sábado, 11 de abril de 2009

VALSA COM BASHIR de ARI FOLMAN








































Esse extraordinário documentário autobiográfico de Ari Folman, feito deliberadamente em forma de desenho animado, nos mostra os horrores da Guerra do Líbano, em 1982. O filme inicia-se com uma matilha de cachorros de olhos flamejantes e coléricos correndo em direção a um apartamento onde mora um jovem. Isso é um sonho recorrente de Boaz, que muito incomodado, procura um amigo dos tempos de guerra, o cineasta Ari Folman, para desabafar. Intrigado por ele não ter ido a um psiquiatra, Boaz confessa-lhe que os cineastas fazem coisas maravilhosas. Chegam à conclusão que esses cachorros significavam os 26 cães que fora obrigado a matar em um ataque à Beirute, pois eles latiam para chamar a atenção da população sobre a chegada de inimigos. O filme tem o objetivo de nos mostrar as conseqüências terríveis que a violência e a guerra podem causar na memória desses jovens soldados. Aos 19 anos Folman é enviado para a Guerra contra o Líbano e participa de um massacre conduzido pelos israelenses contra os palestinos militares e civis. Ari simplesmente não se lembrava de nada e, durante esses anos que já se passaram, sequer tentou saber a razão de sua amnésia. Instigado por Boaz, ele procura um psiquiatra amigo para saber o motivo desse fato e descobre que a mente compartimenta fatos muito traumáticos e os tranca para que não sejam lembrados. Intrigado, vai à busca de seus companheiros de guerra, mas cada um, também como defesa, lembra-se somente de alguns episódios, como o massacre de uma família inteira em um velho Mercedes ou quando Ari alvejou uma criança que iria atirar um projétil contra eles em uma floresta. São apenas fragmentos lembrados por seus companheiros, que como ele não conseguiram lidar com tanta crueldade. A narrativa é entrecortada por essas reminiscências individuas. À medida que o filme prossegue, sabemos que uma falange cristã havia massacrado 3000 palestinos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, com o respaldo de Israel, em retaliação ao assassinato de Bashir Gemavel. Esses jovens soldados, quase adolescentes, atiravam em tudo sem ter idéia do que estavam fazendo e sempre altamente atemorizados pelo medo da morte tão precoce. Era o que viam diariamente. Esse episódio aterrorizante é que causou sua perda de memória, pois sendo filho de judeus que estavam condenados em Auschwitz, carregava consigo essa síndrome de culpa, por estar repetindo o comportamento nazista alemão. Quando a história vai se aproximando do final, vemos o jovem Folman com uma metralhadora nas mãos observando velhos, mulheres e jovens palestinos mortos ou mutilados, em pilhas de corpos despedaçados. Quando a câmera chega perto do rapaz o filme passa a ter imagens normais de um documentário com cenas fortíssimas de sofrimento e dor. Pobres jovens soldados de qualquer país, que são obrigados a matar e morrer ou a ficar mutilados por causas que, na maioria das vezes, não acreditam. O filme é uma conclamação contra as guerras.
Este é um filme peculiar por ser um documentário feito em desenhos animados. Enfoca posições diferentes de diversos combatentes e declarações muito pessoais de personagens importantes dos dois lados.
Valsa é uma combinação de animação em Flash, animação clássica e 3D- completados com fotocópias de objetos. A Valsa refere-se ao soldado Frenkel que dispara a esmo sua metralhadora no centro de Beirute. O filme ganhou o Cesar de Melhor Filme Estrangeiro, Globo de Ouro, Critics Choice Awards, British Independent Film Awards e Melhor Diretor, Melhor Filme e Melhor Roteiro em Israel. Informações sobre técnicas e premios do Jornal da Tarde.

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