quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

THE POST, A GUERRA SECRETA DE STEVEN SPIELBERG




THE POST, EUA, 2017, 115 MIN., SUSPENSE POLÍTICO
ELENCO:
MERYL STREEP – KATHERINE GRAHAM (DONA DO JORNAL)
TOM HANKS – BEN BRADLEE (EDITOR DO JORNAL)


Steven Spielberg escolhe um assunto do passado, 1971, sobre a história do Pentagon Papers, documentos ultrassecretos do governo norte-americano sobre a Guerra do Vietnã. O filme começa durante essa guerra, quando um infiltrado analista militar, Daniel Ellsberg, vai testemunhar sobre o que ocorria no local. Caos total, vitimando um número espetacular de jovens americanos que estavam sendo massacrados nesses ataques vietcongues. Durante o trajeto de volta, Dan conversa com o Secretário da Defesa, esclarecendo a realidade. Contudo ao chegarem ele relata à imprensa que tudo corria bem e que os Estados Unidos estavam em vantagem, sem dúvida. Exasperado com essa mentira, Daniel, anos depois resolve pegar esses documentos, xerocá-los e vazá-los para a imprensa, começando com The New York Times, que será levado ao tribunal por relatar notícias falsas (fake news). O filme é sobre a VERDADE, LIBERDADE DE IMPRENSA e FEMINISMO. Katherine Graham herdara o jornal do pai e após o suicídio do marido foi para a direção do mesmo. Os homens do jornal simplesmente a ignoravam, como se fosse alguém invisível. Contudo ela saberá muito bem exigir o seu lugar no mundo da imprensa. Quando Kat e seu editor leem as notícias do The New York Times e ficam sabendo que serão chamados a depor perante a Suprema Corte, resolvem fazer o mesmo, ir atrás delas e editá-las no dia seguinte. O filme é uma corrida atrás desses papéis imprescindíveis para a liberdade de expressão que estava sendo derrubada por Nixon. Uma vez em posse desses documentos, uma equipe coesa é chamada para colocar aquele grande volume de páginas na ordem certa, a fim de poderem esclarecer os fatos. É um thriller da melhor qualidade, pois o que esses jornalistas arriscaram, liderados por Ben, com a aquiescência de Kat foi incrível. Os advogados do jornal alertam que, se a fonte fosse a mesma, os dois iriam para a prisão. Apesar de todos os avisos eles resolvem encarar os fatos, entretanto a palavra final seria de Kat Graham (Meryl Streep colossal como sempre). Ela vai a um crescendo com todos esses fatos e se revela como uma mulher de coragem e muito valor, sem medo de qualquer represália, a fim de que a verdade fosse exposta. O filme concorre ao Oscar de melhor longa e Meryl de melhor atriz, pela vigésima primeira vez! E Trump, para quem o filme foi também dirigido, a chama de atriz superestimada... Imperdível. Comparado a All the President’s Men, 1976, obra máxima de Alan J. Pakula sobre o Watergate, o de Steven Spielberg fica um pouco atrás, pelo pouco tempo que teve para rodá-lo. 

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

ME CHAME PELO SEU NOME DE LUCA GUADAGNINO






CALL ME BY YOUR NAME , BRASIL, USA, FRANÇA, ITÁLIA, 2017, DRAMA.

ELENCO:
ARMIE HAMMER – OLIVER
TIMOTHÉE CHALAMET - ELIO
MICHAEL STUHLBARG – SR. PERLMAN (MARAVILHOSO)



