segunda-feira, 12 de setembro de 2011

UM CONTO CHINÊS DE SEBASTIÁN BORENSZTEIN














UN CUENTO CHINO, ARGENTINA – ESPANHA, 2011, 93 MIN.
COMÉDIA DRAMÁTICA
ELENCO:
RICARDO DARÍN – ROBERTO
IGNACIO HUÁNG – JUN
MURIEL SANTA ANA – MARI

Sebastián Borensztein dirige e escreve essa magnífica comédia usurária em diálogos, contudo rica em conteúdo psicológico, que nos conta a história baseada em fatos verídicos sobre dois homens – um veterano da guerra das Malvinas, Roberto (excelente Ricardo Darín) e um jovem chinês, Jun, (perfeito Ignacio Huáng) que um dia simplesmente “brota” em Buenos Aires. O cinema argentino com essa obra só vem confirmar a crítica passada de Medeaneras. O país está se abrilhantando com filmes baratos e conteúdos muito especiais. Na primeira cena vemos um belíssimo lago na China, onde dois jovens enamorados dentro de um barquinho trocam juras de amor, que não compreendemos, mas o rapaz pega uma caixa de jóias com duas alianças e imediatamente uma vaca cai do céu e afunda o barco. Cena seguinte: Roberto é um enfezado dono de uma loja de ferragens, que além de contar cada prego que compra, atende muito mal sua clientela. É um personagem melancólico, metódico, rude, econômico em palavras e mais ainda em relacionamentos humanos. Habituado a estar só, passa seus fins de semana vendo aviões movimentar-se no aeroporto de Buenos Aires, comendo pão com embutidos. Sua extravagância é comprar bibelôs cafonas de bichos de vidro e colocá-los ao lado da foto da mãe falecida, que guarda em uma cristaleira velha. Em um desses fins de semana assiste a uma cena inusitada: um jovem chinês é jogado para fora de um táxi e, ferido, chora sua sina. Roberto compadece-se do rapaz e tenta ajudá-lo a encontrar seu destino, apesar dele não falar uma palavra em castelhano, mas ter um endereço tatuado no braço. Ao levá-lo em seu carro, Jun tem uma crise de vômitos e é despachado de seu veículo. Depois de algum tempo, com um forte temporal, resolve voltar e ajudar esse personagem que não sairá tão rapidamente de sua vida. Apesar da conduta com seus vizinhos, Mari é apaixonada por ele, mesmo morando em outra cidade e vir esporadicamente visitar seus parentes que residem no mesmo bairro. Nem mesmo essa bela figura consegue romper seus traumas de infância que o tornaram tão soturno. Os três passam a conviver e com a ajuda de um entregador de comida chinesa conseguem conhecer a sina do rapaz. Roberto, afoito em se livrar de Jun, faz o possível para ajudá-lo, indo à embaixada chinesa e ao bairro chinês. Nada é descoberto, apenas ficamos sabendo sobre alguns pormenores da existência de Roberto, como por exemplo, que coleciona notícias bizarras e as cola em um velho álbum. Ao comentar um dos recortes veremos o quanto esses dois homens tinham em comum e o enorme sentido que fazia essa aproximação. A partir de então as peças começam a cair nos lugares certos para completar esse quebra-cabeça delicioso. Programa imperdível pela qualidade de atuação dos atores, verdades portenhas, música perfeita de Lucio Godoy e o engenhoso enredo. Certamente um dos melhores filmes do ano.

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