segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018






A GRANDE JOGADA DE AARON SORKIN
MOLLY’S GAME, ESTADOS UNIDOS-CHINA, 2017, 140 MIN. DRAMA BIOGRÁFICO.

ELENCO:
JESSICA CHASTIN – MOLLY BLOOM
KEVIN COSTNER – PAI MR. BLOOM
IDRIS ELBA – ADVOGADO


Baseado no livro de Molly Bloom, o diretor e roteirista Aaron Sorkin faz sua estreia em Hollywood, narrando essa incrível saga de uma jovem que, de participante em uma Olimpíada de Inverno no ano de 2002, depois de um acidente dramático durante a prova, passa a ser uma pessoa totalmente diferente daquilo que fora planejado pelos pais e por ela. Ótima aluna como seus irmãos, planeja fazer faculdade de Direito e ter um futuro brilhante. Contudo o filme inicia com ela sendo presa pelo FBI, pois era alvo de uma operação contra o crime organizado no jogo de pôquer em New York, frequentado apenas por figurões, como empresários, mafiosos, atletas riquíssimos. Ela tornara-se proprietária desse negócio ilegal.   Logo após o incidente das Olimpíadas, viaja para Los Angeles, iniciando uma carreira de garçonete. Lá conhece Dean, um homem inescrupuloso que inicia Molly no lucrativo negócio de pôquer clandestino. Aprendendo rápido e recebendo gordas gorjetas é demitida por Dean. Muito pragmática aluga uma cobertura em um hotel, com ótimo staff. Atrai os clientes de seu antigo chefe e o sucesso é retumbante. Apesar disso, vê-se obrigada novamente a mudar-se por se envolver com pessoas erradas. Em New York se dá bem e começa a bancar a casa. Torna-se alcoólatra e dependente de drogas para suportar a pressão. Dois anos se passam e ela publica um livro incrível sobre sua vida. Presa, procura um advogado famosíssimo para defendê-la, Charlie Jaffey, que sem grande convicção aceita o pedido. Molly, finalmente, é convidada a dar mais informações confidenciais de seus clientes, a fim de conseguir a liberdade. Ela reage e não concorda em delatar as pessoas que teriam suas vidas arruinadas. Declara-se culpada. O juiz, após uma conversa com os procuradores, propõe uma pena de serviços comunitários e um multa de duzentos mil dólares, pois seus crimes não eram graves.  Volta a ver o pai psicanalista e sua influência sobre ela é bastante positiva. Bom filme, com diálogos de metralhadora e muita agitação. Recomendo para quem goste de pôquer, pois quase todo filme mostra esse jogo e suas peculiaridades. A protagonista, além de linda é ótima atriz e indicada ao Oscar, assim como o diretor, como roteirista. 

domingo, 25 de fevereiro de 2018

TRAMA FANTASMA DE PAUL THOMAS ANDERSON




PHANTON THREAD, ESTADOS UNIDOS, 2017, 133 MIN. DRAMA.

ELENCO:
DANIEL DAY-LEWIS – REYNOLDS WOODCOCK
VICKY KRIEPS – ALMA ELSON
LESLEY MANVILLE – CYRIL WOODCOCK


Com várias indicações para o Oscar, seis, incluindo filme, direção e ator, é um longa com belíssima fotografia e uma caracterização de época muito bem feita, lindos vestidos, casas, edifícios e pessoas. Trata-se da história de um famoso estilista britânico (Daniel Day-Lewis), homem solitário e genial, que vestia a realeza europeia. Mora em uma bela mansão com sua  irmã, que é sua assistente e a única pessoa que compreende sua alma. A ligação é de uma vida, pois ambos são solteiros, perderam a mãe ainda jovens, uma intensa mulher que ensinou tudo que sabia de moda para o filho. Ela aparece frequentemente em seus sonhos e em seu quarto, conversando com ele. Isso lhe traz uma grande paz interior. O costureiro tem namoros passageiros e certo dia, em um restaurante no campo, encontra a descontraída e intrigante Alma, a garçonete que o serve, uma típica camponesa. Apaixonam-se e ela será sua nova musa inspiradora e principal modelo. O cineasta americano de 47 anos, Paul Thomas Anderson, foca muito a parte psicológica dos personagens, dando tempo para reflexões. Reynolds um homem controlador e obsessivo, a irmã forte e Alma uma garota jovem, apaixonada e capaz de qualquer coisa para preservar esse relacionamento, que se transformará em uma verdadeira guerra de poder. Os três personagens passam a viver na mansão da família, mas Alma é outro tipo de criatura: simples, corajosa e sem refinamento. Com o tempo isso afeta tremendamente Reynolds, fazendo-o querer se livrar dela, a fim de voltar a ter controle total de sua vida e profissão. Alma não cede e colhendo cogumelos selvagens tenta envenená-lo, não a ponto de matar, mas de submetê-lo a seus cuidados e domínio. Funciona. Mas esse homem tão influente não dividirá sua posição de poder com ninguém e o ambiente volta a ficar tenso. Em outra tentativa de reconquistá-lo, Alma usa do mesmo expediente, agora em sua presença. Ele lê seus pensamentos, mas cede, isso lhe convinha no momento. Voluntariamente submete-se aos seus caprichos depois de passar mal. Alma imagina como seria feliz casada com um homem poderoso, ter filhos, morando ao lado de Cyril que a admira e passeando pelas ruas e parques de Paris com a família. Esse foi o último filme de Daniel Day-Lewis, que anunciou sua aposentadoria. Brilhante ator de filmes inesquecíveis como Ouro Negro, Meu Pé Esquerdo e tantos mais. Lesley Manville é indicada ao Oscar como atriz coadjuvante, mas Vicky Krieps não fica atrás dos dois grandes astros. É importante prestar atenção nos detalhes da alta costura da época, que usava de vários artifícios para que as mulheres ricas tivessem um porte impecável. Você poderia ser feia, seu vestido jamais, ofuscaria a cena. Ótimo filme!





quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

LADY BIRD, A HORA DE VOAR DE GRETA GERWIG





LADY BIRD, ESTADOS UNIDOS, 2017, 93 MIN., COMÉDIA DRAMÁTICA.
ELENCO:
SAOIRSE RONAN – CHRISTINE MCPHERSON
LAURIE METCALF – SRA. MCPHERSON
TRACY LETTS – SR. MCPHERSON



Greta Gerwig, atriz principal do excelente Francis Ha, tem ascendência alemã e aos 34 anos dirige um longa pela primeira vez e roteiriza esse primor de filme, que chega ao Oscar com cinco indicações, inclusive de melhor direção. Essa história que poderia ser rotineira, pois se trata da adolescência de Christine, ou melhor, Lady Bird como quer ser chamada. Nasceu e vive em Sacramento, Califórnia, como a própria diretora e se baseia levemente em sua vida real. Com muito sacrifício dos pais, que não possuem uma formação educacional mais robusta, estuda em um colégio religioso que detesta pelos rituais que exige. Aos 17 anos, está no último ano do colegial e deverá entrar na universidade. Não quer nenhuma por perto e de preferência na costa leste dos Estados Unidos, onde se vê cercada por pessoas refinadas e interessantes. Ocorre que Christine não é boa aluna em várias matérias e suas notas não possibilitariam que estudasse em um lugar sofisticado. Assim mesmo não desiste de seu sonho e seu relacionamento com a mãe é muito irregular.  Os pais, apesar de modestos acolheram dois jovens como filhos adotivos que estão desempregados e o gasto é grande. Sr. McPhersn é seu confidente e para quem ela deposita cegamente todas suas angústias e sonhos. Ele também perde o emprego e a aspiração praticamente vai por água abaixo. Fica sabendo que a escola tem um curso de arte e se inscreve para trabalhar em uma peça que será exibida no final do curso. A freira que a acolhe é uma entusiasta do teatro, assim como o padre que dirige os alunos. Sua vida melhora um pouquinho, pois conhece uma nova amiga, gordinha e melhor aluna de matemática do colégio. Assim o tempo vai passando e ela até encontra um namoradinho, que mora na casa mais suntuosa do local, convidando-a para o Dia da Ação de Graças, quando conhece sua avó, dona da mansão. Mas com ele Lady Bird  decepciona-se, passando a evitá-lo, até voltarem a ser amigos. Passa a paquerar um músico (Thimothée Chalamet, ator premiado em Call Me by Your Name). Sua mãe é a única a colocar sua cabeça no lugar e não deixar que sonhe demais e depois venha a sofrer. Os diálogos frequentes entre elas são de grande agilidade e inteligência durante o longa e seu fio condutor. Esse é um filme sedutor que irá prendê-lo até o final. Imperdível.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME DE MARTIN MCDONAGH




THREE BILLBOARDS OUTSIDE EBBING, MISSOURI, REINO UNIDO-USA, 2017, 116 MIN., DRAMA.

