FASLE KARGADAN, IRAQUE, TURQUIA, 2012, 88 MIN.
ELENCO:
CANER CINDORUK – SAHEL JOVEM
ARASH LABAF – FILHO
BEREN SAAT – FILHA
MONICA BELLUCCI – MINA
BEHROUZ VOSSOUGHI – SAHEL VELHO
YILMAZ ERDOGAN – AKBAR
O diretor Bahman Ghobadi é um
exilado iraniano e vai ao Iraque e Turquia para filmar uma tensa e
impressionante história de um aprisionamento político. Baseia sua ficção em uma
história real do poeta curdo-iraniano Sadegh Kamangar, que ficou preso por trinta
anos. Com pontos de vista políticos e morais muito importantes, aliados a uma
estética fotográfica primorosa e alusões oníricas não é uma obra linear, mas
cheia de flashbacks. Eles são importantes uma vez que o fato apresentado é
sempre consumado e as lembranças nos levam àqueles acontecimentos. Além da
espetacular atuação de Behrouz Vossoughi, a presença de Monica Bellucci, que
além de interpretar faz as falas em off, é uma atração a mais. Durante a
revolução Islâmica dos anos 70, que tirou o Xá Reza Pahlevi do poder e prendeu
artistas acusados de irem contra ela, o poeta foi encarcerado por 30 anos junto
com sua mulher e seu sogro, assassinado, por ser coronel do antigo regime. Mina
tem sua pena abrandada para 10 anos, mas teria de se divorciar, recusando essa
imposição fica longos anos na cadeia. Um dos principais fatores para a sina de
Mina era seu antigo chofer, Akbar, apaixonado por ela, que se torna um alto
funcionário no regime revolucionário. Ele a seguirá e atormentará por quase
toda sua vida. Após 5 anos de prisão sem o casal ter qualquer contato, Akbar
aproveita para colocá-los juntos, nos porões da prisão, uma única vez. Ela é
preparada para ver seu marido somente com uma burca, estando nua por baixo. O
encontro é emocionante uma vez que estão encapuzados e algemados, mas mesmo
assim podem aplacar o desejo e amor. Matreiro, quando o poeta é levado de
volta, dá um jeito de ocupar seu lugar, mas é logo desmascarado por Mina. Nove
meses depois nascem um menino e uma menina, na prisão, e Akbar sonha que eles
poderiam ser fruto de sua ação. Mina deixa a prisão antes do tempo, mas é informada
que o marido fora assassinado. Desesperada aceita a ajuda de seu algoz e parte
para Istambul com os filhos, morando à beira mar. O filme começa com Sahel
sendo libertado da prisão após 30 anos. Não é mais o mesmo, mas ainda mais
observador e com movimentos fortuitos e lentos. Segue a procura da mulher até
Istambul e sua nova prisão será seu carro, de onde observa ao longe a família.
Mina continua linda e sempre anda de moto com um rapaz. Ele quer saber quem é e
os segue, conseguindo conversar com seu filho em um pequeno restaurante.
Acidentalmente dá carona a duas jovens, aparentemente prostitutas e elas passam
a se servir de seus serviços para locomoção. Toda essa trama não é explicita
nem fácil de entender, requer atenção e criatividade. Momentos de total
desespero ocorrem quando ocorre um incesto.
Sim, tem até isso e muito mais. O final pode não agradar a todos, mas é
a única forma de redenção desse homem e o algoz de sua amada mulher.
Curiosidade – o rinoceronte do título é uma belíssima árvore centenária, com
galhos que chegam ao chão, que o poeta crê ser sua inspiração pela forma lúdica
que tem de um rinoceronte. Absolutamente imperdível.
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