BRASIL, 2015, 99 MIN., DRAMA POLICIAL
ELENCO:
ANA PAULA ARÓSIO – CLARA
GABRIEL BRAGA NUNES – ELIAS
ÂNGELO ANTÔNIO – CÉSAR
NELSON XAVIER – HEITOR
SPOILERS
NÃO EXISTE UMA ARTE QUE OLHANDO
PARA O ROSTO DAS PESSOAS, SAIBAMOS O QUE SE PASSA EM SUAS ALMAS. É assim que
começa o filme. Nessa ótima adaptação do drama de Shakespeare, MacBeth,
Vinícius Coimbra tem a visão de transportá-la para os dias atuais, com um
resultado surpreendente. Escolheu a dedo os atores, Ana Paula é uma verdadeira
Lady Macbeth, para quem leu o livro, linda, forte e com uma voz grave e firme.
Gabriel está excelente como o ambicioso general que gostaria de se transformar
em rei, ambos com belíssimos olhos azuis e cabelos castanhos. Ângelo é o perfeito
executivo brioso e inteligente. Heitor, o presidente, um formidável nordestino
que, apesar de ser dono do principal banco privado do Brasil e ter um filho que
não se interessa minimamente por isso, é um homem afável, pragmático e muito
fraterno. Aí temos o elenco. A história verdadeira passa-se na Escócia de
séculos atrás, quando um general encontra três bruxas que o convencem que um
dia será rei. Sua mulher, a incrível Lady Macbeth, não poupará o marido para
que consiga que isso se torne realidade. Ela é a grande propulsora de seu
comportamento sangrento. Neste filme, rodado no Uruguai, com lindas paisagens,
casas e edifícios magníficos, vamos nos deslumbrar com a arquitetura e
decoração moderna monocromática e também ótimas atuações. Elias e César chegam
da Alemanha com resultados muito felizes de suas negociações no país, trazendo
um tremendo crédito em dinheiro. Ao irem à companhia em que trabalham,
encontram uma misteriosa bordadeira que prevê para aquele dia sua promoção a
vice-presidente e depois para presidente. Incrédulos, chegam e recebem a
notícia de que o vice havia roubado o banco e se suicidado, ele seria realmente
o vice-presidente e César iria para seu lugar. Chegando a casa, Clara de
branco, pois branco, preto, cinza e vermelho serão as cores desse trabalho, o
recebe com carinho e pensa que deveriam agir imediatamente, antes que alguém
mais se interessasse pelo cargo de presidente. Mas Heitor goza de boa saúde e
ela o convida pessoalmente para jantar em sua casa, com comida feita por ela mesma,
sendo ótima cozinheira. O convite é aceito e eles isolam completamente o
senhor, sem celulares e sem dizer onde está. Tudo corre como planejado e após
embebedá-lo, Elias o mata com a enorme faca do jantar, cortando sua garganta.
“E eu não sabia que o velho tinha tanto sangue” será o mantra infinitamente
repetido por Clara. Como na peça o sangue não sai de suas mãos, mesmo
lavando-as, ela o vê e sente seu cheiro. O corpo é levado para uma represa, mas
agora a parte policial começa, e o investigador acha o corpo. Cometeram vários
erros de amadores, como a posição do espelho do carro, não compatível e uma
série de outros desacertos. Desesperado, Elias procura a bordadeira novamente e
ele diz que somente quando as árvores do bosque se moverem e um homem não
nascido do ventre de uma mulher aparecer ele perderá seu direito. Ninguém que
desconfie pode ficar vivo e outros assassinatos, como o de César e outras pessoas
próximas são cometidos com violência, manipulação e traição. Uma cena a se
destacar é quando o casal, deitado em sua cama, recebe uma quantidade enorme de
sangue que cai do teto e os encharca. O sobrenatural, como na peça, também
aparece, muito bem colocado. As profecias que se concretizam são bem estudadas.
A elegância dos personagens e a beleza dos cenários são impecáveis. A plateia verá uma grande semelhança com
que ocorre hoje no Brasil. Imperdível.
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