quinta-feira, 28 de maio de 2015

CRIMES OCULTOS DE DANIEL ESPINOSA






CHILD 44, INGLATERRA, EUA, ROMÊNIA, REPÚBLICA CHECA, 2015, 137 MIN., THRILLER DE MISTÉRIO
ELENCO:
TOM HARDY – LEO (DO NOVO MAD MAX)
NOOMI RAPACE –  RAISA  (ESPOSA DE LEO)
JOEL KINNAMAN
GARY OLDMAN
VICENT CASSEL
Esse é um bom filme, baseado no livro Child 44 de Tom Rob Smith, bem dirigido, mas tem um grave pecado que é o inglês falado com sotaque russo. A história, misto de thriller e filme de guerra, começa em 1933 quando várias crianças ucranianas ficaram órfãs com a morte de seus pais, na ditadura de Stalin. Um desses meninos esfomeados e castigados consegue escapar e é encontrado por um oficial soviético que o ajuda e ele acaba virando um herói nacional durante a Segunda Guerra Mundial, quando eles invadiram Berlim e colocaram a bandeira russa no topo de uma estátua. Em 1955 ele é um investigador militar e está trabalhando para descobrir a morte da vários meninos, 46 ao todo, perto da linha de trem em determinado percurso. O filho de seu melhor amigo havia sido o primeiro assassinado cruelmente, mas para o país e para o pai, fora um acidente de trem, pois no paraíso soviético não havia assassinato e isso era simplesmente gravíssimo se revelado, podendo a pessoa perder a vida. Leo é casado com uma linda loira, professora primária, mas ele é mais apaixonado por ela do que a jovem por ele. Sua esposa é considerada espiã e ele a defende. São enviados para o inferno como castigo, na gelada cidade de Volsk. Nessa região outros crimes idênticos ocorrem e ele tem certeza de tratar-se de um serial killer, que provavelmente morava ou trabalhava naquela região.  Com muitas reviravoltas, cenas fortes, idas a Moscou, desentendimentos com Raisa, ele chega à conclusão que estava certo. O final é interessante e crível. Bom programa, mas está mal avaliado em meios de comunicação. A presença de Hardy é muito forte e bem conduzida; não fosse o sotaque, seria ótimo o desempenho. Curiosidade: o filme foi proibido na Rússia, mas países pertencentes à antiga União Soviética puderam apresentá-lo.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

MISS JULIE DE LIV ULLMANN






MISS JULIE, NORUEGA, INGLATERRA, CANADÁ, FRANÇA, EUA,IRLANDA, 2014, 129 MIN. DRAMA
ELENCO:
JESSICA CHASTIN – JULIE
COLIN FARRELL – JOHN
SAMANTHA MORTON – KATHRYN

Baseado na peça do sueco August Strindberg, essa pesada peça, que é filmada em forma de teatro, dirigida pela ótima atriz e diretora de cinema sueca Liv Ullmann, discute problemas humanos e psicológicos muito complexos, como paixão, humilhação, religião, conquista e posição social, tão importante na época em que se passa, quando essas fronteiras estão para ser arrombadas. Estamos em 1890, Irlanda, em um magnífico castelo de um barão cuja filha se chama Julie.  É noite de solstício de verão e Julie encontra-se sozinha no castelo, apenas na companhia do lacaio, John, que conhece desde pequena e Kathryn, a cozinheira. Na primeira cena vemos a menina Julie, lamentando a perda da mãe e indo procurar consolo no bosque do castelo. É um lugar calmo e com a natureza em pleno apogeu. Na segunda cena ela já é uma mulher com a mesma beleza da infância. Porém, essa mulher é amarga e presunçosa, tratando os dois criados com soberba. Ela vai à cozinha, onde quase todo o filme se passa, e começa a provocar o jovem com pedidos absurdos na presença de sua noiva, a cozinheira. Humilhado, pois não passava de um serviçal, quase um servo, é obrigado a obedecer às ordens da aristocrata. Os pedidos são tão absurdos como beijar suas botas sujas de lama, indo para outros provocativos e quase apaixonados. No princípio ele, resignado, corresponde a muito contragosto. Contudo, no decorrer de suas exigências ela se vê atraída por John, que havia se apaixonado por ela na infância. Era um jovem diferenciado, falando vários idiomas e com um inglês absolutamente impecável, como o dos nobres. Esse jogo de poder e humilhação vai ter uma virada impressionante, submetendo os três a momentos muito cruéis. Naturalmente John tinha seus sonhos de se tornar um burguês bem sucedido, como tantos nessa época e Julie queria humilhar seu criado. Mas só humilhar ou se aproveitar de sua condição de patroa? O jogo segue cada vez com mais violência física e psicológica, deixando todos aniquilados. Quase no final, uma guinada inesperada ocorre e tudo pode não acabar com um final feliz. Muito bom, mas para pessoas que gostam de dramas psicológicos, pois a barra pesa bastante. Liv Ullmann tem  direção segura, linda fotografia e elenco de primeira classe. Vale a pena.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

