sexta-feira, 23 de agosto de 2013

CAMILLE CLAUDEL, 1915 DE BRUNO DRUMONT


CAMILLE CLAUDEL, 1915 DE BRUNO DRUM0NT

CAMILLE CLAUDEL, 1915, FRANÇA/2013, 95MIN. DOCUDRAMA

ELENCO:

JULIETTE BINOCHE – CAMILLE

JEAN-LUC VINCENT

EMMANUEL KAUFFMAN

Este, certamente, é um dos filmes mais sensíveis e impressionantes deste ano. Dirigido pelo ótimo Bruno Drumont, que norteia seus filmes procurando uma estética minimalista, como em “A Humanidade e “Fora de Satã”. Religião são temas centrais. Este possui imagens lentas, longas, focando  Juliette Binoche, tanto em sua linguagem corporal, quanto em seu semblante, que fala mais do que qualquer diálogo. Aliás, o filme quase não os apresenta. Rodado em Saint Rémy de Provence, sul da França, é uma homenagem do diretor ao septuagésimo aniversário de sua morte em 19 de outubro de 1943, tendo nascido em dezembro de 1864. Essa escultora famosíssima, desde pequena mostrou um talento imenso e seu pai, que a amava muito, não mediu esforços para mandá-la estudar em Paris, na Academia Colarossi, tendo tido como mestre Rodin, bem mais velho, mas com o qual manteve um caso amoroso por longos anos, tornando-se tão boa escultora ou melhor do que ele. Depois de romperem o relacionamento, ela passa a se tornar reclusa em seu atelier, até que sua família - mãe, irmã e irmão a encerram em um manicômio durante a primeira Guerra Mundial em Villeneuve, Avignon, por três décadas. Esses dados biográficos são necessários para que possamos entender melhor a película. O filme foi rodado em um verdadeiro hospital psiquiátrico, contando com doentes mentais de lá, conservando seus nomes verdadeiros. Inverno de 1915, Camille, a mais velha de três irmãos, encontra-se internada nesse hospital limpo e bem cuidado por freiras, mas que para uma pessoa com discernimento e sensibilidade como de Camille era um verdadeiro inferno. Todos são doentes mentais muito graves, com semblantes e olhos embrutecidos, gritando e gesticulando demasiadamente. Essas pobres almas são grotescas e deprimentes. Com mania de perseguição faz sua própria comida e não tem nenhum contato afetivo, o que a torna muito infeliz. Seu quarto e o hospital são monásticos, mas uma bela área verde circunda a propriedade. Os internos são levados a passear por esses longos caminhos. Desesperada, pois nunca recebera visitas da família ou de amigos, consegue que uma funcionaria jovem coloque no correio uma carta comovente que escrevera a Paul, seu irmão, para resgatá-la. O desempenho de Juliette é emocionante, quase sem falar expressa toda sua angústia e horror naquele lugar sem acolhimento humano para ela.  Recebendo a carta, Paul que era um homem ainda mais problemático do que a irmã, sendo místico ao extremo e ambicioso ao ponto de querer ser um santo, vai ao seu encontro, não antes de fazer preces delirantes. Ao chegar, o contato dos dois é impróprio, pois acreditava que o destino da irmã era consequência da vontade suprema de Deus, que tudo sabe e vê! Na tomada final, Juliette, sentada ao sol, mais do que nunca seu rosto fala conosco. Esse trabalho de Bruno Drumont exige muita atenção do público e empenho para decifrar os gestuais. Magnífico filme e mesmo sendo triste merece ser visto e aplaudido.

  

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