segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A FLORESTA QUE SE MOVE DE VINÍCIUS COIMBRA




BRASIL, 2015, 99 MIN., DRAMA POLICIAL
ELENCO:
ANA PAULA ARÓSIO – CLARA
GABRIEL BRAGA NUNES – ELIAS
ÂNGELO ANTÔNIO – CÉSAR
NELSON XAVIER – HEITOR

SPOILERS

NÃO EXISTE UMA ARTE QUE OLHANDO PARA O ROSTO DAS PESSOAS, SAIBAMOS O QUE SE PASSA EM SUAS ALMAS. É assim que começa o filme. Nessa ótima adaptação do drama de Shakespeare, MacBeth, Vinícius Coimbra tem a visão de transportá-la para os dias atuais, com um resultado surpreendente. Escolheu a dedo os atores, Ana Paula é uma verdadeira Lady Macbeth, para quem leu o livro, linda, forte e com uma voz grave e firme. Gabriel está excelente como o ambicioso general que gostaria de se transformar em rei, ambos com belíssimos olhos azuis e cabelos castanhos. Ângelo é o perfeito executivo brioso e inteligente. Heitor, o presidente, um formidável nordestino que, apesar de ser dono do principal banco privado do Brasil e ter um filho que não se interessa minimamente por isso, é um homem afável, pragmático e muito fraterno. Aí temos o elenco. A história verdadeira passa-se na Escócia de séculos atrás, quando um general encontra três bruxas que o convencem que um dia será rei. Sua mulher, a incrível Lady Macbeth, não poupará o marido para que consiga que isso se torne realidade. Ela é a grande propulsora de seu comportamento sangrento. Neste filme, rodado no Uruguai, com lindas paisagens, casas e edifícios magníficos, vamos nos deslumbrar com a arquitetura e decoração moderna monocromática e também ótimas atuações. Elias e César chegam da Alemanha com resultados muito felizes de suas negociações no país, trazendo um tremendo crédito em dinheiro. Ao irem à companhia em que trabalham, encontram uma misteriosa bordadeira que prevê para aquele dia sua promoção a vice-presidente e depois para presidente. Incrédulos, chegam e recebem a notícia de que o vice havia roubado o banco e se suicidado, ele seria realmente o vice-presidente e César iria para seu lugar. Chegando a casa, Clara de branco, pois branco, preto, cinza e vermelho serão as cores desse trabalho, o recebe com carinho e pensa que deveriam agir imediatamente, antes que alguém mais se interessasse pelo cargo de presidente. Mas Heitor goza de boa saúde e ela o convida pessoalmente para jantar em sua casa, com comida feita por ela mesma, sendo ótima cozinheira. O convite é aceito e eles isolam completamente o senhor, sem celulares e sem dizer onde está. Tudo corre como planejado e após embebedá-lo, Elias o mata com a enorme faca do jantar, cortando sua garganta. “E eu não sabia que o velho tinha tanto sangue” será o mantra infinitamente repetido por Clara. Como na peça o sangue não sai de suas mãos, mesmo lavando-as, ela o vê e sente seu cheiro. O corpo é levado para uma represa, mas agora a parte policial começa, e o investigador acha o corpo. Cometeram vários erros de amadores, como a posição do espelho do carro, não compatível e uma série de outros desacertos. Desesperado, Elias procura a bordadeira novamente e ele diz que somente quando as árvores do bosque se moverem e um homem não nascido do ventre de uma mulher aparecer ele perderá seu direito. Ninguém que desconfie pode ficar vivo e outros assassinatos, como o de César e outras pessoas próximas são cometidos com violência, manipulação e traição. Uma cena a se destacar é quando o casal, deitado em sua cama, recebe uma quantidade enorme de sangue que cai do teto e os encharca. O sobrenatural, como na peça, também aparece, muito bem colocado. As profecias que se concretizam são bem estudadas. A elegância dos personagens e a beleza dos cenários são impecáveis. A plateia verá uma grande semelhança com que ocorre hoje no Brasil. Imperdível.




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