SYNGUÉ SABOUR - ALE, FRA, REINO UNIDO, AFEGANISTÃO, 2012,
102 MIN. DRAMA.
ELENCO:
GOLSHIFTEH FARAHANI –
ESPOSA
HAMID DJAVADAN – MARIDO
Neste empolgante filme, baseado
no livro Syngé Sabour e dirigido pelo próprio escritor Atiq Rahimi, tomamos
conhecimento de uma antiga lenda persa que descreve a pedra de paciência. Quando encontrada pode ser o depositário de
todas as suas angústias e segredos e quando ela se quebrar você se libertará de
todo sofrimento. Mais do que isso, o filme, que se passa em um país de língua árabe
que enfrenta uma guerra civil, desnuda a agressividade masculina sobre as
mulheres muçulmanas. Golshifteh é uma
linda jovem casada com um herói de guerra, décadas mais velho, que se encontra
em coma com uma bala alojada no pescoço, dentro de casa. Ela o alimenta com
soro caseiro e faz o possível para que não morra, pois eles têm duas meninas. A
situação externa é tão catastrófica que ela passa a contar ao marido tudo que
ocorre, seus medos e pensamentos mais íntimos. Quando a situação fica
insustentável, deixa as meninas na casa de uma tia sábia. Contudo, volta todos
os dias para conferir o soro, lavá-lo e continuar com sua purificação através
da palavra que lhe fora proibida. São cenas muito pungentes, pois ele, um homem
grosseiro e rude, agora é seu sustentáculo emocional e psicológico. É um
sentimento de amor e ódio, guerra e paz. Certa vez ela é estuprada por um virgem rapaz soldado e aí se abre uma
oportunidade para que teste sua feminilidade e sensualidade. Os desabafos vão
ficando cada vez mais profundos, assustando a própria jovem e esclarecendo cada
vez mais seu calvário junto ao marido. Esse tema avassalador no final vai se
tornando dramático em tal grau, que a pedra acaba se quebrando e ela se torna
uma profetisa. Ótimo filme que desvenda a alma feminina de qualquer parte do
universo. Imperdível. O diretor foi vencedor da premiação francesa Prix
Goncourt, em 2008, e seu livro também foi adaptado para o teatro. Está em
cartaz no Centro Cultural São Paulo.