ITÁLIA, FRANÇA/2013, 142 MIN. COMÉDIA DRAMÁTICA.
ELENCO:
TONY SERVILLO – JEPP GAMBARDELLA
CARLO VERDONE
SABRINA FERILLI
Trata-se de um longo filme de Paolo
Sorrentino, 43 anos e em busca do Oscar, festejado pela crítica com cinco
estrelas. Não é tudo isso, mas é muito bonito plasticamente, com várias
referências alegóricas, colorido de Almodóvar e um misto de La Dolce Vita e
Great Gatsby. Fala, ou melhor, “mostra” a vida decadente da envelhecida elite
romana. Jepp Gambardella, protagonista, escritor de um só livro, é um homem
desapontado com a natureza humana, mas se liga a ela o mais firme possível,
tendo sempre um ar de complacência e superioridade com seus amigos. Amigos? Ele
se apresenta bem solitário, porém faz entrevistas para uma revista. O filme
começa com um maravilhoso coral e música, mostrando uma fonte e seus arredores,
cercada de igrejas e prédios religiosos, além das ruínas do Coliseu romano. Lá
é sua casa. É simplesmente espetacular e assim será todo o filme por 142
minutos. Contudo, o enredo é pequeno, mas ferino e as cenas são como colagens
excepcionais de todos os monumentos romanos: palácios de príncipes, casas,
igrejas belíssimas, ruas desertas. Todos os personagens desse mundo em que ele
sonhara viver, desde os 26 anos, agora apresenta sua verdadeira fase, quando
fica sabendo, logo depois de completar 65 anos, com uma orgia coletiva, que uma
namoradinha de quando tinha 18 anos e a primeira mulher de sua vida, havia
morrido, depois de anos casada com um amigo. Ele não sabia de seu amor, até que
o marido da falecida conte que ela escrevera “só sobre ele” em seu diário. Mas
aqui tudo é efêmero. As amizades, os amores, as conquistas amorosas que Jepp nem
tenta mais fazer. O herói recorre à sua cama, quando cansado e em devaneio.
Olhando para o teto, ele se transforma em mar e lá vão suas lembranças e seus
desejos. Convicto de que é um mundano, sempre quisera ser o rei da noite em
Roma e ter a força de parar qualquer festa quando assim o desejasse. E
consegue. Todavia não é feliz. Almoça todos os dias com sua editora, uma anã
muito sofisticada e inteligente, pois escreve para uma revista, e se consola com a empregada. Algumas cenas são
puro teatro dos bons, quando do funeral de um jovem em uma antiga igreja. Outra
alegoria é quando chega à cidade uma fiel cópia de Madre Tereza de Calcutá, uma
senhora de 104 anos tida como santa, enrugada e sem dentes, tão cínica quanto ele. Aliás,
o tempo todo temos essa crítica da Igreja querendo pertencer à alta sociedade e
se imiscuindo com ela, para o prazer dos dois lados. É um filme melhor para se
discutir depois de vê-lo do que para assisti-lo. Às vezes a narrativa demora a passar. Fellini
era melhor.
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