segunda-feira, 12 de setembro de 2016

AQUARIUS DE KLEBER MENDONÇA FILHO





BRASIL, FRANÇA, 2016, 112 MIN., DRAMA.
ELENCO:
SONIA BRAGA – CLARA
HUMBERTO CARRÃO - DIEGO

Sonia Braga tem um papel impecável e elegante nesse filme, pena que a elegância não tenha se repetido, em maio, no tapete vermelho do Festival de Cannes, quando o elenco empunhava uma plaqueta com os dizeres GOLPE, que fez tanto mal para nossa nação já fragilizada. O diretor pernambucano escolheu ótimo diretor para a trilha sonora dos anos 80, com figurino e imagens bem próximos da realidade na Praia da Boa Viagem, em Pernambuco, onde mora a personagem principal e sua família. O filme começa nos anos 80, durante uma festa de aniversário de sua tia querida, mulher feminista e durona, bela aos 70 anos e de cabelos longos e brancos. Clara nessa época havia extirpado um seio pelo câncer e é tão corajosa quanto à tia. O filme volta para os tempos atuais. Vemos a sobrinha morando no mesmo prédio, Aquarius, simples de dois andares, totalmente vazio, a não ser por ela que se recusa a vendê-lo, por mais dinheiro que lhe ofereçam. Conservadora ao máximo, lá criou os filhos, enviuvou e não arreda o pé. Com o passar do tempo, o representante da construtora (não idônea) desisti de procurá-la e fala com os filhos. Sua filha, recém-divorciada, gostaria que ela vendesse, pois se encontra em dificuldades financeiras. Clara oferece dinheiro para ajudá-la, mas ela recusa. A teimosia e o conservadorismo é um traço de caráter da família. Com o mesmo cabelo longo da tia, o de Clara é colorido de preto, mais comprido e muito bem manejado durante as performances. A construtora cede os apartamentos vazios para cultos evangélicos e bacanais com sexo grupal. Clara aguenta firme e até manda pintar a fachada do prédio. Um belo dia dois ex-funcionários da firma vão visitá-la, pois gostaram dela pela honestidade e hombridade, avisando que dois apartamentos vazios têm uma carga perigosíssima, que transportaram para lá. Que ela se previna, pois o risco seria grande. Apoiada por uma amiga advogada arrombam a porta e se deparam com uma cena dantesca. Agora não haveria mais condições de nada. Clara, com calma e sempre acompanhada de sua amiga, comparece à firma, carregando uma mala pequena. Ao vê-las, acreditam que tudo estaria acertado, porém Clara deixa bem claro que pegara um câncer quando era jovem e agora em vez de ter outro, preferia dar um de presente para eles. O final é fenomenal, o filme bem dirigido, mas se houve por parte do diretor alguma intenção de criticar o capitalismo, a meu ver, foi o oposto. Expõe os sobrenomes famosos do nordeste e mostra as maracutaias que estão sendo expostas pelo governo anterior. Bom filme com atuação perfeita da heroína. Será distribuído para mais de 50 países e a crítica internacional está sendo bem favorável.

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