




SHI/POETRY, COREIA DO SUL/2010
DRAMA, 139 MINUTOS
ELENCO:
Yun Jeong-hie
Premiado no Festival de Cannes (roteiro)
Indicado ao Oscar como melhor filme estrangeiro
Se o filme anterior a este, “Incêndios”, era como se fosse um “épico”, este parece uma “tragédia”, porém bela. Lee, que escreveu e dirigiu o filme, aborda o mundo de uma mulher de 66 anos, aposentada e relativamente pobre, que vive à margem do rio Han, o segundo maior do país. Mija, apesar da idade, conserva um frescor na pele, nos olhos e no sorriso, que ainda guarda a beleza da juventude. Cuida de um neto adolescente, pois sua filha divorciada mora e trabalha em outra cidade. Seria uma coisa natural para os orientais ou ocidentais no mundo globalizado de hoje, todavia para ela não será. Nas primeiras cenas vemos o belo rio, crianças brincando e ao longe alguma coisa que o rio traz. Trata-se do corpo de uma adolescente. Mija, que fora ao centro para consultar-se sobre dores e esquecimentos esporádicos, presenciara, em frente ao hospital, a mãe da garota desesperada com a perda da filha. Ela se comove, mas segue seu caminho, pois teria de fazer uma inscrição para o curso de poesia no centro cultural da cidade. Achava-se com veia de poeta, por ter idéias diferentes e amar a natureza nos seus pequenos detalhes, contudo escrever poesias é muito difícil, pois há de aflorar inspiração, que muitas vezes não chega ou não é suficiente. Em suas aulas, cerca-se de pessoas mais jovens e vai tocando a vida, sempre em contato com a filha pelo celular. Quando questiona seu neto sobre o suicídio da menina que estudava em sua escola, ele se esquiva e não responde. É um garoto de péssima índole, insolente, grosseiro e insensível, bem o oposto do exemplo que Mija lhe oferece. Aí começamos a ver as diferenças entre os sentimentos contidos e respeitosos dos orientais mais velhos e das novas gerações. Esse jovem fazia parte de um grupo de cinco adolescentes cruéis, que haviam estuprado a garota repetidamente, até que ela decida se matar pela desonra e sofrimento. Mija fica sabendo da verdadeira história através dos pais dos outros estudantes que lhe pedem para calar-se para a imprensa e os vizinhos, a fim de preservar o nome da escola e futuro dos filhos. Concorda com o pacto, mas seu sentimento enche-se de cólera e agonia, pois sabia que estaria agindo errado. Angustiada procura nas aulas e em sessões de leitura de poesia um lenimento e resposta para sua angústia. Aconselhada pelo professor, carrega sempre um caderninho e lápis para fazer pequenas anotações do que acha admirável para si mesma. São nesses momentos que Lee nos mostra toda a beleza das flores, dos pássaros e das cores, tão importantes para a simbologia oriental e assim, faz com que tenhamos espaço para respirar e refletir sobre a solidão, doença e envelhecimento da personagem. Todo o enredo é fincado nessa procura da beleza, inspiração e aspiração de ser poetiza, como também na necessidade de ser fiel à sua dignidade e aos seus costumes. Apesar do 139 minutos o tempo passa sem que percebamos, devido à maravilhosa fotografia, o fabuloso desempenho da protagonista e ao ritmo exato de cada cena. O desfecho é bastante emocionante. Gostando ou não de poesia vale a pena ser visto, pois o título é apenas um início.
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