CONSPIRAÇÃO AMERICANA DE ROBERT REDFORD
THE CONSPIRATOR, EUA/2010,122 MIN. DOCUDRAMA
ELENCO:
JAMES
MCAVOY – FREDERICK AIKEN
ROBIN
WRIGHT – MARY SURRAT
Os assassinatos de dois presidentes americanos nunca foram
bem digeridos por sua população: o de Abraham Lincoln e John Kennedy. Com uma
versão muito bem cuidada e dirigida, Robert Redford, que já ganhou quatro
prêmios no Oscar de 1981 com Gente como a Gente, agora dirige esse ótimo The
Conspirator, tendo como roteirista James Solomon, cujo trabalho levou anos para
ser concluído. Esse fato histórico ocorreu na fase final da Guerra da Secessão
dos Estados Unidos, no século XIX em 15 de abril de 1865. Nas primeiras cenas
vemos o talentoso James McAvoy, um jovem capitão, no campo de batalha ajudando
seu amigo e subalterno a lutar pela vida, pois ambos estavam quase mortos. Eles
sobrevivem, o Norte ganha a guerra, mas esta não está totalmente consolidada e
é necessário que todo o país aceite essa realidade. Abraham Lincoln era o
Presidente da República e adorado pelo povo. Em uma festa onde comparecem todos
os militares proeminentes que lutaram pela coesão do país e suas esposas ou
namoradas, vemos Aiken sendo congratulado por todos os Ministros do Estado,
acompanhado de sua noiva. Aqui se discutiria o futuro dos Estados Unidos da
América. Entretanto o personagem principal, o Presidente, não estava presente,
pois sua mulher havia preferido ir ao teatro e aí ocorreria a mais terrível
conspiração. Durante a apresentação da peça, várias pessoas do lado de fora se
movimentam rapidamente, todos armados, e no meio do espetáculo um tiro é disparado
por um ator, que atingirá mortalmente o famoso presidente como revanche dos
sulistas. O caos se instala e todos querem descobrir os homens que conspiraram
para aquele horrível desfecho, pois o tiro não poderia ser ato de uma só pessoa. Em 1865, instala-se um tribunal militar para
punir com morte na forca, todos os envolvidos, inclusive a dona de uma pensão
onde esses homens moravam, sendo todos os detidos sulistas. Começa a tragédia
do filme, o julgamento de uma mulher católica, cujo filho era um dos acusados
de participar de tal ultraje. Ele está desaparecido e Mary Surrat (Robin
Wright) será julgada em um tribunal militar, onde o mais importante não é a
justiça, mas a defesa da nação. Aiken, que já havia deixado o exército para
dedicar-se a sua carreira de advogado aos 27 anos, com tremendo desconforto
será o escolhido para defender essa mulher em quem não confia. A grande
reviravolta em seu comportamento se dará durante a preparação da defesa, na
qual não acreditava. Os fatos vão mostrando outras vertentes da verdade e
misérias humanas que o levam a tomar uma nova posição como profissional, mais
perto da verdade e da lei. Essa empolgante narração nos abraça e ficamos
eletrizados para ver o desenrolar dos acontecimentos, que já são de domínio
público para os amantes da história americana. Robert Redford, além de ter sido
o mais bonito ator dos anos setenta é, sem dúvida, com seu comprometimento com
o Festival de Sundance, um ótimo diretor e contador de histórias, contabilizando
sete filmes dirigidos por ele em seu currículo. Ótimo filme, tanto do ponto de
vista histórico quanto de entretenimento que só acrescenta ao conhecimento.
Contudo lendo algumas publicações americanas, inclusive a do crítico do The New
Yorker, eles não gostaram dos fatos históricos por acharem as cenas amenas e
limpas em demasia para uma época de fim de guerra, com os Estados Unidos
destroçados por quatro anos. Contestam também as perguntas sem respostas do
filme. Mary Surrat saberia sobre o complô para matar o presidente? Por que o
presidente assumido, Andrew Johnson negou um novo julgamento com tribunal
civil, no último instante? As respostas serão respondidas para alguns. E até
hoje temos esse dilema com os presos de Guantánamo. As cenas do enforcamento
foram focadas em fotos da época e a sombrinha protegendo o rosto de uma dama em
direção à forca é verídica, pois jamais se deixaria uma senhora tomar a luz do
sol e queimar sua tez.