeridos por sua população: o de Abraham Lincoln e John Kennedy. Com uma versão muito bem cuidada e dirigida, Robert Redford, que já ganhou quatro prêmios no Oscar de 1981 com Gente como a Gente, agora dirige esse ótimo The Conspirator, tendo como roteirista James Solomon, cujo trabalho levou anos para ser concluído. Esse fato histórico ocorreu na fase final da Guerra da Secessão dos Estados Unidos, no século XIX em 15 de abril de 1865. Nas primeiras cenas vemos o talentoso James McAvoy, um jovem capitão, no campo de batalha ajudando seu amigo e subalterno a lutar pela vida, pois ambos estavam quase mortos. Eles sobrevivem, o Norte ganha a guerra, mas esta não está totalmente consolidada e é necessário que todo o país aceite essa realidade. Abraham Lincoln era o Presidente da República e adorado pelo povo. Em uma festa onde comparecem todos os militares proeminentes que lutaram pela coesão do país e suas esposas ou namoradas, vemos Aiken sendo congratulado por todos os Ministros do Estado, acompanhado de sua noiva. Aqui se discutiria o futuro dos Estados Unidos da América. Entretanto o personagem principal, o Presidente, não estava presente, pois sua mulher havia preferido ir ao teatro e aí ocorreria a mais terrível conspiração. Durante a apresentação da peça, várias pessoas do lado de fora se movimentam rapidamente, todos armados, e no meio do espetáculo um tiro é disparado por um ator, que atingirá mortalmente o famoso presidente como revanche dos sulistas. O caos se instala e todos querem descobrir os homens que conspiraram para aquele horrível desfecho, pois o tiro não poderia ser ato de uma só pessoa.  Em 1865, instala-se um tribunal militar para punir com morte na forca, todos os envolvidos, inclusive a dona de uma pensão onde esses homens moravam, sendo todos os detidos sulistas. Começa a tragédia do filme, o julgamento de uma mulher católica, cujo filho era um dos acusados de participar de tal ultraje. Ele está desaparecido e Mary Surrat (Robin Wright) será julgada em um tribunal militar, onde o mais importante não é a justiça, mas a defesa da nação. Aiken, que já havia deixado o exército para dedicar-se a sua carreira de advogado aos 27 anos, com tremendo desconforto será o escolhido para defender essa mulher em quem não confia. A grande reviravolta em seu comportamento se dará durante a preparação da defesa, na qual não acreditava. Os fatos vão mostrando outras vertentes da verdade e misérias humanas que o levam a tomar uma nova posição como profissional, mais perto da verdade e da lei. Essa empolgante narração nos abraça e ficamos eletrizados para ver o desenrolar dos acontecimentos, que já são de domínio público para os amantes da história americana. Robert Redford, além de ter sido o mais bonito ator dos anos setenta é, sem dúvida, com seu comprometimento com o Festival de Sundance, um ótimo diretor e contador de histórias, contabilizando sete filmes dirigidos por ele em seu currículo. Ótimo filme, tanto do ponto de vista histórico quanto de entretenimento que só acrescenta ao conhecimento. Contudo lendo algumas publicações americanas, inclusive a do crítico do The New Yorker, eles não gostaram dos fatos históricos por acharem as cenas amenas e limpas em demasia para uma época de fim de guerra, com os Estados Unidos destroçados por quatro anos. Contestam também as perguntas sem respostas do filme. Mary Surrat saberia sobre o complô para matar o presidente? Por que o presidente assumido, Andrew Johnson negou um novo julgamento com tribunal civil, no último instante? As respostas serão respondidas para alguns. E até hoje temos esse dilema com os presos de Guantánamo. As cenas do enforcamento foram focadas em fotos da época e a sombrinha protegendo o rosto de uma dama em direção à forca é verídica, pois jamais se deixaria uma senhora tomar a luz do sol e queimar sua tez.


quinta-feira, 3 de maio de 2012