BRASIL, FRANÇA, 2016, 112 MIN., DRAMA.
ELENCO:
SONIA BRAGA – CLARA
HUMBERTO CARRÃO - DIEGO
Sonia Braga tem um papel
impecável e elegante nesse filme, pena que a elegância não tenha se repetido,
em maio, no tapete vermelho do Festival de Cannes, quando o elenco empunhava
uma plaqueta com os dizeres GOLPE, que fez tanto mal para nossa nação já
fragilizada. O diretor pernambucano escolheu ótimo diretor para a trilha sonora
dos anos 80, com figurino e imagens bem próximos da realidade na Praia da Boa
Viagem, em Pernambuco, onde mora a personagem principal e sua família. O filme
começa nos anos 80, durante uma festa de aniversário de sua tia querida, mulher
feminista e durona, bela aos 70 anos e de cabelos longos e brancos. Clara nessa
época havia extirpado um seio pelo câncer e é tão corajosa quanto à tia. O filme
volta para os tempos atuais. Vemos a sobrinha morando no mesmo prédio, Aquarius,
simples de dois andares, totalmente vazio, a não ser por ela que se recusa a
vendê-lo, por mais dinheiro que lhe ofereçam. Conservadora ao máximo, lá criou
os filhos, enviuvou e não arreda o pé. Com o passar do tempo, o representante
da construtora (não idônea) desisti de procurá-la e fala com os filhos. Sua
filha, recém-divorciada, gostaria que ela vendesse, pois se encontra em
dificuldades financeiras. Clara oferece dinheiro para ajudá-la, mas ela recusa.
A teimosia e o conservadorismo é um traço de caráter da família. Com o mesmo
cabelo longo da tia, o de Clara é colorido de preto, mais comprido e muito bem
manejado durante as performances. A construtora cede os apartamentos vazios
para cultos evangélicos e bacanais com sexo grupal. Clara aguenta firme e até
manda pintar a fachada do prédio. Um belo dia dois ex-funcionários da firma vão
visitá-la, pois gostaram dela pela honestidade e hombridade, avisando que dois
apartamentos vazios têm uma carga perigosíssima, que transportaram para lá. Que
ela se previna, pois o risco seria grande. Apoiada por uma amiga advogada
arrombam a porta e se deparam com uma cena dantesca. Agora não haveria mais
condições de nada. Clara, com calma e sempre acompanhada de sua amiga,
comparece à firma, carregando uma mala pequena. Ao vê-las, acreditam que tudo
estaria acertado, porém Clara deixa bem claro que pegara um câncer quando era
jovem e agora em vez de ter outro, preferia dar um de presente para eles. O
final é fenomenal, o filme bem dirigido, mas se houve por parte do diretor
alguma intenção de criticar o capitalismo, a meu ver, foi o oposto. Expõe os
sobrenomes famosos do nordeste e mostra as maracutaias que estão sendo expostas
pelo governo anterior. Bom filme com atuação perfeita da heroína. Será
distribuído para mais de 50 países e a crítica internacional está sendo bem
favorável.
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