terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

CAÇADORES DE OBRAS-PRIMAS DE GEORGE CLOONEY




THE MONUMENT MEN, EUA/2013, 118 MIN. AVENTURA.
ELENCO:
GEORGE CLOONEY –
CATE BLANCHETT –
MATT DAMON –
BILL MURREY –
Baseado no livro homônimo de Robert M. Edsel, Clooney, este ótimo ator americano, cada vez mais se aproxima do trabalho de direção. Desta vez temos uma aventura verídica ocorrida na Segunda Guerra Mundial, quando Hitler queria construir um museu na Alemanha com o que havia de melhor em termos de arte na Europa e, à medida que ia conquistando países, confiscava essas obras de arte de museus e particulares para ter o melhor a maior acervo do mundo! É um filme linear e com diálogos fáceis de entender, mas que demonstram o valor de várias peças subtraídas. Nos Estados Unidos, nos idos de 1943, um grupo de artistas, curadores e arquitetos se reúne para tentar salvar esse imenso tesouro, pois para o líder deles, Clooney, um país sem seus monumentos e obras artísticas é um país sem memória ou raízes. As pessoas podem nascer, entretanto as obras se vão para sempre. Fincado nessa perspectiva consegue reunir um grupo de sete homens especialistas, das mais variadas idades, para formar um pelotão de defesa à arte. Teriam de fazer um treinamento básico em Londres, para depois disso se juntarem à guerra. Ocorre que não conseguem nenhum soldado para auxiliá-los, já que a guerra corria há anos e a perda de vidas era enorme. Não faziam a menor ideia do que os esperava em termos de batalha, dedicação e bravura. Começam pela França ocupada pelos nazistas e com seus museus completamente vazios, pois tudo era escondido em um local muito bem guardado que ninguém tinha ideia de onde fosse e depois mandado para a Alemanha. Aí entra nossa linda e talentosa Cate Blanchett, no papel de uma colaboradora, que era na verdade uma espiã, secretaria do oficial nazista encarregado de roubar as peças. Ela sabia de tudo, pois tinha um caderno precioso onde anotava a procedência e o nome das obras. Descoberta vai parar na prisão, mas nosso grupo de homens trata de resgatá-la. Eles vasculham a Bélgica, Bruges, Itália, Milão e demais países e cidades a cata de alguma descoberta. São confrontados com bombardeios e trapaças, dois deles perdem a vida, um percentual grande em cima do número 7, mas com o auxílio de Cate e a extrema dedicação e coragem de cada um resolvem uma charada que era a chave do negócio. Na Alemanha, as cidades com nomes de minerais possuíam minas e dentro delas encontrava-se o que procuravam. O filme tem um bom roteiro, apesar de simples e boas atuações. Não é um filme ótimo, contudo bom para sabermos da abnegação dessas pessoas e hoje podermos nos deliciar em diversos museus, graças a esses homens deliberados e corajosos. Parabéns a eles. Vale a pena ser visto.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

CLUBE DE COMPRAS DALLAS DE JEAN MARK VALLÉE






DALLAS BYERS CLUB, EUA/2013, 117 MIN. DRAMA
ELENCO:
MATTHEW MCCONAUGHEY – RON WOODROOF                                           
JARED LETO - RAYON
JENNIFER GAMER
Este é um filme espetacular, talvez um dos melhores da safra de 2013. Dirigido por Jean-Marc Vallée, canadense de 50 anos, com toda eficiência, adapta fatos verdadeiros ocorridos em 1985 em Dallas, terra de homens e vaqueiros machões.  É filme de formação de caráter e superação. Ron Woodroof, vaqueiro de rodeos de coração e eletricista competente de profissão, é promíscuo e machão, assim como seus muitos amigos que trabalham em uma plataforma de extração de petróleo.  Vê sua vida virar de cabeça para baixo quando é diagnosticado, em 1985, como HIV positivo e os médicos lhe dão somente 30 dias de vida, se tanto. Recusa-se a aceitar a doença que se pensava só atingir homossexuais e enfurecido deixa o hospital, mas começa a investigar como se contraia a doença e um dos motivos era sexo sem preservativo, o que ele costumava fazer. Não conseguindo fazer parte do grupo de experiências do hospital, obtém a droga através de um faxineiro do hospital. Esses eram os primórdios da AIDS pelo mundo e havia divergência entre os médicos e uma total segregação na sociedade, caindo no ostracismo entre seus amigos. O remédio trazia inúmeros efeitos colaterais e sem poder mais ter acesso a ele vai para o México a procura de um médico americano na clandestinidade, que fazia experiências com medicações alternativas, que eram proibidas nos Estados Unidos. O Lobby dos laboratórios oficiais era grande, assim como a morte dos pacientes enfraquecidos até o fim. Especializando-se no assunto consegue reverter sua situação, com uma longa sobrevida para a época. Faz compras de drogas lícitas e ilícitas, sempre se safando do fisco, com a ajuda de um transexual Rayon e um advogado escolado, viajando pelo mundo a procura de outras drogas. Então inaugura o Dallas Buyers Club, uma casa onde você se inscrevia e através de uma contribuição mensal tinha direito ao coquetel de medicamentos e acompanhamento alimentar para a sobrevivência. O vaqueiro mal afamado vai se transformando em um militante que provoca as transformações das leis do país contra esse mal. Excelentes atuações de McConaughey e Leto, ambos indicados ao Oscar com enormes méritos. Um filme tenso e absolutamente imperdível. Parabéns à equipe dessa maravilha. Atenção a última foto é do herói
antes de perder muitos quilos para o filme.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

