segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A GRANDE BELLEZZA DE PAOLO SORRENTINO

LA GRANDE BELLEZZA
ITÁLIA, FRANÇA/2013, 142 MIN. COMÉDIA DRAMÁTICA.
ELENCO:
TONY SERVILLO – JEPP GAMBARDELLA
CARLO VERDONE
SABRINA FERILLI
Trata-se de um longo filme de Paolo Sorrentino, 43 anos e em busca do Oscar, festejado pela crítica com cinco estrelas. Não é tudo isso, mas é muito bonito plasticamente, com várias referências alegóricas, colorido de Almodóvar e um misto de La Dolce Vita e Great Gatsby. Fala, ou melhor, “mostra” a vida decadente da envelhecida elite romana. Jepp Gambardella, protagonista, escritor de um só livro, é um homem desapontado com a natureza humana, mas se liga a ela o mais firme possível, tendo sempre um ar de complacência e superioridade com seus amigos. Amigos? Ele se apresenta bem solitário, porém faz entrevistas para uma revista. O filme começa com um maravilhoso coral e música, mostrando uma fonte e seus arredores, cercada de igrejas e prédios religiosos, além das ruínas do Coliseu romano. Lá é sua casa. É simplesmente espetacular e assim será todo o filme por 142 minutos. Contudo, o enredo é pequeno, mas ferino e as cenas são como colagens excepcionais de todos os monumentos romanos: palácios de príncipes, casas, igrejas belíssimas, ruas desertas. Todos os personagens desse mundo em que ele sonhara viver, desde os 26 anos, agora apresenta sua verdadeira fase, quando fica sabendo, logo depois de completar 65 anos, com uma orgia coletiva, que uma namoradinha de quando tinha 18 anos e a primeira mulher de sua vida, havia morrido, depois de anos casada com um amigo. Ele não sabia de seu amor, até que o marido da falecida conte que ela escrevera “só sobre ele” em seu diário. Mas aqui tudo é efêmero. As amizades, os amores, as conquistas amorosas que Jepp nem tenta mais fazer. O herói recorre à sua cama, quando cansado e em devaneio. Olhando para o teto, ele se transforma em mar e lá vão suas lembranças e seus desejos. Convicto de que é um mundano, sempre quisera ser o rei da noite em Roma e ter a força de parar qualquer festa quando assim o desejasse. E consegue. Todavia não é feliz. Almoça todos os dias com sua editora, uma anã muito sofisticada e inteligente, pois escreve para uma revista, e se consola com a empregada.  Algumas cenas são puro teatro dos bons, quando do funeral de um jovem em uma antiga igreja. Outra alegoria é quando chega à cidade uma fiel cópia de Madre Tereza de Calcutá, uma senhora de 104 anos tida como santa, enrugada e sem dentes,  tão cínica quanto ele. Aliás, o tempo todo temos essa crítica da Igreja querendo pertencer à alta sociedade e se imiscuindo com ela, para o prazer dos dois lados. É um filme melhor para se discutir depois de vê-lo do que para assisti-lo. Às vezes a narrativa demora a passar. Fellini era melhor.


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