O QUE TRAZ BOAS NOVAS DE PHILIPPE FALARDEAU
MONSIEUR LAZHAR, CANADÁ/2011, 94 MIN. DRAMA.
ELENCO:
MOHAMED
FELLAG – BACHIR LAZHAR
SOPHIE
NÉLISSE – ALICE
ÉMELIEN NÉRON – SIMON
O título significa “o que traz
boas novas” e é o nome de um professor argelino, Bachir Lazhar, que dará aulas
em uma escola média de Montreal. Não é um simples filme sobre o relacionamento
entre professores e alunos, mas muito mais do que isso, quase uma fábula sobre
caráter, solidez, fraternidade. Ele se propõe a ser professor substituo de um
liceu, em uma classe de pré-adolescentes, cuja professora havia se suicidado em
plena sala de aula já vazia, causando um grande transtorno psicológico para
seus alunos. Durante o tumulto ocasionado, Bachir apresenta-se como professor
competente em sua terra natal, Argélia, porém, na verdade, era sua mulher
professora e ele dono de um restaurante, homem culto que conhecia muito bem a língua
francesa. Notamos essa dificuldade enquanto o filme avança e ele dá seu sangue
para absorver os hábitos de sua nova pátria e a pedagogia da escola. Errando às
vezes, mas conquistando seus alunos e colegas, torna-se um personagem
importante para eles, que o respeitam e o consideram, pois assim eram tratados.
Um laço forte surge entre os personagens e também entre seus colegas, chegando
a gostar de uma das professoras e ser correspondido. Dois alunos são os mais
problemáticos, pois presenciaram a cena do suicídio. Alice, filha de uma piloto
de avião, é corajosa e arrojada, colocando em uma redação sua frustação sobre o
assunto. Fora um ato de agressão, segundo ela, e muito grave, mas a professora
não poderia ser presa por já estar morta! Já Simon, que era seu preferido, por
ter problemas com aprendizagem e ser quase violento, não expõe sua dor e a
guarda como uma grande mágoa. A escola não quer que o assunto seja ventilado,
mas Lazhar, um refugiado por ter perdido a família em um ataque terrorista,
compreende bem a dor da morte e durante uma aula deixa as crianças falarem
sobre o assunto. Isso é o ponto final de sua carreira na escola, pois a
diretora fica sabendo sobre sua situação política e essa transgressão escolar
fora a gota d’água. Ele desprezava as práticas de ensino de não tocar nas
crianças e não se envolver com elas, mas é isso que o faz tão querido, sendo
chamado de “solide” pela mãe de Alice. Perde o emprego, mas seus alunos ganham,
e muito, com seu exemplo corajoso, amigo e flexível. Fellag é dramaturgo e foi
ator famoso em seu país, mas exilou-se na França e continuou sua carreira no
teatro. Em 2011, o filme indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro perdeu
para A Separação, mas sua apresentação nos cinemas desde sexta-feira é um
premio para a plateia. O roteiro é baseado na peça de Évelyne de La Chenelière
- Bashir Lazhar. O trabalho resultou em vários prêmios internacionais.
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