12 ANOS DE ESCRAVIDÃO DE STEVE MCQUEEN




TWELVE YEARS A SLAVE, REINO UNIDO/2013, 134 MIN. DRAMA
ELENCO:
CHIWETEL EJIOFOR – SOLON NORTHUP
MICHAEL WILLIAMS
MICHAE FASSBENDER
BRAD PITT
Este impressionante épico histórico baseou-se nas memórias de Solon Northup, um negro livre nascido no Estado de New York. O filme passa-se em 1841, antes da guerra civil, em plena América racista até a medula e abominável até o âmago. É dirigido pelo diretor inglês e negro Steve McQueen, que não deixa uma vírgula para trás de como os negros eram tratados nessa época. O filme é ótimo, mas depois de assisti-lo você, certamente, verá as coisas de outra maneira, porque ele dói, dói muito. Indicado a vários prêmios também concorre ao Oscar com várias nominações. Solon, interpretado pelo ótimo Chiwetel Ejiofor, é um carpinteiro especializado, culto, casado e com dois filhos, livre, muito inteligente e ótimo tocador de violino. Em sua cidade, onde tem uma bela casa, é convidado por uma dupla de artistas a passar alguns dias tocando violino com uma trupe. Eles são convincentes e Solon concorda. Entretanto, trata-se de uma dupla de vigaristas sequestradores, que depois de o deixarem inconsciente, o amarram a grilhões e quando acorda vai direto para o Sul do país, onde é vendido como escravo por um alto preço. A princípio tenta dialogar que é um engano, mas logo desiste diante de tanta brutalidade e vê que para sobreviver era preciso calar. É vendido para Ford e tem seu nome trocado para Platt. Ford gosta dele por sua diferença junto aos outros, mas esta vantagem só se mostrará maléfica, pois será motivo de inveja dos próprios brancos. Ford é obrigado a vendê-lo para Edwin Epps, um boçal que acredita que os escravos são pertences e não pessoas e os maltrata para seu prazer e sadismo. São sucessões de cenas da mais alta indignidade humana, mas muito verdadeiras, pois parece que os americanos eram os mais selvagens com seus escravos, como mostram vários filmes. Ele tentara por uma vez mandar uma carta para sua cidade, a fim de pedir ajuda, mas tudo em vão. No terço final dessa saga, ele volta a trabalhar com Epps, mas conhece um carpinteiro canadense (Brad Pitt, muitíssimo bem, também produtor) que depois de alguma hesitação leva uma mensagem para o norte sobre sua situação. Essa circunstância desesperadora leva 12 anos, mas um dia chega o xerife da cidade, acompanhado de um cidadão branco, dono de uma loja na qual Solon se abastecia e ele é solto, mediante comprovação oral e documental. Finalmente chega à sua casa, já com os filhos crescidos e processa Epps, mas, como negro, não pode testemunhar! O carrasco se safa, mas Solon fica junto aos seus e em 1853, escreve suas memórias, além de se tornar republicano e fazer diversas palestras pelo país. Ótimo filme.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

PAIS E FILHOS DE HIROKAZU KOREEDA




SOSHITE CHICHI NI NARU, JAPÃO, 2013, 120 MIN., DRAMA
ELENCO:
MASAHARU FUKUYAMA
YOKO MAKI
JUN KUNIMURA
RIRI FURANKI
Sem dúvida esse é um dos filmes mais delicados e com várias mensagens psicológicas e filosóficas do ano. O excelente diretor Hirokazu Koreeda analisa uma situação familiar das mais delicadas que pode haver: a troca de bebês na maternidade. Aproveitando-se desse enredo tão difícil de lidar, vai apontando várias situações entres os jovens japoneses da atualidade. Sendo um país cheio de tradições e com uma cultura muito antiga, o Japão não lida com a mesma lógica dos ocidentais em várias situações familiares e profissionais. Um jovem casal sem filhos tem seu primeiro e único filho em uma maternidade suburbana, na qual nascera sua esposa, pela proximidade da casa da mãe. O parto é complicado e ela fica inconsciente e muito doente por vários dias, sem poder dar a atenção que o marido esperava. Ele é um jovem executivo, arquiteto, de uma grande e importante firma, vindo logo abaixo de seu diretor geral. Espelhado em sua trajetória de trabalho, sete vezes por semana, almeja ser como ele para também obter um alto cargo e ser respeitado e poderoso. O convívio no lar torna-se precário, pois nunca tem tempo para a família. Por outro lado, em uma cidade interiorana, outro homem, não tão jovem como ele, é comerciante simples e tem três filhos, mais o pai que mora com ele. Sua mulher é prática e doce, cumprindo seu dever com prazer, pois sempre poderia contar com a presença do marido, uma espécie de filósofo moderno, pois morava no local onde trabalhava para ter contato com sua família. Esse era seu grande desejo, além de um pouco mais de dinheiro, pois a situação não estava nada fácil. Um dia, ambos os pais recebem um telefonema do hospital, seis anos depois dos partos, para avisar que as criança haviam sido trocadas e quanto mais rápida a solução, melhor para os garotos. Ryota, o arquiteto, não tem muita paciência com seu pequeno, que não é agressivo e calculista como o pai, é generoso e bom como a mãe. Descoberto o erro Ryota desabava que “agora estava tudo explicado”, o que magoa a mãe. As famílias passam a conviver, apesar da diferença social e filosófica. Era o que mandava os juízes de menores, até que fosse feita a troca definitiva. Nesses momentos de estranhamento é que o diretor põe em cheque as personalidades tão diferentes dos pais: um ambicioso e o outro simplesmente feliz. A troca chega a se concretizar, mas o final da história é que tem a chave da sabedoria oriental. Imperdível, pelo roteiro, pela atuação dos personagens e um presente de direção bem conduzida com uma linda fotografia.