EL CLUB, CHILE, 2015, 98 MIN., DRAMA
ELENCO:
MARCELO ALONSO – PADRE GARCIA - JESUÍTA
ALFREDO CASTRO – PADRE VIDAL
ALEJANDRO GOIC – PADRE ORTEGA
JAIME VADELL – PADRE SILVA
ALKEJANDRO SIEVEKING – PADRE RAMIREZ
ANTONIA ZEGERS – MADRE MÔNICA
Este tenso, denso e espetacular
filme de Pablo Larraín ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim deste ano e
é indicado para melhor filme estrangeiro ao Oscar de 2016. Opressivo, o longa
passa-se nos confins do Chile, no oceano Pacífico. Um vilarejo com céu sempre
cinza, o mar da mesma cor, destacando-se uma casa amarela simples, onde uma
mulher lava a escada. Um grupo de homens, quatro, está na praia e um deles
treina um galgo. Logo saberemos que lá é o Club do título, uma casa onde quatro
padres maduros e uma freira moram com simplicidade, mas com certo conforto,
tendo sempre uma garrafa de vinho sobre a mesa, chá quente e boa comida. Essas
pessoas, na realidade, estão em estado de penitência por crimes que cometeram
durante o sacerdócio. Entretanto, apesar das regras a serem obedecidas, podem
conversar, ir à corrida de cachorros e um deles treina seu galgo com amor e
dedicação. Juntam certo dinheiro, pois ele quase sempre chega em primeiro
lugar. A freira também é uma entusiasta dessas corridas. As coisas iam muito
bem, até que um rapaz, que sofrera o crime de pedofilia praticado por um deles,
resolve abrir a boca e gritar com frases reais e pesadas todas as barbaridades
que havia sofrido. É simplesmente assustador. Trata-se de um sem teto que quer
dialogar com alguém e purgar seus pecados e sofrimentos. Nenhum deles tem
coragem de sequer olhar pela janela.
Chega um quinto padre que ficaria com eles a contragosto, pois estão
acostumados com sua rotina pacata e prazerosa. O novato vê-se obrigado a
conversar com o rapaz, mas antes que desça a escada, dá um tiro na própria
cabeça. Isso gera muita confusão, com investigações da polícia e a declaração
de uma história inventada. Ao mesmo tempo segue para o Club um jesuíta mais
jovem, psiquiatra conhecido, que lida com casos de pedofilia, homossexualidade
e outros crimes praticados por padres católicos. Essa casa não é a única, mas
as outras por onde passara foram fechadas. Apavorados são interrogados por
padre Garcia, que sabe como tirar os pensamentos e horrores mais profundos das
pessoas. Eles não se entregam, mas o desgaste é evidente e eletrizante. Padre
Garcia recomenda mais verdura e menos frango, a retirada da bebida alcoólica, o
fim das corridas de galgos e muita penitência, pois é para isso que estão lá,
para se arrependerem de seus pecados. A culpa é a carga mais pesada de todas,
contaminando o ambiente e em certo momento até o jovem e austero padre Garcia,
que por amor a sua “profissão” acaba também sucumbindo ao descaramento e ao
crime, dando um jeito de acalmar e punir o jovem abusado. Os atores são magníficos e suas expressões, principalmente da freira e
de Garcia, vão da docilidade angelical ao macabro cinismo e ódio. É um tema bem
atual, principalmente com as atitudes do papa Francisco com relação a esse tema
tabu, eterno na igreja católica. Filme sufocante em andamento de thriller
psicológico, que nos prende sem respiração à poltrona. Excelente! Com certeza o
filme mais opressor que passou até o momento em 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário