segunda-feira, 6 de julho de 2009

HORAS DE VERÃO de OLIVIER ASSAYAS











Uma linda casa, a 50 quilômetros de Paris, está repleta de pessoas. Crianças e adolescentes correm pela belíssima propriedade, através de seus gramados verdes, lago, flores do campo e árvores centenárias. Depois se juntam aos adultos para um almoço, em comemoração ao aniversário da matriarca Hélène Marly (Edith Scob), que lá reside. Esse é o início de uma bela estória. Hélène completa 75 anos e é a guardiã de um tesouro deixado pelo tio, Paul Berthier, pintor francês famoso, que colecionava quadros, móveis e objetos art nouveaux, além de outras pinturas de nomes relevantes como Corot. Os filhos moram em lugares distantes, China e Estados Unidos, e somente o mais velho, Charles Berling (Fréderic), mora em Paris. Sua mãe aproveita a ocasião para pedir-lhe que seja o guardião dessas obras de arte e da casa. Incomodado, é obrigado a saber do local dos dossiês do espólio. Após uma retrospectiva em São Francisco da obra de Paul, Hélène morre. Os três filhos terão que passar pelo rito do sepultamento e do espólio e o que fazer com ele. O diretor lida muito bem com esse momento, tradicionalmente muito desgastante entre os herdeiros. O mais velho deseja manter as coisas como sempre foram em memória da família, mas os dois mais jovens, por questões pessoais e compreensíveis desejam vender tudo e fazer a partilha. Dentre o mobiliário, há duas ou três peças art nouveaux raras e objetos de Daum Nancy, Lalique, dentre outras preciosidades, com as quais a família sempre conviveu desde o nascimento. O tio havia morrido quando Fréderic tinha 10 anos. A mãe era viúva e desprezara seu marido, por sua profissão. Quando morreu pode assumir, discretamente, um relacionamento secreto nem um pouco convencional, com um homem muito próximo. O tom da estória é o bom senso e a globalização. Já que Juliette Binoche (Adrienne) e Jérémie Renier (Jérémie) não voltariam para a França, a casa será vendida, assim como os objetos mais raros, ficando com eles os de valor sentimental, inclusive para a velha governanta, que morava e cuidava há anos de Hélène. Por uma questão de impostos muito altos, muitas peças são doadas ao Museu d’Orsay. São belíssimas cenas, onde contemplamos esse museu, que fora no passado uma estação, passando pelas esculturas deslumbrantes, indo para a ala dos móveis. Aí temos uma cena, na qual a valiosa mesa de Hélène é exposta para que todos a admirem. Os vasos importantes ficam na vitrine da família, junto com outros objetos antigos. No terço final do filme, a casa já fora vendida e os quadros de Corot também, para desconsolo de Fréderic, que gostaria de tê-los comprado, juntamente com a propriedade. Podendo ficar mais um mês com a casa, o casal empresta para a filha, que apesar de ótima aluna já havia cometido um infração grave, a casa para que faça uma festa de despedida com os amigos. E é nesse final de filme que vemos a recompensa do amor de Hélène pela família e por suas riquezas. Alguém como Sylvie ainda se importava com tudo!

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