terça-feira, 27 de setembro de 2016

SETE HOMENS E UM DESTINO DE ANTOINE FUQUA






THE MAGNIFICENT SEVEN, EUA, 2016, 133 MIN., FAROESTE
ELENCO:
DENZEL WASHINGTON – CHISOLM
CHRIS PRATT – JOSH FARADAY
ETHAN HAWKE – GOODNIGHT ROBICHEAUX
VICENT D’ONOFRIO – JACK HORNE
MARTIN SENSMEIR – ÍNDIO COMANCHE
BYUNG-HUN LEE - ASIÁTICO
MANUEL GARCIA-RULFO – VASQUEZ
HALEY BENNET – EMMA CULLEN
The Magnificent Seven do robusto e competente diretor Fuqua é um excelente remake dos Sete Samurais dos anos 50, de Kurosawa, e de Sete Homens e um Destino de John Sturges, em 1960. Escrito por Nic Pizzolatto e Richard Wenk com uma ótima fotografia e enfoques em zoom, alternados com belíssimas paisagens abertas, é um filme de encher os olhos e o coração. Trata-se da história de uma pequena cidade mexicana, Rose Creek, que tem o solo coberto por ouro o que chama a atenção do corrupto e cruel industrial Bart Bogue, o qual domina a vila e seus habitantes que são maltratados e mortos sem piedade. Depois de muito sofrimento e da morte de seu marido, a jovem Emma Cullen decide contratar um fora da lei, o atirador negro Chisolm, papel de Denzel Washington, para defender a cidade. O que têm para oferecer em pagamento são uns trocados dos habitantes e a princípio não considera a proposta, porém ao ouvir o nome de Bogue resolve aceitar.  Tinha contas antigas e amargas a acertar com ele. A esmo consegue contratar mais seis homens para o trabalho, entre eles um comanche, um asiático e outras figuras únicas. Esses homens, sempre acompanhados por Emma, terão uma missão e tanto pela frente, pois o industrial possuía um verdadeiro exército sanguinário com as mais diversas armas pesadas. Eventualmente, os homens de Bogue são escorraçados de Rose Creek e  Chisolm pede que o chefe venha sozinho. Em número muito maior, esperam que o inimigo volte em uma semana com sua armada. Durante o plano do combate final, sendo em número diminuto, treinam os moradores para se defender, incluindo mulheres e crianças. Com a convivência percebemos que muito além do dinheiro, cada um luta também por uma causa pessoal. É uma história comovente e muito dinâmica pela atualidade das causas dessa contestação, hoje em níveis e artilharias diferentes. É um filme inteligente de entretenimento. Os protagonistas são de primeira linha e Denzel, Ethan Hawke e a bela Haley Bennet são os principais destaques do longa. Recomendadíssimo.


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

AQUARIUS DE KLEBER MENDONÇA FILHO





BRASIL, FRANÇA, 2016, 112 MIN., DRAMA.
ELENCO:
SONIA BRAGA – CLARA
HUMBERTO CARRÃO - DIEGO

Sonia Braga tem um papel impecável e elegante nesse filme, pena que a elegância não tenha se repetido, em maio, no tapete vermelho do Festival de Cannes, quando o elenco empunhava uma plaqueta com os dizeres GOLPE, que fez tanto mal para nossa nação já fragilizada. O diretor pernambucano escolheu ótimo diretor para a trilha sonora dos anos 80, com figurino e imagens bem próximos da realidade na Praia da Boa Viagem, em Pernambuco, onde mora a personagem principal e sua família. O filme começa nos anos 80, durante uma festa de aniversário de sua tia querida, mulher feminista e durona, bela aos 70 anos e de cabelos longos e brancos. Clara nessa época havia extirpado um seio pelo câncer e é tão corajosa quanto à tia. O filme volta para os tempos atuais. Vemos a sobrinha morando no mesmo prédio, Aquarius, simples de dois andares, totalmente vazio, a não ser por ela que se recusa a vendê-lo, por mais dinheiro que lhe ofereçam. Conservadora ao máximo, lá criou os filhos, enviuvou e não arreda o pé. Com o passar do tempo, o representante da construtora (não idônea) desisti de procurá-la e fala com os filhos. Sua filha, recém-divorciada, gostaria que ela vendesse, pois se encontra em dificuldades financeiras. Clara oferece dinheiro para ajudá-la, mas ela recusa. A teimosia e o conservadorismo é um traço de caráter da família. Com o mesmo cabelo longo da tia, o de Clara é colorido de preto, mais comprido e muito bem manejado durante as performances. A construtora cede os apartamentos vazios para cultos evangélicos e bacanais com sexo grupal. Clara aguenta firme e até manda pintar a fachada do prédio. Um belo dia dois ex-funcionários da firma vão visitá-la, pois gostaram dela pela honestidade e hombridade, avisando que dois apartamentos vazios têm uma carga perigosíssima, que transportaram para lá. Que ela se previna, pois o risco seria grande. Apoiada por uma amiga advogada arrombam a porta e se deparam com uma cena dantesca. Agora não haveria mais condições de nada. Clara, com calma e sempre acompanhada de sua amiga, comparece à firma, carregando uma mala pequena. Ao vê-las, acreditam que tudo estaria acertado, porém Clara deixa bem claro que pegara um câncer quando era jovem e agora em vez de ter outro, preferia dar um de presente para eles. O final é fenomenal, o filme bem dirigido, mas se houve por parte do diretor alguma intenção de criticar o capitalismo, a meu ver, foi o oposto. Expõe os sobrenomes famosos do nordeste e mostra as maracutaias que estão sendo expostas pelo governo anterior. Bom filme com atuação perfeita da heroína. Será distribuído para mais de 50 países e a crítica internacional está sendo bem favorável.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

