domingo, 5 de fevereiro de 2012

PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN DE LYNE RAMSAY








WE NEED TO TALK ABOUT KEVIN, 112 min.
REINO UNIDO – EUA/2011, DRAMA

ELENCO
TILDA SWINTON – EVA
JOHN C. REILEY – PAI
EZRA MILLER – KEVIN

Baseado no romance homônimo de Lionel Shriver, esse espetacular drama psicológico nos coloca em estado permanente de tensão e temor. Dirigido por Lyne Ramsay com segurança impecável, apresentado em flashbacks e com a cor vermelha como fio condutor, conta a história macabra da família de Eva Khatchadourian, com a belíssima e dolorida atuação da impecável Tilda Swinton. Nas primeiras cenas é focalizada, ao longe, uma multidão de pessoas seminuas e cobertas por um líquido vermelho sangue. A câmera se aproxima e vemos Eva dentre a multidão, levantada por homens e depois colocada desesperada no chão. Na cena seguinte ela está em uma cama e restos de comida com molho vermelho espalhados no chão. Seria um sonho? Ela se levanta e fica em frente à sua casa, coberta de tinta vermelha que atinge também seu carro. A partir desse presente, voltaremos, aos poucos, dezoito anos na narrativa. Eva espera um filho, mas não era o momento certo para ela. John Reiley, como marido, fica exultante e aguarda sua chegada com ansiedade. Moram em Nova York e gostam do trabalho que fazem. Voltamos ao presente e Eva está à procura de um emprego em uma pequena cidade americana. Magra e consumida pelo sofrimento consegue um lugar para trabalhar em uma agência de turismo. A cidade a hostiliza, chegando a levar uma bofetada de uma moradora, mas não reage. Sua postura corporal é de culpa sem fim e estranhamento de si mesma. Voltando, porque o filme funciona dessa maneira, vemos seu parto e os primeiros anos da vida de seu filho Kevin. Bebê que não para de chorar, criança manipuladora e má, segue até os nove anos usando fralda, deliberadamente, e maltratando sua mãe até o limite da exaustão. Com o pai é carinhoso e doce. Impossibilitados de continuar vivendo em Nova York e buscando ajuda médica, os pais resolvem mudar para uma linda casa no interior, a fim de que o garoto tivesse mais espaço e liberdade. Esse é um contraste deliberado, acentuando a vida atormentada dos habitantes da casa, com a beleza do imóvel contemporâneo, limpo e com uma atmosfera de paz. Eva odeia a casa e o lugar. Os anos vão se passando e, em uma crise de desespero, a mãe força o filho para o chão, quebrando seu braço. Essa reação violenta ele entende e aprecia, passando a fazer as coisas próprias de sua idade. O que mais gosta na mãe é quando ela lê para ele o clássico infantil de Robin Hood, que era um mestre do arco e flecha. Difícil de ser agradado e muito irônico é nesse esporte que vai encontrar alguma satisfação, com apoio do pai que acaba dando-lhe de presente o arco mais moderno e poderoso que encontrara. Seu hobby passa a ser exercitar-se no jardim da casa, sempre mirando o alvo, que atinge sem a menor dificuldade O tempo presente apresenta sempre Eva com suas dificuldades de relacionamento e no trabalho e a qualquer visão familiar, volta ao passado. Grávida pela segunda vez tem uma menina adorável. Depois de algum tempo o irmão, agora, com seus 16 anos não facilita em nada as coisas e sente ciúmes doentio da irmã, que virá a ser sua primeira vítima, em uma brincadeira proposital que acabará muito mal. Eva, apesar de angustiada e amedrontada com o adolescente, tenta aproximar-se dele, mas é rechaçada em qualquer tentativa de afeto. Aproximando-se do final do filme, você ainda não saberá o motivo do repúdio que recebe de todas as pessoas. Ele chega de maneira violenta e assustadora. Um ato horrível, típico das escolas americanas, ocorre e o responsável pela tragédia é o belo filho de Eva, Kevin. Depois de preso, Eva volta sozinha para casa e assim permanecerá até o final da história. É um filme realmente chocante, mas profundo e muito verdadeiro enfatizando o aspecto psicótico de alguns jovens homens. O desempenho de Ezra Miller e Tilda Swinton é espetacular. Certamente esse filme será agraciado com diversos prêmios durante o Oscar. Ela poderia ganhar como melhor atriz. Justiça seria feita. A trilha sonora é importantíssima para manter o clima de suspense e algumas imagens destorcidas fazem toda a diferença.

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