UM POMBO POUSOU NUM GALHO REFLETINDO SOBRE A EXISTÊNCIA






DE ROY ANDERSSON
EM DUVA SATT PA EM GREN OCH FUNDERADE PA TILLVARON
SUÉCIA, ALEMANHA, NORUEGA, FRANÇA, 2014 101 MIN., TRAGICOMÉDIA
ELENCO:
HOLGER ANDERSSON – JONATHAN
NILS WESTBLOM – SAM
Com seu inconfundível estilo, o sueco Roy Andersson ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza apresentando um filme surrealista com o longo título acima, tentando mostrar com é ser uma criatura humana. São pequenos quadros que representam a finitude e bizarrice da vida. Ele inicia com três encontros com a morte, muito patéticos e de humor negríssimo. Um homem sofre um infarto e morre ao abrir uma garrafa de vinho, enquanto sua mulher, na cozinha, canta com o liquidificador ligado e está feliz. Depois de um senhor morrer em uma lanchonete, a garçonete oferece seu lanche, uma vez que ele já havia pagado por ele. Uma moribunda sofre ataque dos dois filhos homens que querem levar sua bolsa, a qual ela se agarra para sempre, contendo joias e dinheiro. Depois disso o assunto muda completamente com a professora de flamenco abusando de seu aluno, que a rejeita. Há outros quadros que aparecem e somem, mas o fio condutor é uma dupla de vendedores envelhecidos, morando em um abrigo público, que vende, com a expressão mais deprimida possível, artigos para entretenimento, ou seja, saco de risadas, dentadura de vampiro e máscara de personagem de histórias infantis, conhecida na região. Há também uma cena sensacional, quando em uma lanchonete atual, aparece um rei e seu exército do século XVIII, entrando ali a cavalo e tudo mais, a fim dele tomar um copo de água, antes de se confrontar com os soviéticos. O seu retorno é mais burlesco ainda. A câmera é fixa e grava tudo como uma fotografia em tons de amarelo mostarda e marrom. Os móveis são antigos e datados, com cara de decadência. O humor, além de negro e frio, é trágico e desafiador. Filme para poucos e esse conselho deveria ser seguido. Este filme é o final de uma trilogia sobre o ser humano.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

A ESTRADA 47 DE VICENTE FERRAZ





A ESTRADA 47 DE VICENTE FERRAZ
BRASIL, 2013, 107 MIN., DRAMA
ELENCO:
DANIEL DE OLIVEIRA - GUIMA
JULIO ANDRADE – TENENTE
THOGUN TEIXIEIRA – LAURINDO
FRANCISCO GASPAR – PIAUÍ
SERGIO RUBINI – ITALIANO
RICHARD SAMMEL – ALEMÃO
 Nesse capaz filme, original na cinematografia brasileira, o diretor e roteirista optou por abordar o lado humano dos pracinhas brasileiros que foram enviados para lutar na Segunda Guerra Mundial, durante o governo do polêmico Getúlio Vargas. A princípio não topa entrar nessa guerra por afeição aos italianos e quase como moeda de troca, no final, ele toma o lado dos aliados e recebe dos americanos a construção da Usina Volta Redonda. Os soldados da Força Expedicionária Brasileira, composta por quase 25.000 jovens, foram para a Itália. No Monte Castelo, ponto crucial para os alemães, o filme se passa durante o rigoroso inverno europeu. Um desafio e tanto para o diretor com orçamento apertado e falta de tradição no tema.  Os aspectos psicológicos são focados nessa película, como o medo, a solidão e até falta de preparo para o evento. Quatro soldados engenheiros são escolhidos para retirar as minas da Estrada 47, a fim de que os americanos possam entrar com os tanques por ela e seguir para um vilarejo italiano em perigo e isolado. Os ianques receberão as glórias pelo difícil trabalho de seus aliados. Ocorre que um ataque de pânico imobiliza esses quatro jovens que vão parar em uma casa abandonada, onde encontram um fotógrafo de guerra, louco por imagens impactantes. Depois de certa reflexão, Guima, engenheiro, decide que mesmo sozinho retiraria as minas, pois por isso tinham sido enviados. Todos colaboram, inclusive o medroso Piauí (ótimo), que faz tudo o que não seria esperado de um soldado. Com o correr do filme, com belas imagens de neve até os joelhos, e suspenses como quando encontram um grupo de alemães e salvam a vida de seu chefe, que havia sido baleado por eles e cai em uma cerca de arame farpado, nossos protagonistas vão tomando corpo e personalidade. Com muito custo, o caminho é liberado e os resultados pessoais de cada um faz com que o grupo cresça e desenvolva seu verdadeiro potencial. A filosofia de vida dos brasileiros parece sempre entrar em confronto com seus companheiros europeus, mais duros e acostumados com as lides de guerra. Para alguns críticos o filme se arrasta um pouco, a meu ver ele tem o tempo necessário para reflexão. O trabalho foi premiado em festivais de Gramado e Cine Ceará em 2014. Vale a pena ver essa ficção interessante.