LEVIAFAN, RÚSSIA, 2014, 140 MIN., DRAMA ÉPICO.
ELENCO:
VLADIMIR VDOVITCHENKOV – DMITRI
ALEKSEY SEREBEYAKOV – KOLYA
ELENA LYADOVA – LILYA
Este excelente drama épico foi
escolhido para representar a Rússia no Oscar, sendo vencedor do Globo de Ouro
como melhor filme estrangeiro e recebeu a Palma de Ouro em Cannes. Comecemos
pelo título – Leviatã. Significa no Velho Testamento um monstro marinho enorme
e, literalmente, Serpente Tortuosa. Refere-se à brutalidade, ferocidade e
impulsos selvagens dos seres humanos, mas na política, extorsão, corrupção,
etc. É de se admirar que trinta e cinco por cento do orçamento do filme tenha
sido financiado pelo governo. A
história refere-se a um homem, sua segunda mulher e seu filho adolescente.
Kolya, o herói, é mecânico e “faz tudo” em uma aldeiazinha no norte da Rússia e
vive numa propriedade herdada por gerações pela família. O filme começa com a
visão de um mar escuro e turbulento, batendo constantemente nas montanhas
rochosas e sem vida desse lugar. Trata-se de uma comunidade pobre de pescadores.
Como no livro, Michael Kohlhaas de Heinrich von Kleist, Kolya tem um senso de
dignidade, orgulho de sua propriedade que construiu com as próprias mãos e um
agudo senso de justiça, em um país corrupto como a Rússia. O manipulador e malandro prefeito quer
confiscar sua herança pelo valor de 600.000 rublos, quando vale mais de
3.000.000 de rublos. É um acinte e, ademais, ele não quer sair de lá. Chama um
antigo colega de colégio, agora um advogado bem sucedido em Moscou, para
ajudá-lo durante o processo. Dmitri vem munido de um grosso dossiê contra o
prefeito, que por sua vez segue ordens superiores. Como aqui no Brasil o confisco de bens,
quando desejado pelo poder, não há salvação. Farão de tudo para conseguir seu
intento. A longa história mostra o relacionamento com seus amigos beberrões
como ele e, em uma cena divertida, todos irão fazer tiro ao alvo nos retratos
dos ex-presidentes da Rússia. Putin é salvo porque querem saber até onde irá,
mas seu retrato está estampado na prefeitura da cidade. Apesar de seu calvário
e da tentativa sobre-humana de denunciar o prefeito e conservar suas terras,
não consegue, exatamente com o herói Michael Kohlhaas, que vivia durante a
Idade Média na Alemanha e pretendia salvar seu patrimônio da realeza corrupta. Ambos
acabam muito mal e perdem tudo, inclusive a família. O filme é tenso, mas
apesar dos 140 minutos, a atenção e tensão são totais, principalmente em uma
festa de aniversário que mudará para sempre a vida de Kolya. Longa maravilhoso
que revela as relações políticas nas comunidades russas, seus hábitos e a má
influência da igreja ortodoxa, aliada ao poder. Absolutamente imperdível. Como
curiosidade o ótimo livro Michael Kohlhaas está resumido em http://livrocomocultura.blogspot.com.
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