Esse belo filme, baseado no livro homônimo de André Aciman de 2007, roteirizado por James Ivory e dirigido pelo ótimo Luca Guadagnino, 46 anos, chega aos cinemas com grande sucesso. E o livro também pela Intríncica. Entre seus produtores está o brasileiro Rodrigo Teixeira. O filme tem como uma das principais atrações sua locação, Lombardia no verão de 1983. Elio é um adolescente de 17 anos, que ainda não tem uma namorada definida e olha com desconfiança o belo americano que veio passar o verão em sua mansão, pois seu pai, um grande intelectual, hospedava todo ano algum assistente para ajudar em seus trabalhos. Eles pesquisam a antiguidade. A casa tem um clima cerebral acentuado e também liberal. Elio é um músico promissor e tem liberdade de falar o que quer com seus pais. A princípio o comportamento do americano, extrovertido, falante e um tanto mal educado para os padrões europeus é questionado pelo jovem que não tem uma visão positiva de sua excessiva segurança. Faz sucesso com os habitantes da pequena cidade e mais ainda com as garotas adolescentes. Sempre com uma resposta pronta, intriga Elio, que vai se aproximando dele cada vez mais por curiosidade ou atração. Esse clima vai chegando ao máximo, quando Elio finalmente faz amor, pela primeira vez, com sua namoradinha francesa. A partir desse momento ele é só amor e paixão, não por ela, mas por Oliver, que acaba se declarando. O tom é de sedução e paixão, não importa se entre dois homens ou um homem e uma mulher, pois o amor é igual em ambos os casos. Quando acaba seu estágio na Itália, ambos são outras pessoas, principalmente nosso herói. Seus pais, muito liberais, estimulam Elio a passar os últimos dias em outra cidade com Oliver, para viverem uma amizade até o final. Os corações estão partidos e um dia, no inverno, Elio recebe um telefonema do amigo esclarecendo que irá tomar um novo rumo em sua vida. Isso não importa, o que importa é a razão dessa paixão, pois seria melhor sentir dor por um amor que aconteceu do que se ficar na dúvida e sem belas lembranças do passado. Muito bom, não irão se decepcionar com esse enredo tão atual hoje em dia. O elenco é perfeito.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O DESTINO DE UMA NAÇÃO DE JOE WRIGHT




DARKEST HOUR, REINO UNIDO, 2017, 126 MIN., BIOGRAFIA.
ELENCO:

GARY OLDMAN – WISTON CHURCHILL
KRISTIN SCOTT THOMAS – CLEMENTINE CHURCHILL
BEN MENDELSOHN – REI JORGE VI

Gary Oldman, no papel de Churchill, foi premiado com o Globo de Ouro 2018 como o melhor ator em filme dramático. Esse incrível personagem tem sido motivo de pesquisas em vários filmes e também na literatura por sua singularidade. Só no ano passado tivemos dois filmes que enfocam essa personalidade e o formidável Dunkirk (todos nesse blog). O trabalho de Oldman foi fantástico, pois levou horas para ser caracterizado como o pesado, idoso e voluntarioso Wiston Churchill. O diretor de 45 anos, Joe Wright, narra os bastidores de sua posse, em maio de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. O ex-primeiro ministro, Chamberlain, estava tentando negociar um tratado de paz com a Alemanha nazista, que já havia se apossado de parte da Europa, entrando na França. Ninguém apoiava seu nome, nem mesmo o rei, que o culpavam por um desastre durante uma guerra anterior. Finalmente, seu nome é escolhido. Todavia o partido do Parlamento que apoiava o tratado de paz estava em polvorosa, amedrontado com o que pudesse vir do abominável Hitler. Churchill não aceita essa corrente de pensamento, contrariando interesses. Com muita oratória e um relacionamento bom com a população, acaba se convencendo da importância de proteger a ilha de qualquer maneira, apoiado pelo povo. O rei também acaba persuadido por sua decisão e desiste de seguir para o Canadá com a família. O presidente americano Roosevelt, vacilava em apoiá-lo, pois assinara um tratado de neutralidade. Contando com os civis ingleses, organiza a famosa retirada de Dunkirk, retratada no filme mencionado acima, conseguindo salvar centenas de vidas de jovens soldados. O filme é muito bom, revelando o gênio insuportável do herói, sua inteligência e estratégias, mas a cereja realmente é atuação de Oldman. Imperdível!!! Precisamos sempre de filmes históricos para enriquecimento de nosso conhecimento. 

domingo, 21 de janeiro de 2018

LOU DE CORDULA KABLITZ-POST





LOU ANDREAS-SALOMÉ, ALEMANHA, SUÍÇA, 2016, 113 MIN. DRAMA BIOGRÁFICO.

