terça-feira, 16 de agosto de 2011

A ÁRVORE DA VIDA DE TERRENCE MALICK
















THE TREE OF LIFE EUA/2011 130 MIN. DRAMA

ELENCO:
BRAD PITT - PAI
JESSICA CHASTAIN – MÃE
FIONA SHAW - AVÓ
SEAN PENN - JACK

Este esperado filme de Terrence Malick é uma obra para ser contemplada pelo modo como é apresentada. Trata-se de um trabalho não linear, onde diálogos são reduzidíssimos e o que conta é a lembrança de uma criança, Jack (Sean Penn) e seus irmãos. No início, ficamos sabendo que houve um acidente que ceifou a vida de um deles, durante um combate de guerra, aos 19 anos. É necessário que a platéia se deixe apenas levar pela belíssima filmagem e música, desde o início do universo com cenas de fogo, água, terra, derretimentos, resfriamentos, passando pelos animais pré-históricos, pelas veias e sangue que formam nosso corpo, até os anos quarenta e antes, quando começa o filme. Na primeira cena lemos um trecho bíblico de Jó. Em seguida, a figura de uma menina, lembrando que fora criada em uma escola de freiras, onde ensinavam que no mundo havia dois caminhos: o da Natureza e o da Graça. Ela havia feito a escolha da Graça. Viajamos para os dias atuais, onde Jack é um bem sucedido arquiteto que tenta conciliar seu passado com o presente e, atormentado por suas lembranças, faz um paralelo entre os edifícios gigantescos que se encontram no horizonte de Dallas, com as belíssimas árvores de sua casa de infância, quando sua mãe olhava para seus galhos que se uniam no céu e procurava a presença de Deus. Outro corte e vemos o movimento explosivo e violento do inicio dos tempos. São cenas assustadoras e maravilhosas indo do estado líquido ao sólido da época contemporânea. A história é a saga de uma família, com três filhos e seus pais. Passa-se no interior dos Estados Unidos, Texas, mas bem poderia ser em qualquer lugar, respeitando-se a época de austeridade do pós-guerra. O pai, Brad Pitt impecável, é um engenheiro respeitável, religioso, contundente com a família e extremamente severo com os filhos, principalmente com o mais velho, apesar de amá-los. Exige que o chamem de senhor, e quer ser adorado e respeitado, apesar de sua conduta tão exigente e dura. Ele simboliza a crueldade e realidade da Natureza. A mãe, escolhendo o caminho do amor e perdão, é submissa ao extremo, delicada, bela e maravilhada pelos três meninos. As cenas mostram as recordações de Jack e seus irmãos. O fio condutor são sussurros de Jack, que tem sempre a imagem dos pais brigando dentro dele. Eles foram crianças desejadas e amadas por ambos, enquanto eram muito pequenos. À medida que crescem há um confronto entre o pai e os homens da família, apesar de serem apenas adolescentes. Essa atitude leva a que o famoso complexo de Édipo renasça na figura do mais velho, com toda violência. Ele gostaria de matar o pai, para que sua mãe ficasse livre de seu domínio e controle. Durante uma longa viagem que Mr. O’Brien faz ao redor do mundo para mostrar suas patentes, notamos a grande diferença na atitude da família que pode usufruir de paz e aconchego que tanto careciam. A interpretação de Jessica Chastain, Mrs. O’Brien, quando da morte de seu filho querido, é uma das mais pungentes do filme, que, aliás, como um todo, se arrasta para um público acostumado à cenas rápidas e diálogos cortantes. É um filme próprio para transmitir sensações e reflexões religiosas e filosóficas. O final é um pouco decepcionante, visto que se alonga mais do que o necessário, mas com a reconciliação entre os membros da família. Seria mais interessante um final curto e direto, sem tantas divagações. Ganhou a Palma de Ouro no festival de Cannes, como melhor filme. Poderia de certa forma ser “comparado” com o também filosófico Melancolia de Lars Von Trier, que teve seu longa retirado da competição. Seria um páreo bastante interessante em matéria de excentricidade, fantasia, e duração de película... Ambos devem ser vistos pelos cinéfilos devido à originalidade dos trabalhos.


Um comentário:

David Cotos disse...

Buena película, buenas actuaciones, buena música, poética, hermosa.