segunda-feira, 12 de julho de 2010

ALMAS À VENDA DE SOPHIE BARTH









COLD SOULS EUA- FRANÇA 2009 DE SOPHIE BARTH

Esse drama é do tipo ame-o ou deixe-o. Inteligente trabalho, dirigido e realizado por Sophie Barth, é uma metáfora ou uma fábula sobre a insatisfação humana nos dias presentes. Segundo ela tudo se deve ao desenvolvimento e à NECESSIDADE de ser feliz. Mas, vamos a esse original filme em si. O ótimo Paul Giamatti, fazendo papel dele mesmo, está insatisfeito com sua interpretação teatral da famosa peça russa de 1899, Tio Vania escrita por Tchékjov. Preocupado por estar ficando louco, discute com seu diretor sobre o assunto, pois não consegue dar o que espera para o personagem, o qual passa a fazer parte de seu cotidiano e dele mesmo. Sozinho em casa, pois sua mulher encontrava-se fora, recebe uma mensagem onde seu agente indica a leitura de uma revista americana, onde outras pessoas com os mesmos sintomas encontraram uma solução. Desconfiado, mas desesperado com seu drama seu passado e presente, procura o local mencionado. Trata-se de um lugar de alta tecnologia onde as pessoas que não estão satisfeitas com sua alma, suas recordações e vida, podem extraí-las e armazená-las em vidros de laboratório, que são guardados em cofres, como jóias e valores em um banco comercial. Convencido pelo dono dessa empresa (hospital, clínica?) submete-se a essa remoção que é indolor. Amedrontado com seu interior, sequer deseja ver sua alma que é exatamente como um “grão de bico”. O formato não quer dizer que seja pequena ou inferior, é tão somente uma forma. Paul assinara um contrato antes do procedimento e agora se sente mais leve, mais feliz, porém oco. É como se tivesse tomado um medicamento antidepressivo ou antipânico com efeito imediato ou consumido drogas pesadas. Creio que aí está uma dos pontos contemporâneos que nossa jovem diretora deseja discutir. Feliz, não consegue atuar como um russo. Seu diretor está perplexo assim como sua mulher. Volta à clínica e pede sua alma de volta, mas ela fora levada pela bela russa, Nina (Dina Korzun). Essas almas são contrabandeadas de São Petersburgo para New York, através de mulheres. O desenrolar da história é bastante interessante, pois parece a época da guerra fria, com desafios logísticos e técnicos para os dois lados. As almas poderiam ser transplantadas ou trocadas, mas o doador jamais teria a sua própria de volta. A personagem que recebe a alma de Paul é bastante controversa e gera uma série de incidentes vividos por esses dois atores até o final do filme. O filme faz rir, mas também faz com que esses momentos cômicos nos façam pensar mais profundamente sobre nós mesmos. Se não for visto com olhos que sabem discernir será uma peça sem consistência, caso contrário uma delícia.

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