

LE DÉFI
Esse é um interessante drama documentário do conhecidíssimo La Fontaine, dirigido por Daniel Vigne.
Passa-se no século XVII, na França - Château- Thierry, Versailles e Paris. O período é de sua juventude, quando o rei Louis XIV decidiu governar sozinho a França e proferiu a famosa frase L’etat c’est moi ( o estado sou eu), na esperança de ter um governo despótico. La Fontaine era casado com Marie Héricart e possuíam uma belíssima casa e um filho, apesar do casamento ser muito infeliz, pois ele gostava de viver em Paris, junto com outros jovens e importantes boêmios, como Racine e Molière. Esse jovem, bem interpretado por Lorant Deutsch, amava a vida noturna das tabernas com prostitutas e atrizes de teatro que eram suas grandes amigas e incentivadoras. Seu posto de inspetor de águas o agradava, mas não era tudo. Para ele a arte estava acima do rei. Era um homem moderno que poderíamos chamar de ativista ecológico e político, amante do povo, da beleza e justiça. A natureza e a observação de animais eram outra paixão. Inconformado com a prisão de seu grande amigo e mecenas Nicolas Fouquet, começa a escrever fábulas, baseadas no grego Esopo, onde os animais falavam e agiam como seres humanos. Era o modo de se comunicar com o povo e criticar seu inimigo, o rei. Suas fábulas eram simples e facilmente compreendias pela multidão de miseráveis, que as sabiam de cor. A nobreza, constituída por mulheres também as adoravam pela inteligência e perspicácia. Instigado por Colbert, o governo passa a persegui-lo, a fim de colocá-lo na mesma prisão onde se encontrava Fouquet. O filme é brilhante nas cenas em que mostra toda a maestria e amizade de seus amigos e amigas para que ele não seja encarcerado. Os manuscritos eram feitos nas tabernas, em casa ou nas ruas, sempre ilustrados por ele mesmo. Não queria ser romancista ou possuir um cargo na corte, a fim de tornar-se um espelho mentiroso do rei. Queria a liberdade e verdade acima de tudo. Uma de suas amigas duquesas conhece um editor que será fundamental em sua vida, pois publicará seus primeiros livros que, muito bem aceitos, rapidamente são comprados. Outro de seus vícios , além de belas mulheres, era o jogo de cartas. Tudo que ganhasse era perdido na mesa de cartas. Apesar de seu filho ser ainda pequeno, abandonou a mulher e teve o apoio do tio de sua esposa, que o protegeu em várias emboscadas. Louis XIV, ao ler suas fábulas, passa a admirá-lo, pois considera uma verdadeira escrita francesa, mas o jovem não se rende a seus elogios e propostas. Contudo, em 1683, tornou-se membro da Academia Francesa de Letras no lugar que fora de Colbert. Suas fábulas criticavam a vaidade desmedida, a estupidez e a agressividade. Seu objetivo era um mundo mais justo, onde o povo pudesse atrever-se. Ótimo programa para quem gosta de filmes históricos.
Jean de La Fontaine nasceu na França em 1621 e morreu em 1695.
Além de poeta e fabulista estudou direto em Paris.
Escreveu o romance Os amores de Psique e Cupido. Era protegido pelas duquesas de Bouillon e d’Orleans. Graças a elas não foi preso e pode editar suas fábulas muito modernas como: A Cigarra e a Formiga, A Lebre e a Tartaruga, O Menino e a Mula e muitas outras.
Está sepultado em Paris ao lado do dramaturgo Molière.