ELENCO:
KATHRINA LORENZ – LOU ADULTA
NICOLE HEESTERS – LOU AOS 72 ANOS
LIV LISA FRIES – LOU ADOLESCENTE

Aos 72 anos a admirável psicanalista e escritora, Lou Andreas-Salomé, registrou uma autobiografia que é agora retratada no cinema por Cordula Kablitz-Post, com um belo resultado. Nascida em São Petersburgo, 1861, tornou-se uma adolescente muito à frente de seu tempo, principalmente quanto ao estudo e o intelecto. Na juventude já mostrava sinais de genialidade e queria estudar filosofia. Aconselhada por um homem bem mais velho, inicia pelos filósofos antigos até chegar aos alemães contemporâneos. Contra a vontade de sua mãe, apaixona-se pela escrita e filosofia, acabando assediada pelo seu conselheiro. O casamento se realiza, mas tudo o mais acaba. Traumatizada, resolve não ter mais relações sexuais com homens. Com o passar dos anos conhece pensadores como Friedrich Nietzche e Paul Rée, formando um triângulo amoroso platônico, para desespero dos filósofos apaixonados por ela. Acaba casando, por conveniência, com outro pensador famoso, mas era amante do poeta Rainer Maria Rilke. O filme é interessante, pois ela será aluna de Freud, tornando-se psicanalista e escritora muito bem sucedida. As cenas são belas e elegantes e mostra o papel fundamental dessa belíssima e atrevida feminista ferrenha como exemplo para as mulheres que a sucederam. Faleceu em 1937. Imperdível!!!

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

EXTRAORDINÁRIO DE STEPHEN CHBOSKY





EXTRAORDINÁRIO DE STEPHEN CHBOSKY
WONDER, ESTADOS UNIDOS, 2017, 113 MIN. DRAMA.
ELENCO:
JULIA ROBERTS – ISABEL PULLMAN
OWEN WILSON – NATE PULLMAN
JACOB TREMBLAY – AUGGIE PULLMAN

A primeira foto é da família que sofreu com a síndrome do filho, que deu origem ao livro, no qual foi inspirado o longa.
Este filme que está há semanas em cartaz com quatro estrelas não me convenceu, pois o diretor pesou a mão no tema de “aceitação social”. Fala da história de um menino, segundo filho, que nasce com uma grande deformação facial, algo terrível para qualquer família. Nas primeiras cenas vemos o casal carregando o filho pelas mãos, felizes e atrás deles a irmã mais velha, uma jovem adolescente. O lugar que ela anda é o lugar que consegue nessa família, pois sendo perfeita  não tem a devida atenção dos pais, principalmente da mãe que não encontra tempo para ela e para ninguém. O centro do universo desse lar é o pequeno Auggie. Ele sempre teve aulas em casa com sua inteligente e refinada mãe e está bem acima da media dos meninos de sua idade. Já indo para a quinta série, depois de 26 cirurgias, chegou a hora de frequentar uma escola regular e assim é feito. Obviamente sofre mais do que bullying uma espécie de quarentena, pois era tratado como uma praga. Apesar dos pesares continua indo à aula, sempre apoiado pelos três membros da família. Sua irmã também está infeliz, pois sua única amiga, depois das férias resolve ignorá-la, mas Olivia encontrara suporte em um colega afrodescendente, que a faz frequentar as aulas de teatro. A dificílima peça Our Town (Nossa Cidade) está sendo ensaiada, fala sobre significado da vida e da morte. O namoro engata e a família o recebe muito bem. O garoto aos trancos e barrancos vai se adaptando à vida escolar e chega a participar do campo de férias tão esperado perto da formatura, quando chega a brigar com um garoto bem mais velho e fica feliz, pois foi a primeira briga de sua vida quase normal. Parece um ótimo enredo, não? Mas não convence, é muita aceitação junta, o garoto com seu terrível problema, a filha que namora um rapaz negro e a mãe que consegue terminar seu mestrado. Final felicíssimo como gostam os americanos. Para mim são duas estrelas, apenas pela atriz Julia Roberts e pela fofíssima irmã mais velha, Olívia. Muitas pessoas gostaram. Talvez seja seu caso, mas a mim não convenceu.  A máscara usada por Auggie é bastante artificial, com um cabelo que não convence ninguém. Em tempo: as doenças infantis de deformidades faciais e no crânio são extraordinariamente difíceis de serem enfrentadas e requerem um apoio muito grande da família, dos médicos e da sociedade de um modo geral!