O HOMEM DUPLICADO DE DENIS VILLENEUVE
ENEMY, CANADÁ,
ESPANHA/2013, 90 MIN., SUSPENSE.
ELENCO:
JAKE GYLLENHAAL – ADAM E ANTONY
MÉLANIE
LAURENT – MARY - NAMORADA
SARAH GADON
– HELEN - ESPOSA
ISABELLE ROSSELLINI – MÃE
Este intrincado suspense
psicológico, dirigido pelo ótimo diretor de “Incêndios”, indicado ao Oscar de
melhor filme estrangeiro, é baseado no livro do mesmo nome de José Saramago,
premio Nobel de literatura. Montreal é a
cidade escolhida para acolher o filme, modificada com tons de amarelo, dourado
e marrom, dando um toque surreal ao trabalho. A trama gira em torno de dois
homens iguais, representados pelo ótimo Jake Gyllenhaal que consegue dar toques
de personalidades diferentes aos personagens. A trama inicia-se em uma moderna
universidade, onde Adam é professor de história e muito dedicado à sua função,
explicando aos alunos que tudo na história tem duas repetições em qualquer
situação. Exemplo: o império romano que oferecia pão e circo aos súditos, ou
outros regimes totalitários que tiraram toda a educação, nivelando por baixo e
proibindo a livre manifestação individual. Contudo, nas primeiras cenas vemos
um casal fazendo amor e em seguida uma reunião de senhores, onde uma travessa
de prata ao ser destampada mostra uma enorme aranha sem pelos, saindo dela e
percorrendo a sala. Isso se torna passado. No presente, Adam, um homem muito
recluso tendo apenas uma bela namorada loira, Mary, assiste a um filme em seu
computador indicado por um colega de universidade. Vai dormir e tem um
pesadelo: um dos figurantes do filme, o bell boy, é ele. Isso aciona uma tremendo
desconforto que o faz ir ao encalço do personagem através de muitas pesquisas.
Finalmente, descobre sua agência de publicidade e é reconhecido pelo porteiro,
que lhe entrega uma carta confidencial e pessoal. Não a abre, mas telefona para
casa dele, sendo reconhecido através da
voz por Helen, a mulher de Antony. As duas atrizes são muito parecidas e
absolutamente loiras iluminadas. Esse mal estar vai transformar completamente a
vida de todos os personagens. A princípio o ator não quer saber de Adam, que já
havia sido visitado por sua mulher, mas é vencido pela necessidade de conhecer
alguém que se diz tão parecido com ele. Realmente, o encontro dos dois é surpreendente
e Antony sugere que possam, talvez, ser irmãos gêmeos. O professor busca
imediatamente sua mãe, Isabella Rossellini, que nega ter tido dois filhos e o
aconselha continuar com sua brilhante carreira universitária e parar de sonhar
em ser um ator de terceira categoria. Isso dispara um alarme nos espectadores
assim como transforma minimamente o semblante do herói. As situações que já
eram bastante suspeitas, agora muito alteradas com a música de suspense,
atingem o ponto máximo do filme. Vemos a famosa escultura da grande aranha,
exibida em vários museus do mundo, pairando no meio da metrópole. Essas quatro
personagens não conseguem chegar a um consenso, até mesmo porque Helen está
grávida de seis meses e ele suspeita que seu duplo possa ser o pai. Um trato é
feito entre os homens - que o ator
poderia dormir com sua namorada, fazendo-se passar por ele e a partir desse
momento desapareceria. Cenas intensas em sexualidade e carinho são mostradas
até que Helen mencione seu trabalho na universidade, ao mesmo tempo em que
Antony e Mary, em um hotel, voltam para a primeira cena de sexo, explicando o
então sucedido no início do filme, o que os coloca em perigo mortal. O final é
bastante inesperado, pois aflora da fantasia do inconsciente de cada um de nós,
por vezes mais ou menos exacerbada. Belo filme com ótima direção e uma história
com a mão do excêntrico e cultíssimo escritor português, Saramago.
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