CAMILLE CLAUDEL, 1915 DE BRUNO DRUM0NT
CAMILLE CLAUDEL, 1915, FRANÇA/2013, 95MIN. DOCUDRAMA
ELENCO:
JULIETTE
BINOCHE – CAMILLE
JEAN-LUC
VINCENT
EMMANUEL KAUFFMAN
Este, certamente, é um dos filmes
mais sensíveis e impressionantes deste ano. Dirigido pelo ótimo Bruno Drumont,
que norteia seus filmes procurando uma estética minimalista, como em “A
Humanidade e “Fora de Satã”. Religião são temas centrais. Este possui imagens
lentas, longas, focando Juliette
Binoche, tanto em sua linguagem corporal, quanto em seu semblante, que fala
mais do que qualquer diálogo. Aliás, o filme quase não os apresenta. Rodado em
Saint Rémy de Provence, sul da França, é uma homenagem do diretor ao
septuagésimo aniversário de sua morte em 19 de outubro de 1943, tendo nascido
em dezembro de 1864. Essa escultora famosíssima, desde pequena mostrou um
talento imenso e seu pai, que a amava muito, não mediu esforços para mandá-la
estudar em Paris, na Academia Colarossi, tendo tido como mestre Rodin, bem mais
velho, mas com o qual manteve um caso amoroso por longos anos, tornando-se tão
boa escultora ou melhor do que ele. Depois de romperem o relacionamento, ela
passa a se tornar reclusa em seu atelier, até que sua família - mãe, irmã e
irmão a encerram em um manicômio durante a primeira Guerra Mundial em
Villeneuve, Avignon, por três décadas. Esses dados biográficos são necessários
para que possamos entender melhor a película. O filme foi rodado em um
verdadeiro hospital psiquiátrico, contando com doentes mentais de lá,
conservando seus nomes verdadeiros. Inverno de 1915, Camille, a mais velha de
três irmãos, encontra-se internada nesse hospital limpo e bem cuidado por
freiras, mas que para uma pessoa com discernimento e sensibilidade como de
Camille era um verdadeiro inferno. Todos são doentes mentais muito graves, com
semblantes e olhos embrutecidos, gritando e gesticulando demasiadamente. Essas
pobres almas são grotescas e deprimentes. Com mania de perseguição faz sua
própria comida e não tem nenhum contato afetivo, o que a torna muito infeliz.
Seu quarto e o hospital são monásticos, mas uma bela área verde circunda a
propriedade. Os internos são levados a passear por esses longos caminhos.
Desesperada, pois nunca recebera visitas da família ou de amigos, consegue que
uma funcionaria jovem coloque no correio uma carta comovente que escrevera a
Paul, seu irmão, para resgatá-la. O desempenho de Juliette é emocionante, quase
sem falar expressa toda sua angústia e horror naquele lugar sem acolhimento
humano para ela. Recebendo a carta, Paul
que era um homem ainda mais problemático do que a irmã, sendo místico ao
extremo e ambicioso ao ponto de querer ser um santo, vai ao seu encontro, não
antes de fazer preces delirantes. Ao chegar, o contato dos dois é impróprio,
pois acreditava que o destino da irmã era consequência da vontade suprema de
Deus, que tudo sabe e vê! Na tomada final, Juliette, sentada ao sol, mais do
que nunca seu rosto fala conosco. Esse trabalho de Bruno Drumont exige muita
atenção do público e empenho para decifrar os gestuais. Magnífico filme e mesmo
sendo triste merece ser visto e aplaudido.
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