quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O CLUBE DE PABLO LARRAÍN




EL CLUB, CHILE, 2015, 98 MIN., DRAMA
ELENCO:
MARCELO ALONSO – PADRE GARCIA - JESUÍTA
ALFREDO CASTRO – PADRE VIDAL
ALEJANDRO GOIC – PADRE ORTEGA
JAIME VADELL – PADRE SILVA
ALKEJANDRO SIEVEKING – PADRE RAMIREZ
ANTONIA ZEGERS – MADRE MÔNICA
Este tenso, denso e espetacular filme de Pablo Larraín ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim deste ano e é indicado para melhor filme estrangeiro ao Oscar de 2016. Opressivo, o longa passa-se nos confins do Chile, no oceano Pacífico. Um vilarejo com céu sempre cinza, o mar da mesma cor, destacando-se uma casa amarela simples, onde uma mulher lava a escada. Um grupo de homens, quatro, está na praia e um deles treina um galgo. Logo saberemos que lá é o Club do título, uma casa onde quatro padres maduros e uma freira moram com simplicidade, mas com certo conforto, tendo sempre uma garrafa de vinho sobre a mesa, chá quente e boa comida. Essas pessoas, na realidade, estão em estado de penitência por crimes que cometeram durante o sacerdócio. Entretanto, apesar das regras a serem obedecidas, podem conversar, ir à corrida de cachorros e um deles treina seu galgo com amor e dedicação. Juntam certo dinheiro, pois ele quase sempre chega em primeiro lugar. A freira também é uma entusiasta dessas corridas. As coisas iam muito bem, até que um rapaz, que sofrera o crime de pedofilia praticado por um deles, resolve abrir a boca e gritar com frases reais e pesadas todas as barbaridades que havia sofrido. É simplesmente assustador. Trata-se de um sem teto que quer dialogar com alguém e purgar seus pecados e sofrimentos. Nenhum deles tem coragem de sequer olhar pela janela.  Chega um quinto padre que ficaria com eles a contragosto, pois estão acostumados com sua rotina pacata e prazerosa. O novato vê-se obrigado a conversar com o rapaz, mas antes que desça a escada, dá um tiro na própria cabeça. Isso gera muita confusão, com investigações da polícia e a declaração de uma história inventada. Ao mesmo tempo segue para o Club um jesuíta mais jovem, psiquiatra conhecido, que lida com casos de pedofilia, homossexualidade e outros crimes praticados por padres católicos. Essa casa não é a única, mas as outras por onde passara foram fechadas. Apavorados são interrogados por padre Garcia, que sabe como tirar os pensamentos e horrores mais profundos das pessoas. Eles não se entregam, mas o desgaste é evidente e eletrizante. Padre Garcia recomenda mais verdura e menos frango, a retirada da bebida alcoólica, o fim das corridas de galgos e muita penitência, pois é para isso que estão lá, para se arrependerem de seus pecados. A culpa é a carga mais pesada de todas, contaminando o ambiente e em certo momento até o jovem e austero padre Garcia, que por amor a sua “profissão” acaba também sucumbindo ao descaramento e ao crime, dando um jeito de acalmar e punir o jovem abusado. Os atores são magníficos e suas expressões, principalmente da freira e de Garcia, vão da docilidade angelical ao macabro cinismo e ódio. É um tema bem atual, principalmente com as atitudes do papa Francisco com relação a esse tema tabu, eterno na igreja católica. Filme sufocante em andamento de thriller psicológico, que nos prende sem respiração à poltrona. Excelente! Com certeza o filme mais opressor que passou até o momento em 2015.

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