sexta-feira, 11 de julho de 2014

O HOMEM DUPLICADO DE DENIS VILLENEUVE



O HOMEM DUPLICADO DE DENIS VILLENEUVE
 ENEMY, CANADÁ, ESPANHA/2013, 90 MIN., SUSPENSE.
ELENCO:
JAKE GYLLENHAAL – ADAM E ANTONY
MÉLANIE LAURENT – MARY - NAMORADA
SARAH GADON – HELEN - ESPOSA
ISABELLE ROSSELLINI – MÃE
Este intrincado suspense psicológico, dirigido pelo ótimo diretor de “Incêndios”, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, é baseado no livro do mesmo nome de José Saramago, premio Nobel de literatura.  Montreal é a cidade escolhida para acolher o filme, modificada com tons de amarelo, dourado e marrom, dando um toque surreal ao trabalho. A trama gira em torno de dois homens iguais, representados pelo ótimo Jake Gyllenhaal que consegue dar toques de personalidades diferentes aos personagens. A trama inicia-se em uma moderna universidade, onde Adam é professor de história e muito dedicado à sua função, explicando aos alunos que tudo na história tem duas repetições em qualquer situação. Exemplo: o império romano que oferecia pão e circo aos súditos, ou outros regimes totalitários que tiraram toda a educação, nivelando por baixo e proibindo a livre manifestação individual. Contudo, nas primeiras cenas vemos um casal fazendo amor e em seguida uma reunião de senhores, onde uma travessa de prata ao ser destampada mostra uma enorme aranha sem pelos, saindo dela e percorrendo a sala. Isso se torna passado. No presente, Adam, um homem muito recluso tendo apenas uma bela namorada loira, Mary, assiste a um filme em seu computador indicado por um colega de universidade. Vai dormir e tem um pesadelo: um dos figurantes do filme, o bell boy, é ele. Isso aciona uma tremendo desconforto que o faz ir ao encalço do personagem através de muitas pesquisas. Finalmente, descobre sua agência de publicidade e é reconhecido pelo porteiro, que lhe entrega uma carta confidencial e pessoal. Não a abre, mas telefona para  casa dele, sendo reconhecido através da voz por Helen, a mulher de Antony. As duas atrizes são muito parecidas e absolutamente loiras iluminadas. Esse mal estar vai transformar completamente a vida de todos os personagens. A princípio o ator não quer saber de Adam, que já havia sido visitado por sua mulher, mas é vencido pela necessidade de conhecer alguém que se diz tão parecido com ele. Realmente, o encontro dos dois é surpreendente e Antony sugere que possam, talvez, ser irmãos gêmeos. O professor busca imediatamente sua mãe, Isabella Rossellini, que nega ter tido dois filhos e o aconselha continuar com sua brilhante carreira universitária e parar de sonhar em ser um ator de terceira categoria. Isso dispara um alarme nos espectadores assim como transforma minimamente o semblante do herói. As situações que já eram bastante suspeitas, agora muito alteradas com a música de suspense, atingem o ponto máximo do filme. Vemos a famosa escultura da grande aranha, exibida em vários museus do mundo, pairando no meio da metrópole. Essas quatro personagens não conseguem chegar a um consenso, até mesmo porque Helen está grávida de seis meses e ele suspeita que seu duplo possa ser o pai. Um trato é feito entre os homens -  que o ator poderia dormir com sua namorada, fazendo-se passar por ele e a partir desse momento desapareceria. Cenas intensas em sexualidade e carinho são mostradas até que Helen mencione seu trabalho na universidade, ao mesmo tempo em que Antony e Mary, em um hotel, voltam para a primeira cena de sexo, explicando o então sucedido no início do filme, o que os coloca em perigo mortal. O final é bastante inesperado, pois aflora da fantasia do inconsciente de cada um de nós, por vezes mais ou menos exacerbada. Belo filme com ótima direção e uma história com a mão do excêntrico e cultíssimo escritor português, Saramago.



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