A COMUNIDADE DE THOMAS VINTERBERG





KOLLEKTIVET, DINAMARCA, SUÉCIA, HOLANDA, 2016, 111 MIN., DRAMA
ELENCO:
ULRICH THOMSEN – ERIK
TRINE DYRHOLM – ANNA
Este filme é um belo trabalho de Thomas Vinterberg, grande diretor de Festa de Família e A Caça entre outros. Passando-se nos anos 1970, em Copenhagen, temos uma visão bem interessante do que foram aqueles tempos dos hippies e da emancipação feminina. Erik é arquiteto e professor, bem casado, com uma adorável filha adolescente de 14 anos. Anna é uma conhecida apresentadora de noticiário televisivo, muito competente e respeitada. Ele recebe de herança a casa de seus pais, lindíssima com grande jardim e 450 metros quadrados de área construída. É muito grande para os três e sua mulher sugere que lá criem uma comunidade com outros amigos. Sugestão aceita, começam a migrar seus companheiros. Primeiro um amigo de Erik, divorciado, depois outro casal com um filho de 6 anos, os quais sugerem regras para que a comunidade dê certo, todos se ajudarão mutuamente. E mais gente vai chegando até se esgotarem os lugares, que, claro, serão cobrados. Erik, na universidade, recebe seus alunos para dúvidas e uma aluna, Emma, o procura e em minutos rola um clima que ambos aceitam com facilidade. A partir desse fato, as coisas mudarão e muito. Esse comportamento tão aberto dos nórdicos afeta as crianças que são precocemente sexualisadas. Anna parece ser uma mulher forte e aberta, mas quando fica sabendo do caso do marido, por ele mesmo, quer enfrentar o problema de frente e convida a moça para morar em sua casa. Obviamente eles aceitam, mas um tumulto irá surgir, evidentemente, pois Anna não é tão segura quanto parece e quem realmente vai segurar as pontas de tudo é a filha do casal, a única capaz de vislumbrar realisticamente o clima que lá ocorre. Bom longa que mostra a dificuldade dos relacionamentos humanos, os sonhos de uma vida comunitária e os desfechos de tais situações. Trine Dyrholm é uma luz que brilha durante o filme. Em entrevista ao Estado de São Paulo, o diretor fala que “a substituição é uma coisa brutal, e no amor, então, nem se fala. É um temor que me angustia.” “O filme constrói-se muito na epiderme das atrizes.” Thomas passou alguns anos de sua infância e adolescência em uma comunidade, tendo experiência própria sobre o assunto. Ótimo programa.



quinta-feira, 1 de setembro de 2016

CAFÉ SOCIETY DE WOODY ALLEN








CAFE SOCIETY, ESTADOS UNIDOS, 2016, 96 MIN., COMÉDIA
ELENCO:
JESSE EISENBERG – BOBBY
KRISTEN STEWART – VONNIE
STEVE CARELL – TIO PRODUTOR
COREY STOLL – IRMÃO GÂNGSTER

Com mais de oitenta anos Woody Allen consegue permanecer romântico e com frescor de um jovem de 20.  Seu talento só faz melhorar. Essa sensível comédia se passa na agitação de espírito dos anos 1930, em Hollywood, quando grandes astros eram consagrados. O jovem Bobby (Jesse Eisenberg, alter ego perfeito de Woody) mora em Nova York, mas deseja tentar a vida perto do que gosta, o cinema, e se afastar da família com um irmão nada convencional. Na dourada Los Angeles dessa época mora seu tio, um poderoso agente de cinema, que convivia com os maiores atores dessa ocasião. Conseguindo apenas um cargo de mensageiro, vai percorrer a cidade tendo como cicerone sua belíssima e despretensiosa secretária, Vonnie, por quem se apaixona perdidamente e acaba sendo correspondido. Ocorre que Vonnie tem um amante secreto de quem não releva uma palavra e isso vai determinando os passos de suas vidas, suas escolhas e destinos. Bobby voltará à Nova York, seguindo uma direção completamente nova, formando uma família. Esse longa mostra como a vida amorosa pode ser complicada e delicada, cheia de interesses e conflitos pessoais. O filme tem graça e humor, mas um fundo amargo de melancolia sobre a existência real. Além da história interessante e por vezes triste, temos uma brilhante trilha sonora e uma fotografia espetacular do italiano Vittorio Sotoraro, ganhador de três prêmios Oscar de melhor fotografia.  Manhattan e Los Angeles aparecem em todo seu esplendor. O roteiro é cheio de surpresas com um final também surpreendente e realista. Absolutamente imperdível.