domingo, 9 de agosto de 2009

A VIDA SECRETA DAS ABELHAS de GINA PRINCE-BYTHEWOOD





Uma mãozinha de criança brinca com uma bola de vidro. Seus pais discutem, a mãe pega sua mala e ao tentar alcançar a filha de quatro anos é assassinada com um tiro acidental pela própria menina. Tempos depois, essa garota com 15 anos vive em uma fazenda de pêssegos com seu tirano pai, na Carolina do Sul, ano de 1964, quando o racismo estava em uma de suas piores fases. Dr. King havia conseguido promulgar uma lei, através da qual os negros adquiriram seu direito de voto. Era um enorme passo para os afro-americanos que poderiam, a partir de então, escolher seus candidatos! Essa menina, Lily Owens (ótima Dakota Fanning), vive sob os cuidados de uma negra, Rosaleen, que ao desentender-se com um racista do local, é espancada e levada à prisão. O rancoroso pai, que incutira na mente da menina que a mãe reaparecera apenas para pegar seus pertences, trata a filha com grande crueldade e sadismo. Lily não é uma menina qualquer, mas uma corajosa e obstinada adolescente, que resolve desaparecer em busca das origens de sua mãe, levando Rosaleen junto. Ela possui apenas três objetos da mãe: um par de luvas, um broche de ouro e um ícone de uma Nossa Senhora Negra. Às escondidas, conseguem chegar à cidade de onde sua mãe viera e encontram, casualmente, potes de mel com a mesma imagem que ela possuía. O mel era produzido por três irmãs negras, donas de uma linda propriedade, tão cheia de vida e cor quanto elas. Essas mulheres acolhem as duas estranhas e August (comovente Queen Latifah) oferece-lhes amor e cuidados de que elas tanto necessitavam. Essas irmãs são cultas, bem posicionadas socialmente e apesar de August não acreditar na desculpa de Lily, não revela seu pressentimento. A casa está sempre cheia de interessantes pessoas negras. Começa a surgir um sentimento de amor entre Lily e um jovem negro, que trabalhava no casarão. A garota é iniciada na produção das abelhas e de suas colméias, tão cheias de surpresas e códigos. Lily deseja ser escritora e o garoto negro advogado, pois gostaria de servir ao Dr. M. L. King. Indo uma tarde a um cinema, entram por portas separadas, já que os negros não podiam conviver socialmente com os brancos. Lá dentro, porém, o destemido casal senta-se lado a lado, o que provoca uma onda de violência ainda maior da que causara Rosaleen. Ele é preso e brutalmente espancado e seu paradeiro desconhecido. Após vários dias e o suicídio de May, por não suportar tanta injustiça, é devolvido à família. Mais do que nunca o jovem casal se propõe a seguir suas deliberações anteriores: ela ser escritora e ele advogado para combater tanta segregação e brutalidade. No terço final do filme, Lily revela à August que se sente a pessoa mais desamada e cruel do mundo. August também tem uma revelação: criara sua mãe até receber como herança a fazenda e iniciar sua fabricação de mel. Um dia, seu pai aparece para resgatá-la, contando uma nova versão dos fatos. Nesse momento sentimos que ele realmente amara a mulher e a filha, mas revelando seu lado cruel fora abandonado por ambas. Protegida pela família de August, Lily pode encontrar-se, talvez, e ter a paz de espírito necessária para alcançar seu objetivo e escrever. Esse filme foi baseado no livro de Sue Monk Kidd e, a princípio rejeitado por Gina Prince-Bythewood, que ao ler o roteiro três anos após ter-lhe sido apresentado, percebe tratar-se de uma história de vida quase igual à sua, pois é uma afro-americana. Ótimo drama.

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