DHEEPAN, FRANÇA, 2015, 109 MIN., DRAMA
ELENCO:
JESUTHASAN ANTONYTHASAN – DHEEPAN
KALIEASWAR I
SRINIVASAN – YALINI
CLAUDINE VINASITHAMBY – ILLAYALL
Este é mais um filme espetacular
do diretor Jacques Audiard que fala de temas profundos como seu ótimo Ferrugem
e Osso. Agora o tópico é bem atual, pois trata de um impactante registro dos
refugiados do Sri Lanka para seu país, com críticas à França pela forma como
acolhe seus imigrantes. O drama discorre com grande força a necessidade de
pertencimento e posse de uma família por parte dos personagens, que deixaram
tudo para trás, a maioria da vezes parentes mortos. Começamos vendo uma bela
paisagem de algum país tropical desértico, com areia branca e várias palmeiras
e tamareiras mexendo ao vento e uma enorme cabeça de elefante típico dessas
regiões. Quando a imagem chega mais perto, vemos que se trata de um grupo de
soldados cremando seus amigos e uniformes, pois a guerra civil no Sri Lanka
chegara ao fim e esses guerrilheiros teriam de retomar a vida civil. Um deles,
Dheepan, resolve ir para a França e começar vida nova. Ao mesmo tempo a jovem
de 26 anos Yalini está vagando pelo campo de refugiados, a fim de encontrar uma
criança que pudesse passar por sua filha e seguir para a Inglaterra, onde tinha
uma prima. Na fila de embarque do navio encontram Dheepan, o qual aconselha que
se juntem a ele e formem uma família fictícia, pois seria mais fácil a
imigração. Temos então o clima perfeito, três estranhos que nunca haviam se
encontrado e agora são pai, mãe e filha de nove anos. Durante o desembarque no
porto da França, inventam uma história e são aceitos, com passaportes falsos, e
enviados ao subúrbio decrépito de Le Pré-Saint-Gervais. Aí, Dheepan consegue
emprego como zelador de quatro prédios em um conjunto habitacional. No minúsculo
apartamento a “família” se instala, mas a menina sente mais afinidade pelo
falso pai do que pela fria e amargurada Yalini. Habilidoso e experiente vai
conquistando a confiança das pessoas e deixando a área mais limpa e conservada.
Yalini consegue trabalhar como faxineira no Bloco D, onde ficavam bandidos e
traficantes de drogas. Ela cuidará de um homem com visíveis sinais de problemas
cerebrais causados por uma colisão entre traficantes. A menina, muito
inteligente, vai para a escola e logo passa a ensinar francês para os “pais”.
Esse arranjo agrada os três, pois eram carentes de afeto e aos poucos uma
intimidade vai nascendo entre eles. Ocorre que um dia o chefe de uma facção
rival chega e desestabiliza a área, causando grande violência e troca de tiros.
Durante a mais cruel delas, no Bloco D, enquanto o jovem chefe desabafa a
Yalini que seu pai estava morto, seu tio que ela cuidava, quase morto, e que ele
também seria assassinado, há um intenso tiroteio que elimina os dois bandidos e
deixa Yalini completamente descontrolada. Pedindo ajuda ao parceiro, Dheepan
também entra em estado de choque, revive seus momentos de guerra, incorporando
seu antigo papel, massacrando o que tem pela frente até chegar a ela, quando
precisa ser tirado a força de seu estado quase hipnótico. Com essa narração
final a flor da pele, nos sensibilizamos com a sina desses refugiados, alijados
de tudo e traumatizados pelas guerras em seus países. O filme foi vencedor da
Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano. Imperdível! O ator principal,
além de excelente, é também escritor. As atuações das duas atrizes são
igualmente impressionantes. Imperdível!
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