terça-feira, 17 de maio de 2011

CAMINHO DA LIBERDADE DE PETER WEIR
















THE WAY BACK, ESTADOS UNIDOS/2010, 133 minutos
ELENCO:
Jim Sturgess, Ed Harris, Colin Farrell, Saoirse Ronan

Peter Weir é um diretor que dá longos espaços entre seus ótimos filmes. O último foi de 2003 e agora produz este épico, baseado em fatos reais, apesar de algumas divergências entre quem foi o verdadeiro protagonista. Passa-se no início da Segunda Guerra Mundial, quando Stálin já fazia muitos estragos nos países limítrofes. Um grupo de jovens é enviado para a gélida Sibéria a fim de construir um gulag, uma prisão, que chegaram ao número de quinhentos. Os comunistas, de imediato, avisam que escapar é impossível, pela temperatura abaixo de 50 graus, pelo tempo muito variável e pelos camponeses que ganhavam prêmios com as delações. São na maioria presos políticos, mas existem também assassinos cruéis e contumazes, que mandam nos internos da prisão. Um jovem polonês, Janusz (ótimo Jim Sturgess) o protagonista, não se conforma e não aguenta mais aquela vida de privacidade, crueldade e trabalho forçado, dentro de minas sufocantes. Une-se, então, a outros homens que estão no limite da sanidade mental e que aderem a um plano de fuga, inclusive o útil assassino Walka (Colin Farrel). Aproveitando-se de uma nevasca brutal durante o inverno, fogem com alguma comida e armas e nada mais além do intenso desejo de sobrevivência. Serão postos à prova pela inclemência da natureza, naqueles rincões do quase Ártico. O plano seria seguir sempre para o Sul, a fim de chegarem à ferrovia Trans-Siberiana. São inúmeras as cenas de desespero que nos captam e nos deixam aturdidos. Aliás, a natureza desse belíssimo lugar é um fator preponderante para o sucesso da narrativa. Weir e o cinegrafista, Russel Boyd, se apropriam dessa vastidão para nos seduzir. Ao chegarem ao lago Baikal encontram água, que necessitam desesperadamente, caça e peixe. Nesse ponto percebem que são seguidos por uma jovem, Irena (ótima Saoirse Ronan), de dezesseis anos, que tenta entrar no grupo para salvar-se. Ela é aceita, mesmo após a recusa do engenheiro americano Mr. Smith (expressivo Ed Harris) e sua contribuição será muito bem vinda e valiosa. Dará um pouco de humanismo, através de pequenas conversas, ao grupo tão heterogêneo e brutalizado. Chegando à Mongólia, com a certeza do fim da jornada, são surpreendidos ao verem que Stálin e Lenin já haviam conquistado o país. A resolução de seguir a pé, por 6000 quilômetros, até a Índia é muito difícil. Seria isso ou a morte. Essas paragens são maravilhosas, planas e cheias de capim alto, com seus habitantes tão característicos. Bem sucedidos, mas exauridos de qualquer vigor, continuam pelo deserto de Gobi, sendo acometidos por miragens, até alcançar as montanhas altíssimas do Tibete. O grupo, durante essa travessia quentíssima e avassaladora, já diminui em tamanho e coragem, mas os laços afetivos vão se alicerçando a medida que as dificuldades crescem. As imagens são expostas de forma espetacular. O panorama até a chegada à Índia, em uma festiva plantação de chá, e à liberdade, junto ao desempenho dos personagens, são fatores de encantamento para os espectadores, contudo o diretor nunca apela para o sentimentalismo ou exposição além do limite necessário. Mesmo na cena final, essa diretriz é seguida com ótimo resultado. Programa imperdível.

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