terça-feira, 15 de março de 2011

EM UM MUNDO MELHOR DE SUSANNE BIER
















HAEVEN (VINGANÇA) Dinamarca /Suécia, 2010
Oscar de melhor filme estrangeiro
ELENCO:
Mikael Persbrandt – Anton
Ulrich Thomsen – Claus
William Johnk Nielsen – Christian
Markus Rygaard - Elias




Este drama dinamarquês é o melhor filme em cartaz da semana, merecendo sem dúvida o Oscar e o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. Não se trata de uma epopéia ou uma tragédia, mas de um drama sobre assuntos bastante devastadores da atualidade. A VINGANÇA, tradução do título original, a PUNIÇÃO, a dificuldade de relacionamento entre povos e a absoluta dificuldade atual de uma coisa bem simples – o PERDÃO é discutido em diversos vieses. Temos duas famílias em dificuldades que formam o enredo do filme. Um casal de médicos suecos em processo de divórcio e outra família dinamarquesa, que mora em Londres, cujo filho perde a mãe vitimada pelo câncer. É preciso reforçar que a diretora e os escritores da história não têm como finalidade fazer juízo de valores. Nas primeiras cenas vemos um acampamento africano de refugiados de uma guerra civil, com sua precariedade, e uma caminhonete chegando e trazendo uma equipe de médicos e enfermeiros que atuam na região. A cena inicial é muito bonita, montanhas verdes circundando um vale cheio de areia e alguma terra vermelha. Crianças correm atrás da caminhonete a fim de receber o médico sueco Anton (ótimo Mikael Persbrandt) que lhes sorri e joga uma bola para brincarem. Ele convive com os horrores da guerra, fazendo cirurgias sob uma tenda rudimentar. Nesse momento, uma maioria de jovens grávidas é esfaqueada por um tirano, The Big One, que abre o útero dessas mulheres para ganhar apostas sobre o sexo das crianças! A maioria não sobrevive e o clima é de revolta entre os aldeões. No mesmo instante, em Londres, um menino de 12 anos despede-se da mãe que morrera vitimada pelo câncer generalizado. O pai está presente, mas é ele quem faz as honras do enterro, não derramando uma lágrima e portando-se como homem. Eles partem para a terra natal, Dinamarca, onde mora a avó e lá viverá com ela em uma bela casa. Na escola um garoto de 10 anos, Elias, é vítima de um grupo de meninos maiores muito violentos que o espancam por sua origem sueca e por sua fragilidade. Christian, o recém órfão apesar de ser também menor do que os que praticavam bullying , mas com um temperamento totalmente diferente, resolve protegê-lo e espancar o molestador com a bomba de sua bicicleta. Isso se torna um problema da escola e da polícia. Os meninos têm problemas familiares diferentes, mas igualmente importantes. Elias está fragilizado pelo iminente divorcio dos pais médicos, pois os amava e não queria que se separassem dele e do irmão. A educação dada por seu pai, Anton, é de pacifismo, encarando a vida com serenidade e compaixão, visto as dificuldades atuais em termos religiosos e de extremismos em todos os campos da vida humana. Ter um amigo que transgride as regras foi, para Elias, uma surpresa muito grande e valiosa, mas que porá a vida e amizade entre eles em jogo. Christian não gosta do pai, pois o julga responsável pela morte de sua mãe, reagindo de maneira contundente e inesperada. Na verdade, é um garoto fragilizado que amava a mãe, mas não consegue por isso em palavras e parte para a ação demolidora. O filme tem uma dinâmica muito viva que não perde um momento em imagens desnecessárias e nos conduz por uma história de vida surpreendente, onde não existe mais harmonia ou compreensão, seja na África subdesenvolvida ou na Dinamarca desenvolvida e supostamente tranqüila e equilibrada. A diretora atua nesses dois campos, descrevendo histórias diferentes, mas que no seu âmago são da mesma natureza incisiva. Tem um roteiro original, eletrizante, apesar de muitas cenas em lugares belos e calmos. A explosão de bombas, a morte de vítimas inocentes e a atitude desesperada de Christian, quase um The Litlle One, é que dá a tônica do filme. A intervenção dos pais será decisiva para o amadurecimento emocional dos meninos. A interpretação dos dois jovens é impressionante. Imperdível. A diretora Susanne Bier faz um trabalho espetacular.

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