ELENCO:
FRANCES MCDORMAND – MILDRED HAYES
WOODY HARRELSON – WILLIAM WILLOUGHBY
SAM ROCKWELL – DIXON






O ódio incita o ódio. Diz uma garota iletrada. Como chegou a tal conceito? Leu  
em um marcador de livro. Um anão convida uma senhora para jantar e acaba deixando-a sozinha à mesa, pois estava constrangida com sua presença desde que chegara ao restaurante, mas aceitara sua ajuda, dizendo-se sua namorada quando precisou de um álibi. São cenas interessantes de um filme que fala sobre violência, intolerância e ódio.  Esse diretor inglês de 47 anos recebeu vários prêmios por sua filmografia recente e por um livro.   O assunto é pesado. Uma jovem é estuprada e morta, na pequena Ebbing. Contudo sete meses após o crime nada foi resolvido. Inconformada Mildred, a mãe, observa três outdoors vazios perto de sua cidade e tem a ideia de fazer um apelo à ineficaz polícia local. Coloca três anúncios sobre o caso citando nominalmente o delegado de polícia.  William é um xerife com câncer e em fim de vida, com esposa e duas filhas pequenas que tenta proteger da melhor maneira possível Na noite de Páscoa ele recebe um telefonema sobre o assunto, indo diretamente ao ponto: falar com Mildred. Há um confronto entre eles sobre os outdoors, mas chamam a atenção de todos na cidade e vizinhança. Seu auxiliar, Dixon, é um oficial imaturo e truculento, gostando de espancar negros e homossexuais.  Uma guerra começa nessa pequena e atrasada cidade. Mildred tem um filho adolescente, que apesar de ajudá-la, se recente de seu comportamento e um ex-marido, bêbado e violento, que está atualmente com uma jovem de 19 anos.  Sozinha terá de enfrentar o tumulto que iniciou, em busca de redenção. Totalmente revoltada, segura e forte vai como um tanque de guerra atrás dos possíveis culpados e dos não resultados do caso policial. O filme todo é violento e mostra como essa atitude reverbera em outras tantas ainda piores. O desempenho furioso de Frances McDormand é primoroso e ela foi nominada para o Oscar de melhor atriz.   Os dois policiais também foram escolhidos como atores coadjuvantes.  São sucessivos dramas pessoais que fazem essa história estar sendo polemizada pela mídia e redes sociais. O melhor é falar o mínimo possível e deixar o veredito a seu critério. Apesar do clima o longa traz boas piadas. Ótimo.  Imperdível.                                                                                                        

domingo, 11 de fevereiro de 2018

O INSULTO DE ZIAD DOUEIRI




L’INSULTE, FRANÇA-LÍBANO, 2017, 112 MIN., DRAMA.

ELENCO:
ADEL KARAM - TONI
RITA HAYED – ESPOSA DE TONI
KAMEL EL BASHA - YASSER


Esse incrível filme, concorrente ao Oscar de melhor filme estrangeiro, dirigido pelo ótimo diretor Ziad Doueiri, ameaçado de prisão justamente por esta película, releva aspectos políticos e religiosos muito delicados para os países árabes. Nos tempos atuais do Líbano moderno, um insulto tomará proporções gigantescas entre Toni, um libanês cristão e Yasser, refugiado palestino, ex-engenheiro que agora trabalha no país. Ele é uma pessoa bastante correta e eficiente no que faz. Toni, dono de uma oficina automobilística, também é cidadão exemplar, casado com uma jovem no final da gravidez que quer voltar para a aldeia do marido.  Toni lava a varanda de seu apartamento, quando um cano fora de lugar, molha Yasser com água suja. Imediatamente ele sobe para pedir explicações, que não vêm, e os dois homens acabam se desentendendo seriamente com sentimentos de ódio. Era uma bobagem que poderia ter sido resolvida facilmente, apenas com um pedido de desculpas. Isso não ocorre e, em sua oficina, Toni é agredido fisicamente pelo palestino e as coisas tomam uma dimensão não só política, mas também racial. Eles vão parar em um tribunal. Toni é defendido por um famoso advogado de direita e Yasser por sua filha, também advogada, que terá seu primeiro caso na corte, pois considerava os palestinos pessoas sem defesa. Esse incidente revira o passado de ambos. Assim, feridas e perseguições ainda não cicatrizadas virão à tona, com uma força inimaginável. A cidade fica dividida e a imprensa se aproveita do fato para por mais lenha na fogueira. Vemos como as coisas pegam fogo de um nada nesses países e como todos podem ser afetados com isso. Na realidade o réu e o acusado eram boas pessoas e estavam erradas, segundo a juíza, entretanto com um passado conturbado, que não sabem lidar. Caso estivessem em um país realmente democrático e livre talvez as coisas fossem diferentes. Excelentes representações, com nominações a prêmios e enredo belíssimo. Imperdível!!! Tomara que o diretor se saia bem com seu processo, uma vez que é muito talentoso e audacioso.