segunda-feira, 11 de outubro de 2010

TROPA DE ELITE 2 DE JOSÉ PADILHA

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BRASIL (2010) 118 MINUTOS
Elenco:
Wagner Moura – coronel Nascimento
Irandhir Santos – Fraga (professsor)
André Ramiro – capitão André Matias
Maria Ribeiro – Rosane (ex-esposa de Nascimento)

Esse drama é um “filme denúncia” do que ocorre no momento, já, na Polícia Federal, nos governos estaduais e em Brasília. Deve ter demandado muita investigação, coragem e determinação do diretor, produtor, roteirista e artistas para realizarem um filme tão realista. Não fosse o som prejudicado nas narrativas em off do coronel Nascimento seria genial. É uma história bombástica, que não passará em vão. Ou se concorda ou se discorda, dependendo de suas convicções políticas e dos valores que o formaram ao longo de sua vida. No primeiro Tropa de Elite, premiado com o Urso de Ouro, Padilha debruçou-se sobre o tráfico de drogas, os traficantes e seus braços com a polícia. Seu herói era o jovem Nascimento, capitão do Bope, que agora será promovido a tenente-coronel e, continuando em sua meta de máxima honestidade consigo mesmo, ameaçará as milícias do Rio de Janeiro, engendradas na polícia e na política e com o próprio governador do estado. Esse é um cargo mais burocrático com um homem mais grisalho e desiludido. Seu casamento acabou e seu filho está sendo criado pela mãe e um professor de esquerda (Fraga), protetor dos Diretos Humanos e a favor da reabilitação carcerária. O menino vê-se indeciso com a diferença de atuação dos dois “pais”, que afinal são a favor da lei. As primeiras cenas passam-se no presídio Bangu 1, e pelo rádio Nascimento comanda a tropa de choque que irá seguir suas ordens na tentativa de dizimar uma rebelião de facções criminosas dentro da própria cadeia, que controlavam o tráfico de drogas, pagando pesadas quantias aos chefes das ditas milícias policiais, truculentas ao máximo, uma cópia fiel das máfias. Ele continua muito ligado aos policias do Bope, resguardando que não seja contaminado por policiais corruptos. Contudo, por um erro, a operação não dá certo e seu subordinado preferido, capitão Padilha (André Ramiro) é acusado pela morte de um preso, durante o ofensiva. Seu comandante, assumindo toda responsabilidade, é afastado do Bope e passa a trabalhar na Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro. O enredo é complexo exigindo bastante atenção de quem assiste a esse trabalho. Agora o Bope está mais bem equipado, graças ao novo tenente-coronel, Nascimento, contando com mais aparelhamentos e helicópteros. As cenas que veremos durante toda a exibição são de alta adrenalina, “grudando” o espectador na cadeira. Sandro Rocha, interpretando muito bem o major Rocha, é o que há de mais execrável nesse grupo, tendo vários canais que o ajudam. Esses fatos e personagens, na realidade existem ou existiram, contudo têm seus nomes preservados. As sequências de delitos e corrupção viram lugar comum e o excelente Wagner Moura vê-se em um círculo sem saída, demonstrando um envelhecimento precoce de um personagem direcionado para seu interior e sua consciência. É um trabalho magnífico de atuação e direção. Em meio à luta armada entre as milícias e o Bope, Nascimento vê sua vida privada sendo convulsionada, pois seu filho passa a afastar-se dele e a alinhar-se mais com o padrasto, que requisita sua ajuda e seu trabalho. A ex-mulher está apavorada com o encaminhamento das coisas e roga para que se defenda e procure seu filho adolescente. Quando se imagina que todo o controle está perdido, os dois oponentes unem-se pela mesma causa. Fraga, agora deputado estadual, poderá ser de grande valia, abrindo a CPI das milícias, em 2008, o que realmente aconteceu. No final do filme assistimos uma imagem aérea de Brasília, mostrando o Palácio do Planalto e os poderes legislativo e executivo. Se aí está o problema de segurança do Brasil, só daí poderá vir a solução, através dos votos conscientes da população que deveria politizar-se mais. Esse filme promete salas bem lotadas!

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